quinta-feira, janeiro 23, 2014

Ser, estar

Eu fui
E nunca mais serei
Até que a noite
Desapareça
E o dia
Transforme-se em umbra.

E só então
Que lembrar-me-ei
Do dia em que fui.
Serei.

Estive
Salgando a própria ferida
Trajando a vaidade
E empunhando o medo em riste
Vertendo
Lágrimas vazias e sem vida
Amigos
Que secaram suas vidas ao vento
O que vestem não é mais meu alento

Meu túmulo
Foi decorado com luxo
Ostenta
Mais de cem metros de orgulho




Mar de Brumas

Estou aqui
Preso
Nessa imensidão de brumas
Fico feliz ao lembrar
Da cor azul do mar
Mesmo quando toda cor é cinza
Cinza das brumas
Névoa das mentes
Que mentem
E matam


terça-feira, novembro 12, 2013

A Mídia Mente

A Mídia mente. O poder público e o privado mentem. Você mente em sua vida privada. A celebridade mente. O assessor de imprensa mente. Os empresários mentem. Os poderosos mentem. Os pobres também. Todo mundo mente. Eu tento contar a verdade. Acho que as pessoas querem mais transparência. A Mídia mente. Você (também) é a Mídia, que tanto mente. Mente pode ser como cérebro, mas também é mentira. Mente quem sente, aqueles que pensam.

quarta-feira, outubro 23, 2013

Aos meus filhos

Que vivam,
Que vivam bem,
Que vivam com dificuldades,
Que se machuquem,
Que saibam do perigo, do erro, do acerto,
Que se superem,
Que convivam,
Que olhem o amor e abracem,
E que olhem o amor que deve partir.

sexta-feira, setembro 20, 2013

Ghost Writer

Escritor fantasma,
Essência do autor,
Douto senhor,
Jovem não
Reconhecido
Na multidão.

Escritor fantasma,
Espírito maldito,
Alma querida
Do livro
Em branco.

terça-feira, setembro 10, 2013

Poesia é tudo

E não é nada. É rara. É rasa.

segunda-feira, setembro 09, 2013

nos tomaram as palavras

nos tomaram a liberdade, e a fizeram liberdade de mercado e posse.
nos tomaram a igualdade, e a fizeram igualdade para quem pode.
nos tomaram a fraternidade, e a fizeram clube de cavalheiros.
nos tomaram a paz, e a fizeram paz armada,
pax romana, pax brittannica e pax americana.
nos tomaram a justiça, e a fizeram sentença contra os pobres.
nos tomaram a ética, e a fizeram burra.

a direta toma as palavras da humanidade e a faz muda.



(alguém me ajuda a melhorar esse texto ?)

e quem nunca ?

quem nunca viu um direitista e sentiu nojo ?
quem nunca desejou que eles se calassem ?
quem nunca quis educá-los ?
quem nunca quis impedi-los ?
quem nunca quis expulsá-los ?
quem nunca quis destituí-los ?
quem nunca quis matá-los ?
quem nucna quis exterminá-los ?
quem nunca quis que eles sentissem medo de pensar assim ?
pois é, a direita espreita nos recantos mais escuros do coração humano.

sábado, julho 27, 2013

Brancasnuvens


Ele sorriu, finalmente havia encontrado seu propósito.
Perfeito.
Estava tudo perfeito, não havia qualquer engano.
Bom, perfeito talvez não fosse a palavra exata.
Estava tudo certo, isso, tudo certo.
Exceto talvez.
Talvez pelo maldito cheiro de merda que se espalhava.
Mas não havia outro jeito.
A barriga era o único lugar para cortar, o único ponto vital acessível.
Pena q eu ela era tão sensível.
A tempestade havia passado, finalmente.
Brancasnuvens.
Por um momento pensou que, caso um dia tivesse uma filha, ela se chamaria Brancarnuvens.
Mas que nome idiota.
Tentou levantar-se, o corpo doía, as penas pareciam gelatina, e um sorriso tomava-lhe o rosto.
Limpou os cacos de vidro de seu paletó, mas manchas de sangue não sairíam tão facilmente.
Precisava partir, era hora de desaparecer na noite, e nunca mais ser visto.
26 anos e havia esperança, muita esperança.
O mundo poderia, talvez, se tornar um lugar melhor afinal.
Brancasnuvens.
Não, isso não soa bem.
Partiu, então.
Não havia tempo à perder.
Tudo estava perfeito.

quinta-feira, julho 25, 2013

Dia do Escritor foi criado

Dia do Escritor foi criado
Por conta do dia do I Festival do Escritor Brasileiro,
Obra de dois escribas, João Peregrino Júnior e o baiano Jorge Amado,
Realizado na data de 25 de julho de 1960, com a idade, portanto,
De 53 anos, de cinquenta e uns tantos de anos,
Cinco décadas e pouco.

