domingo, setembro 30, 2007

Universo

A poesia que define meu jeito de pensar.

Uma explosão luminosa
Que gera astros e a imensidão
Do vazio que alivia,
É a energia concentrada num grão
Que gira a vida.

Os buracos do nada
São a vontade entristecida
Do obscurecer.

Mesmo assim, esse espaço é um vasto de luzes,
São encontros de brilhos, das lentes
Que adquirem foco,
Das luas que ganham o brilho
Ao refletir seu raio.

Seus planetas, são corpos
Que carregam o desejo dos pólos
Magnéticos, estar unindo,
E que repele por ser um meio
Diverso.

A atração de todos juntos,
Que impede a completa junção,
Consiste na gravitação
De várias idéias em comunhão,
Esclarecidas pela luz da estrela, unidos.

Uma explosão luminosa
Foi o que vi dentro de seus olhos,
Demonstração clara, sem velhos
Jeitos de explicar a complexa
Máquina humana, um universo
Que eu sinto.

Homem Universo,
Diverso limitado.

domingo, setembro 23, 2007

Projeção

Sou um poeta triste;
um homem doente;
débil, mal-amado e carente:
um indeciso frustrado,

de uma frustração soberba
e vã que desperta
a Hidra psicológica.

Liberto minhas personalidades
E misturo-as.

19/08/2007

sábado, setembro 22, 2007

Memória

Gotas da história
Pingam nos seixos da memória
É rio caudaloso que entorta
E reconta estórias tão longas
De um passado distante
Onde Deus adormeceu

De fatos recheada
Saboreia o vinho nesta enseada


Onde foi mesmo que Deus morreu?

quinta-feira, setembro 20, 2007

cena



Uma praça como qualquer outra, dentro de uma cidade qualquer, um banco, uma calçada e uma moita.
E na calçada há um homem, jovem, não mais do que 26 anos.À sua frente duzias de pombas de amontoam. Em sua mão, um embrulho, um saco de pães frescos.
O homem pega o pão, o rasga em pedaços. Atira às pombas, e elas ficam felizes.

(texto antigo)

política



eu nego e renego minha pátria
eu nego a terra onde nasci
eu renego ao meu rei
e não, não é só isso, eu renego à tua pátria
e à de teu irmão
renego também à pátria daquele homem, que você nunca conheceu e que nunca o fará
eu renego o poder
renego o dinheiro
renego à lei
sobretudo eu renego o estado
isso porque eu acredito
eu acredito em ti, e em teu irmão
eu acredito no palhaço qe faz as crinças rirem
eu acredito no homem que dá seu suor e seu sangue para que seu filho seja mais feliz e acredite nas pessoas
eu que acredito no homem que planta a terra
eu acredito no homem que faz o teatro, seja onde for, e alegra o povo
em suma, eu acredito no homem


(texto antigo)

joão



tu que foste meu irmão, de nascença, de sangue, e de alma
tu que foste um homem honesto, integro e reto
tu que nunca pecaste, mentisse ou sonegasse, ou censurasse à ninguém
tu que tinhas um bom coração
tão puro quanto o de jesus, mas não tão brilhante
tu que foste meu melhor amigo
que estivessete comigo na saúde e na doença
tu que me apresentaste à minha esposa, e o meu filho ao mundo
tu que viveste em graça
tu que és um merda
tu que viveste de olhos fechados
tu que nada fizeste
tu que nada mudasse
tu que à tudo aceitaste
estás morto
e eu apenas digo
ainda bem

(continuando a linha de textos antigos)

domingo, setembro 02, 2007

Homenagem ao ato consumado

Ao fazer nada no ato de fazer nada
Centenas de espécies diferentes de insetos
Zumbem em açodamento no canal auricular
Farei mais nada enquanto tudo me espera

Nego até a morte, que por acaso me alegra
Que me engana sob vieses infectos
Este pedaço de graça irá pagar o que me deve
Disfarçado de olhar vago ao contemplar o não-feito

Olhos recolhem-se até o céu da boca
E portanto poderei cuspir-lhe o que vi
Mirando através das órbitas vazias recobertas
Enxertos de pele com tatuagens orgíacas

Quando o último estalar de meu pescoço
Perfurou o último silêncio gozado pelos tímpanos
Como címbalos atroantes provocando loucuras
Sentimentos cadavéricos perpassando nadas

Ardilosa fui ao enjaular-me nestes destroços
Digerindo vorazmente estas vozes, em letargia
Metaforizando frases de inestimável revelia
Quadrada através das barras estes olhos me fitam
Me desenformem deste estojo com coriza

Eu despenco desta pequena escuridão inserida
No conhecido mundo de possibilidades nulas
Perenemente amada doravante esquecida
Exibindo doze retalhos com requintes porfíricos

Isto é fantástico, ver o edema plástico
Da pessoa que julga tudo sem conhecer a nada
E quantas perguntas ao nada uma tolice crítica
Quando recebe respostas que contradizem sua lúcida

Eu me pergunto, como que estes olhares
Insistentes através desta gaiola
Me deixam excitada dez vezes eufórica
E na penumbra deixei-te escrever teu nome em meu cálice