Marco o texto, decoro a página, cerro os olhos
Ao imaginar a desventura, a ternura
Protagonizada, a cena transporta
Minha mente com meus anseios,
Transborda sentimento.
Percorro as estantes de mofo,
As salas esterilizadas e modernas,
Descanso no registro abandonado,
Anestesio minha sede de invadir
Seu cérebro e colidir suas memórias.
Dedicado ao Ítalo Puccini, que tanto fala sobre leituras.
domingo, agosto 23, 2009
segunda-feira, agosto 10, 2009
o medo que um livro ainda provoca
artigo publicado por mim no jornal "hoje", que circula em jaraguá e região, há três semanas. o título do artigo é o título do post.
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Causou muita estranheza e revolta nos meios literários e educacionais, no mês passado, a retirada de mais de centenas de milhares de exemplares do livro “Aventuras Provisórias”, do escritor catarinense, radicado em Curitiba, Cristovão Tezza, o atual ganhador do maior prêmio de literatura do país, o Jabuti, com o romance “O filho eterno”. Mais estranheza e revolta ainda se deveu ao fato de que o Governo do Estado de Santa Catarina comprou mais de cem mil exemplares do livro citado e, depois de ter gasto um montante para este fim, retirou-os de circulação das escolas catarinenses. Tudo isto devido ao chilique de alguns pais e professores alienados, que argumentaram que o livro continha elementos “perigosos” para os adolescentes: alguns palavrões e referência a uma relação sexual. Como se na vida para além dos livros os adolescentes não estivessem em contato com esses “perigos”. Imagino que estes mesmos pais e professores tenham cortado as novelas televisivas de seus filhos e alunos também. Seria o mais coerente.
A literatura, assim como as outras formas de arte, nada mais é do que a representação da vida, de fatos vividos por todos nós, independentemente de sexo, raça ou credo. Não levar isso em conta é dar topada nos livros, é desaprender com eles ao abri-los. Assim como não existem escritas inocentes, da mesma forma não existem leituras inocentes. “Toda história é uma interpretação de histórias: nenhuma leitura é inocente”, já afirmara o crítico literário Alberto Manguel. Não há como se ler algo sem relacionar a outro algo, ou já lido, ou já ouvido, ou já presenciado. É dessa forma que a leitura, seja ela literária, seja de jornais, revistas, de imagens, ou de qualquer outro meio, enriquece aquele que dela faz uso.
O ato de ler pressupõe uma leitura não somente de textos, de palavras escritas. Não somente de imagens ou de sons. Mas sim uma leitura de nós mesmos e daqueles com quem convivemos. Ler é, também e principalmente, saber ler a si mesmo e ao outro com o qual se estabelece uma relação de viver. E cada leitor constrói uma história própria de suas leituras, assim como cada texto apresenta também sua história própria. É preciso levar isso em conta ao se escolher, por exemplo, um livro para se trabalhar em sala de aula. É preciso saber que a vida não pulsa somente na televisão ou no cinema hollywodiano. Ela está, também, nos livros, e não somente nos de contos de fadas infantis ou nos best-sellers de fórmulas prontas. Ela pulsa da mesma forma nos livros de um Cristovão Tezza, de um Rubem Fonseca, de um Marçal Aquino, de um Dalton Trevisan. Privar alguém de conhecer a vida por este meio é lhe cercear a liberdade de aprender com o livro, este elemento de subversão que ainda provoca medo naqueles que querem ter o mundo para si e aos seus olhos como se fosse uma bola de futebol.
A literatura, assim como as outras formas de arte, nada mais é do que a representação da vida, de fatos vividos por todos nós, independentemente de sexo, raça ou credo. Não levar isso em conta é dar topada nos livros, é desaprender com eles ao abri-los. Assim como não existem escritas inocentes, da mesma forma não existem leituras inocentes. “Toda história é uma interpretação de histórias: nenhuma leitura é inocente”, já afirmara o crítico literário Alberto Manguel. Não há como se ler algo sem relacionar a outro algo, ou já lido, ou já ouvido, ou já presenciado. É dessa forma que a leitura, seja ela literária, seja de jornais, revistas, de imagens, ou de qualquer outro meio, enriquece aquele que dela faz uso.
O ato de ler pressupõe uma leitura não somente de textos, de palavras escritas. Não somente de imagens ou de sons. Mas sim uma leitura de nós mesmos e daqueles com quem convivemos. Ler é, também e principalmente, saber ler a si mesmo e ao outro com o qual se estabelece uma relação de viver. E cada leitor constrói uma história própria de suas leituras, assim como cada texto apresenta também sua história própria. É preciso levar isso em conta ao se escolher, por exemplo, um livro para se trabalhar em sala de aula. É preciso saber que a vida não pulsa somente na televisão ou no cinema hollywodiano. Ela está, também, nos livros, e não somente nos de contos de fadas infantis ou nos best-sellers de fórmulas prontas. Ela pulsa da mesma forma nos livros de um Cristovão Tezza, de um Rubem Fonseca, de um Marçal Aquino, de um Dalton Trevisan. Privar alguém de conhecer a vida por este meio é lhe cercear a liberdade de aprender com o livro, este elemento de subversão que ainda provoca medo naqueles que querem ter o mundo para si e aos seus olhos como se fosse uma bola de futebol.
