sábado, fevereiro 20, 2010

Hipnodança

Dance, dance, hipnodança
A vírgula de olhos hipnotireóidicos
O palhaço estreou na dança
Atravessada em sua garganta, uma lança

Minhas mãos, hipercalejadas
E meus olhos, hiperdilatados
Da êxtase o vinho dos deuses
Eu ponho a venda os olhos

É um maligno affair, orgia orquestrada
Já não preciso mais sentir
Só sei é curtir

Dance a dança

Hipnodança
Hipnofálica
Hipnodrástica
Hipnomágica

Originalmente havia um sentido

Aqui deixo meu veredicto
Sobre aquele místico que já se foi
Naquele dia que já não existe
Com suas lembranças já apagadas

Se algum dia hei de abandonar em desalento
Não posso julgar tanto quanto demonstro
Acho que às vezes esconde-se em mim
Um monstro

A propósito final
A agulha fatal
Me concede um ponto doce
Ignore-me ou desmorone-se

Aceitável Modificação

A vida passa e os carros passam
Passo mal até o fim do mês
Aceito passe e passe bem
Passe a bola ou passe a vez

(Sereno vivo e não muito longe
Da fortaleza onde já fui rei)

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Estantes

Somos como dois livros, sabe?
Nos damos bem quando possuímos intertextos,
Trocamos citações, conceitos, argumentações,
Parecemos pinturas com tintas misturadas,
Parecemos links de internet, texto com contexto.

Mas temo
Quando estamos em estantes opostas,
Separados por outros escritos, entrepostos
De confusões temáticas, de línguas estáticas,
Pouco congruentes, sem a continuidade da letra,
Do amor entre e com palavras.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Vida a dois

Não é uma reunião atroz,
É uma conjunção, uma assembléia a sós,
Com corpos misturados, rastros de sentidos,
Comunicação empírica, reino dos duplos sozinhos.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Uma poesia por segundo

Se perde no trânsito do cotidiano urbano.

Se retrái no concreto desumano.

Ressoa pelos ventos interioranos.

Dissipa na brisa da praia.

Se perde no fôlego da minha fala.

Grupo, sopa do mundo, colher

Estava imerso em um caldo de galinha,
Misturado aos meus amigos poetas, no molho
Do processo criativo, agora estou no ocioso
Período artístico, escrevendo
Sozinho.

Batman

Trauma de pais, trauma dos males,
Morcego ridículo, noite sem ritmo,
Voz rouca, filmes no lodo, na chuva,
No mofo, na caverna, na taberna
Sem cerveja ou poderes,
Sem muitos dizeres.

Batendo em palhaço maluco,
Correndo da polícia, em surto,
Eis o amor cego noturno,
O morcego.

Poesia não é sentimento

É momento latente, presente
Ou um passado recente interpretado,
Misturado.

Perdi o texto

Perdi
a
cifra
da
frase
e
poesia
na
síntese.

Perdi a tese sim, porque a cifra da viola
Não se encontra na frase adequada.

Incompletei a música. Sentença e contexto. Meu texto.

Super-Homem

Alien adotado como protetor nacional,
Estrangeiro sem passado e nem futuro
Com um comportamento presente estranho:
Vale (a pena) salvar um gato no telhado,
Enquanto ele pode ver todos nus pelos olhos
Vermelhos e censores, protetores?

Estranho no ninho, podia pulverizar o franzino
Homem, diante do seu poderio.

Homem-Aranha

Grudado no telhado, grudado nos livros,
Grudado na vizinha desejada, grudado nos quadrinhos,
Desgrudado do pudor ao ridículo, herói inseto mísero,
Pula através de cordas até o céu maldito
Do dia risível em que um lunático vai trocar
O estável pelo duvidoso.

Homem que toca ladrilhos, magro de repuxar pele até as costelas,
Seus sentidos são uma lanterna diante do perigo.

Quadrinhos

Por que narrar?
Se posso esticar balões, quadrados, losangos, formas geométricas,
Rascunhar uma silhueta, rabiscar uma barba, dar uma noção em etapas
Ilustrativas para o que pretendo mencionar, registrar?

Micropoesia

É coisa de poeta pouco desenvolvido,
Ou de gente pouco louca,
É pedaço mal-acabado do cotidiano,
Ou universo selado num imenso nada,
Definitivamente é indefinição de poeta
Porco na atitude, porco.

Interrompa o jornalismo

Pare as rotativas, os sites de fofocas, as pautas escabrosas,
Abram as janelas das redações e cultuem
A não-expressividade, a falta de fato, o tato sem objeto.

Paixão por baquetas

Ritmo perneta, ou com dois pés num pedal duplo,
Dos surdos aos bumbos, quebrando pratos,
Tenho uma percussão com ritmo, mesmo
Aos socos, nos descompassos.

domingo, fevereiro 07, 2010

Funkeiro

Músico do ritmo, da guitarra sem muito estrindente,
Do gingado do baixo, da bateria em ritmo alternado,
Podendo flertar com o soul, sendo sempre música preta
Na história vermelha dos pretos.

Falta de arte

Disparate ao verdadeiro sentido da vida,
Aparato de auto-destruição, vendeiro sem produto,
Campeiro sem arbusto.