terça-feira, fevereiro 27, 2007

Iniciando

Sou o último a postar no blog, mesmo tendo meu convite confirmado a algum tempo. Estou em período improdutivo, como todo começo de ano é. Começarei com uma autobiográfica deste ano, que título não carrega. Dou meus votos que participarei com frequência e com coisas mais interessantes.

Deixei de ser quem era
Esqueci antigos paradigmas
Agi diferente.
Da reação esperada.

Consegui a iluminação
Aquela simples e destoante
Que vem sem aviso prévio
Mudando a mente velha
Acostumada e estática.

Hoje minhas procuras são diferentes
Não almejo aquilo que desejei
Anseio o que rejeitei
Sou mais Carlos
E menos Antonechen.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Exegeses

Andei até encontrar

(eu não sabia o que era, mas conheci minutos depois)

Um dicionário ambulante pra conversar

(no nosso mundo real, dicionários ambulantes não existem, mas considerem alguém fantasiado, ou um dicionário de verdade encarapitado em cima de um carrinho de rolimã, ou sobre patins - movimentando-se de alguma forma - ou simplesmente possa ser uma expressão que o autor encontrou para expressar uma escolha vã)

Sobre Deus, filosofia, paz, escargots, abridores de latas e liquidificadores

(atos de alguém desesperado por diálogos)

Assuntos que eram discutidos minuciosamente

(pormenorizadamente, afinal, estamos tratando de dicionários)

Deus.

(O aquele, triângulo, universal, paradoxal e espectral e ainda mais etéreo)

cansamos de deus - filosofamos

(ou fingimos que filosofamos, porque aniquilamos o ato pensar)

A Paz

(eu vi uma pomba branca ser atropelada por uma ambulância num pátio de hospital)

Escargots

(chiques, nuas e cruas, lesmas antagonistas que invadiram um espaço considerado de bom valor para discussões)

Enfim, peguei uma lata de sardinha e fiz um rolmops.

(com vitamina de abacate)

Poemínimos

I

pinto
com
tanta
tinta
tanto
tempo
rodo
tonto

II

com
amor
amei
anoitece
ria
o meu dia.

sábado, fevereiro 24, 2007

Crônica #1

Já eram vinte e três horas, e nenhum deles havia chegado no lugar que marcamos. Foram pegos. Com o coração batendo num ritmo anormal, peguei minha bolsa e saí do recinto, olhando de forma quase paranóica para os lados. Um ônibus vinha na rua, e quase imediatamente fiz sinal. Entrei.

Tentando desviar meu pensamento das torturas que certamente já estariam sendo aplicadas nos meus companheiros, olhei para trás. Havia um homem ali, com roupas tipicamente vestidas por mafiosos e me olhando como se me avaliasse. Tendo certeza de que sua intenção não era dirigir-se a mim como um partido em potencial, levantei-me e desci no primeiro ponto possível.

Como suspeitava, o sombrio homem desceu também. Eu não sabia onde eu me encontrava, e seria inútil tentar achar conhecidos por ali. Apressei o passo e puxei minha pistola; a última coisa que queria era usá-la, mas o homem estava pedindo isso.

Ele era mais rápido do que eu, com certeza vou "cair" dessa vez. Como Domenic e Estela. Como todos os homens que admiro. O sujeito me alcançou. Era o fim. Pegou meu ombro. Tentei atirar. Não podia. Não sou assasina. Calmamente, ele disse:
-Moça, deixou seu relógio cair.

--------x---------

Colocado com linhas separando os parágrafos porque eu não lembro como coloca (/incompetente). Ficou bem menor que o original, no papel. E sim, tá simples.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Pormenoremas

Um poema
leve dilema
pra descrever
o que sonhar

quais letras cerzir
entremeando temas...
assuntos...
o torpor...

cada página
quando torço
verte rios de sangue
e lágrimas
que secam ao sol

desejo...
tudo rápido
descompassado -
em tempo
emprestei um compasso.
perdi um metrônomo.

sem tempo para patíbulos
na escolha entre cáftens
vejo pormenores
contidos em detalhes
nos cartazes
de adolescentes
nuas
despidas na calçadas
as exibidas.

álgido hálito que perpassa
inebriantes cartilagens e tendões
do meu dilema
encarcerado sabe aonde?

não neste poema, mas sim

na minha pena.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Pensamento do Escritor Medíocre

Nada,
Não disserto nem sobre
Fracasso
Ou Descaso,
Não discuto, sou pobre,
De palavra abalada.

Nada que vejo é maduro
E toda a circunstância
Se torna peso duro,
É a falta de constância.

Nenhuma inspiração, nenhum desejo,
Nenhuma inquietação, nenhum despejo,
Toda a libertação, todo o desespero,
Pilha dos papéis, do fracasso.

Montanhas e montanhas de palavras,
Abismos e abismos de culpas,
Mas um aprendizado,
Um laço delicado.

Minha loucura está somente,
Tão decididamente,
Dormente.

A frustração e o incomodo
São seu duradouro
Ronco.