í.ta**
segunda-feira, agosto 03, 2009
0 1
direita ou esquerda
pra cima ou pra baixo
certo ou errado
vai ou vem
ser ou não ser
vivo ou morto
positivo ou negativo
aceso ou apagado
verdade ou mentira
amigo ou inimigo
amor ou ódio
coragem ou medo
a vida é booleana
pra cima ou pra baixo
certo ou errado
vai ou vem
ser ou não ser
vivo ou morto
positivo ou negativo
aceso ou apagado
verdade ou mentira
amigo ou inimigo
amor ou ódio
coragem ou medo
a vida é booleana
Festa cheia
Uma coisa leva à outra, e essa a mais uma.
Uma festa, longe de casa, longe de regras.
O limite nem mais é a consciência, a moral.
O raciocínio esvai-se, apenas se mexe.
-Anda, mexa-se!, diz a situação,
Alguém que não se mexe, não existe em tal lugar.
Está tão frio, por que não bebe algo para esquentar?
Taças, e copos, e taças, música, copo, música.
A música gira o mundo, o pensamento, o chão.
Música, copo, música, copo, copo, corpo...
Tudo balança e mexe como uma harmonia.
O álcool no sangue, parece combustível.
A música o motor, o chão a estrada,
estrada que vai levando, levando...
Apenas curte esse momento, curte,
pois não se sabe se é permitida
uma lembrança do que ocorrer.
O corpo se mexe por impulso.
Tudo vai ficando mais extenso, intenso.
Tudo vai...girando...andando...mexendo...
O corpo que não é meu,
também se mexe, se mexe como eu,
Mas tal como o meu, não tem rosto.
Só tem corpo, copo, corpo, copo...
A festa estende-se pela noite sombria.
A memória esvai-se pela festa cheia.
Cheia, cheia, cheia de corpos sem rosto.
Uma festa, longe de casa, longe de regras.
O limite nem mais é a consciência, a moral.
O raciocínio esvai-se, apenas se mexe.
-Anda, mexa-se!, diz a situação,
Alguém que não se mexe, não existe em tal lugar.
Está tão frio, por que não bebe algo para esquentar?
Taças, e copos, e taças, música, copo, música.
A música gira o mundo, o pensamento, o chão.
Música, copo, música, copo, copo, corpo...
Tudo balança e mexe como uma harmonia.
O álcool no sangue, parece combustível.
A música o motor, o chão a estrada,
estrada que vai levando, levando...
Apenas curte esse momento, curte,
pois não se sabe se é permitida
uma lembrança do que ocorrer.
O corpo se mexe por impulso.
Tudo vai ficando mais extenso, intenso.
Tudo vai...girando...andando...mexendo...
O corpo que não é meu,
também se mexe, se mexe como eu,
Mas tal como o meu, não tem rosto.
Só tem corpo, copo, corpo, copo...
A festa estende-se pela noite sombria.
A memória esvai-se pela festa cheia.
Cheia, cheia, cheia de corpos sem rosto.
domingo, agosto 02, 2009
Encontro dos rostos
Encosto meu desejo
Nos poros presentes,
Recordo do gosto
No momento do beijo.
Afasto e abro
As pupilas e os lábios,
Vejo meu rosto
No sorriso dos teus olhos.
Nos poros presentes,
Recordo do gosto
No momento do beijo.
Afasto e abro
As pupilas e os lábios,
Vejo meu rosto
No sorriso dos teus olhos.
Um texto definitivo para alguém...
Seria uma carta, um e-mail inesperado, uma comunicação diversa, um ato que é reflexo do tempo com telefonema que não incomoda, são as palavras que saltam da boca.
Seriam todas as citações que eu li sobre nós, teria toda a palavra que diz algo sobre você, seria um intertexto entre mídias e seria meu contexto na sua vida, em rimas podres, pobres, mas conscientes.
Seriam todos os meus textos. Os textos de todo mundo. Seria a falta de foco e todo o foco do mundo no que você é. Seriam meus dedos e os dedos que me reforçam apontados para o que eu sinto, para a conexão do recinto.
Não seria conclusivo e nem inclusivo. Seria subjetivo. Será que é mesmo definitivo?
Progressão
Jazz em improvisação, desce os instrumentos em sincronia,
Pensa a harmonia que os unia, sobe a nota com precisão,
Experimenta efeitos, seleciona notas
E toca a alma, desarma.
Pensa a harmonia que os unia, sobe a nota com precisão,
Experimenta efeitos, seleciona notas
E toca a alma, desarma.
Augusto Sentimento
É reduto do contentamento
Sereno da minha mente,
É o templo da semente da flor,
É tempo da maturação da cor.
Sereno da minha mente,
É o templo da semente da flor,
É tempo da maturação da cor.
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