Dia do Escritor só pode
Ser descrito, rascunhado, anotado,
Como uma data para saudar os bons versos,
Como uma comemoração oca para desfrutar
A sensação de primeira leitura,
Sempre perdida.

fonte

sexta-feira, maio 10, 2013

compilação


No meio do caminho tinha um filho da puta
tinha um filho da puta no meio do caminho
tinha um filho da puta
no meio do caminho tinha um filho da puta.
Do pó vieste e ao pó retornarás
Nunca mais, Nunca mais

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Máscaras

As pessoas usam máscaras
E não se sentem desconfortáveis
Ao esconder seus rostos

Existem
Máscaras para dor
Máscaras para o amor
Máscaras de raiva e inveja
Máscaras que te dão fome
Máscaras que te lembram gratidão
Máscaras que te dão paz e também feijão
Máscaras que escondem algo, mas que sempre deixam traços
Inúmeras máscaras de condescendências - disfarçadas como sabedoria
E máscaras de arrogância - que as pessoas acham que é de conhecimento
Máscaras para o vazio e máscaras para a plenitude
E também até aquela máscara daquele sentimento há muito esquecido, mas que você não lembra

Nós, os vendedores de máscaras
Não temos dúvida do que vendemos
Uma máscara para a necessidade e outra para o sorriso
É tudo o que precisamos
Vendemos também coloridas maletas
Para guardar suas máscaras dentro, o que mais esperava?

Qual é a máscara que você está usando hoje?
Quais máscaras passará adiante?
Suas máscaras estão muito velhas e gastas para o uso?
Venha nos ver
Temos as melhores e as piores
Não é seguro sair sem uma
E não vendemos máscara de desculpas.



sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Gullarianas III

Não tenho idade,
Sou filósofo
Que não pensa,
Ajo jovem e constante,
Reflito ranzinza, como múmia,
É faço ambas as práticas
Com luxúria.

Prisioneiro

Prisioneiro,
Servo do desejo,
Capsula de pólvora
Vazia, gasta, fedida.

Fevereiro

É o segundo mês,
Uma continuação
De uma insensatez
Que é viver, em ação.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Um momento

Um momento, um lapso, um segundo, frações de milionésimos, um suspiro, respiro, um momento, um monumento só por um momento.

Companheira de viagem

É aquela que você não cansa de ver, de tatear, de farejar, de se surpreender, de lembrar, de elaborar, de construir na memória, de desnudar na prática.

terça-feira, dezembro 11, 2012

Redigindo

Escrever. Editar. Revisar. Revisar de novo. Errar. Editar tudo de novo. Revisar. Revisar. Errar. Se acertar, revise de novo.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

A minha Europa

O velho continente é meu velho amigo,
Minha amante madura, minha namorada convicta,
Essa Europa que visualizo se desenvolve em curvas, em estruturas,
Em corpos de prédios que respiram cultura,
O velho continente é minha mente oculta, dura de conhecimento.

O velho novo, a velha reclamona
Que se mistura em seus traços,
Nos dialetos
Perdidos.

Conheço, e vou conhecendo, seus entornos,
Seus contornos, suas nuances, seu ar provocante
Sem idade, nem identidade, de elementos mesclados,
Mascavos, doces como mel.

Meu velho é novo,
Meu amor por você é próximo, óxido
Intenso,
Meu novo é envelhecido
Pelo encontro de peles, por nossos pés
Insistentes no lençol.

A minha Europa tem diversidade de países
Expressa nas várias línguas que encontro
Em teus lábios.

A minha Europa tem odores
Que saboreio em meus olhares,
Confundindo meus próprios sentidos
E dando rumo aos impulsos,
Contidos.

A minha Europa é a liberdade
Dos beijos viciantes, é a América
Dos povos sem nação, dos nômades
Amantes do múltiplo,
Que pode ser encontrado em teu corpo feminino.

A minha Europa são meus beijos,
São meus textos de desejo,
São a poesia das ruas,
O sexo das esculturas,
O romance dos quadros,
Os olhares dentro do quarto.

Minha Europa é uma viagem a dois,
Minha Europa é uma viagem particular
Em minhas culturas, em meu passado,
Em meu passado, em meu tempo
Perdido, em meu ganho poético,
Em minha estética construída.

O meu amor na minha Europa
É um passeio por uma viela
Que revela uma catedral no fim da via.

A minha Europa é contemplação,
É o contato friccionado dos corpos,
É o copo da água que contém minha alma,
É a ação, o sorriso, o contato, a companhia.

A minha Europa tem olhos claros
Que abarcam o mundo,
A minha Europa tem olhos de muitas cores
E vive no corpo de uma mulher que eu amo,
Meu reino profano.

A minha Europa é uma viagem,
É o extremo frio e o calor contagiante,
É a ausência de drogas e o ácido dilacerante,
É a mistura e nada tem de antigo.

Minha Europa é nova,
Mesmo em traços antigos,
Minha Europa transita nos tempos
E por isso tem nome e imagem:
Viagem.

Dedicado a Andréa Corrêa Lagareiro

sexta-feira, outubro 19, 2012

Valdirene

Some Valdirene
Tenho contas a pagar
Negócios a acertar
Não tenho mais nada para falar
Larga do meu pé
Deixa de ser chulé
Veja se fui parar na esquina
Ou lá na Joaquina
Porque com essa ladainha
É que não vou continuar.