Era estranho. Desde a idade mais remota que me recordo, esse nome sempre foi esquisito. Mamãe sempre dizia que ela era chamada assim na escola, porque era do pai dela. Papai ria do fato dela ter essa palavrinha peculiar e isso foi mesa de discussões entre muitos amigos.
“Como assim italiano?” perguntavam algumas pessoas, com um ar de indignação moderado. E é sim. Italiano de Segunda Guerra Mundial, apenas um parentesco acima de minha mãe, na ordem cronológica. Não é uma descendência muito “alongada”, se é que me entendem, tipo coisa de bisneto. Mas o fato é que o nome marcou a minha vida toda. Causa risadas e algumas confusões. Acho que algumas pessoas o acham ridículo.
O fato é: determinado ano, uma senhorinha um tanto reprimida, coisa freudiana mesmo, resolveu me chamar o tempo inteiro por essa palavra. E ela não era qualquer senhorazinha, pois ela dava aulas tediosas que eu era obrigado a suportar durante um ano. Para mim, na sala de aula sempre se absorve alguma coisa, mas, ao ouvir aquele ser vociferar como se o nome fosse algo bizarro, eu realmente ficava um tanto quanto incomodado, e rancoroso, talvez.
Mas, como é coisa pra vida toda, que eu não pretendia mudar em cartório, fiquei de bico fechado. Talvez tenha dito pra ela uma ou duas vezes o que havia de errado com a bendita palavra. Mas ficou por isso.
A mulher falou tanto naquela palavra, mas tanto, que eu acabei até gostando dela.
Virou meu diferencial, meu nome único, superior.
No entanto, ainda causa risos. Sempre causará. Meu chefe não sabe falar essa palavra, e não parece querer saber. Meu irmão reduz a palavra pra virar apelido. Minha namorada dificilmente pronuncia.
Ao contrário da maioria das palavras italianas, esse sobrenome não é nada famoso.
Pedro Zambarda de Araújo
22/12/2008
“Como assim italiano?” perguntavam algumas pessoas, com um ar de indignação moderado. E é sim. Italiano de Segunda Guerra Mundial, apenas um parentesco acima de minha mãe, na ordem cronológica. Não é uma descendência muito “alongada”, se é que me entendem, tipo coisa de bisneto. Mas o fato é que o nome marcou a minha vida toda. Causa risadas e algumas confusões. Acho que algumas pessoas o acham ridículo.
O fato é: determinado ano, uma senhorinha um tanto reprimida, coisa freudiana mesmo, resolveu me chamar o tempo inteiro por essa palavra. E ela não era qualquer senhorazinha, pois ela dava aulas tediosas que eu era obrigado a suportar durante um ano. Para mim, na sala de aula sempre se absorve alguma coisa, mas, ao ouvir aquele ser vociferar como se o nome fosse algo bizarro, eu realmente ficava um tanto quanto incomodado, e rancoroso, talvez.
Mas, como é coisa pra vida toda, que eu não pretendia mudar em cartório, fiquei de bico fechado. Talvez tenha dito pra ela uma ou duas vezes o que havia de errado com a bendita palavra. Mas ficou por isso.
A mulher falou tanto naquela palavra, mas tanto, que eu acabei até gostando dela.
Virou meu diferencial, meu nome único, superior.
No entanto, ainda causa risos. Sempre causará. Meu chefe não sabe falar essa palavra, e não parece querer saber. Meu irmão reduz a palavra pra virar apelido. Minha namorada dificilmente pronuncia.
Ao contrário da maioria das palavras italianas, esse sobrenome não é nada famoso.
Pedro Zambarda de Araújo
22/12/2008
5 comentários:
gostei da construção, pedro.
palavras nos significam. e também falham nisso. elas faltam-nos sempre. pelo menos eu sinto dessa forma.
grande abraço.
é uma história real. Crônica.
Olá!
A LivroPronto Editora convida você, autor, para uma conversa sobre a publicação de sua obra.
Escreva para nós!
gabriela@livropronto.com.br
Um grande abraço!
Conheço esta professora?
nem.
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