terça-feira, junho 05, 2007

Defesa da Poesia - Final

Todas as calúnias contra a lírica,
Contra a métrica e a ira
Formaram o rosto doce de menina,
Rosto macabro da anestesia.

Dorme André,
Ronca, seu mané,
Deixe seu corpo aglutinar
Com o asfalto, com o descalço
Mendigo, perdido.

Dorme, adormece, desencane,
Sua poesia vai agora para o lance
Perdido da metrópole, engole,
Cospe seu protesto, enche
Seu derrame.

André podia ser José,
Podia ser seu pé
Pra essa trilha,
Essa sina, garota.

André podia ser seu amado
Paterno, seu vínculo materno,
Seu amor eterno.

Decerto, poesia é seu encanto
Perpétuo, seu inimigo
Didático, vingativo.

Um comentário:

Guilan disse...

seu mané =/= luxo