domingo, junho 20, 2010

Minha Paris

Post original do AB Strato.

Talvez ela não tenha tanto ar blasè,
Talvez não tenha sotaque, não tenha história e nem cause
Baque nas outras culturas, minha Paris
Tem um Sena de ouro, os louros
De César, os mouros,
Os negros e rotos.

Minha Paris é um mundo de portas fechadas,
Porque as liberdades, eu sei, são só fachada,
Minha Paris não é Olimpo
E, se existe alguém limpo,
Vive dentro de mim,
Apertando meu sinto.

A Escola

Mora dentro de todos nós. Não sei se todo mundo que me conhece saca disso, mas é por isso que eu gosto tanto de aula, de discussão e de aprender. Não se trata de acreditar cegamente em instituições que claramente te manipulam em muitos aspectos, mas de acreditar que alguns professores podem ser seus amigos e que o seu cérebro é seu templo de crescimento.

Se você abandona as convenções escolares e as normas de teus pais, pelo menos aprenda por si, torne seu tempo produtivo, nos ócios e nos ofícios. Isso traz sofrimento, mas também desenvolvimento e o tempo em si. Sem escola, não há hora, nenhuma delas.

A cabeça

É pequena pra tanto conhecimento,
Pra tanta prática e tanto intento,
Pra tanta regra e consentimento,
Pra tanta demanda e tantos elementos.

Mas é gigante para o fascínio,
Para o martírio, para o que eu resisto.

sexta-feira, junho 18, 2010

O antigo e moderno escritor faleceu


Post original do Bola da Foca.

Mensagem do site JoséSaramago.org.

"Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12.30 horas na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença.

O escritor morreu estando acompanhado pela sua família,
despedindo-se de uma forma serena e tranquila.

Fundação José Saramago. 18 de Junho de 2010."

Ele escrevia somente com vírgulas e pontos finais. Ele era ateu e, mesmo assim, era atrevido o suficiente para escrever sobre religião. Ele defendia o uso do idioma português como a maioria dos escritores brasileiros, portugueses e todos que conhecem esse código de linguagem único. Defendendo esse código, ele faturou o prêmio Nobel de Literatura de 1998. Algumas de suas obras são Ensaio Sobre a Cegueira, Intermitências da Morte, Evangelho Segundo Jesus Cristo, Todos os Nomes e Caim.

O português José Saramago nasceu em 1922, viu a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, conheceu os jornais portugueses ao longo da carreira e traduziu experiências humanas em situações extremas em suas ficções. O escritor era tão situado em seu tempo que criou, inclusive, um blog, chamado O Caderno. Não parou no tempo e traduziu suas ideias para um site, não ficando preso no papel.

Era um intelectual antigo, de 87 anos, no mundo moderno. No último post dele em seu blog, reclamou da falta de filosofia do mundo, na falta de pensamentos profundos das pessoas. Sua afirmação era verdade pelas reações à sua morte no twitter hoje, oscilando entre brincadeiras impróprias e reações realmente emocionadas.

quarta-feira, junho 09, 2010

Botão ligado emperrado

Me torno um humano emburrecido,
Uma nervura ensadecida,
Olheiras dispostas, carne composta
Pelo passar das horas, ornada
Pela atividade sem cessar.

terça-feira, junho 08, 2010

Preenchimentos diferentes

Sozinho, indeciso, indeterminado, desiludido,
Não existe príncipes em castelos encantados,
Nem homens perfeitos, arrumados.

Sobram os preenchimentos para este vazio
Que me cerca, que me parece perfeito
Para um novo companheiro,
Ou uma noite de loucura, fora da amargura
Desse conjunto vazio.

Mas noto que há presenças,
Há amizades, há diferenças
Entre o que a realidade me mostra
E as minhas carências.

Há carências em todos os lugares
E satisfações em medidas distintas,
Há sensações em rostos únicos
Misturados com momentos mudos
De puro preenchimento.

E ir no cinema com a namorada, ou namorado,
Limita o número de filmes possíveis,
E, entre beijos, às vezes preciso olhar para os lados,
Não trocar saliva, procurar um sentimento infantil,
Um cantil de água para tomar fôlego
E conviver com preenchimentos únicos,
Diferentes.

Para Mariana Bruno