quinta-feira, julho 26, 2007

Falha na Lógica

Mães sofrendo de câncer na próstata
Filhas horríveis vendendo cebolas na feira
Velhas decrépitas fazendo cocô e jogando bingo

Ah
Posso eu ser a razão
De uma inversão humana
Porque eu posso
Eu mudo
Assim.

Queiram atirar alguns versos em mim
Assim como pedras vararam prostitutas
E tomates junto aos apupos
Para artistas desvairados

Posso eu ser a razão
Da infância maculada
Adolescência libertina
Peladas engaioladas
Grávidas esfoladas
Vida indecente
Velhice inútil

Não somente palavras moças estiradas em mesas
E estrofes adultas inteiras sob jugo celeste
Incendiaram junto com velhas tradições
As medidas desmedidas asiladas

Violar sepulturas como requinte
Tão saudável como piquenique
Feminilidade retratada num boquete

Posso eu ser a razão
Da razão humana
Encerrada nesta
Sobremaneira
Impávida

Dançando valsa com marionetes
Nos crepúsculos artificialmente delineados
A vida humana mantém um segredo
Fechado numa caixa guardada pela Branca-de-Neve

Posso eu ser a razão
Das mentiras selecionadas
Contagiosas, ervas daninhas
Trepadeiras maliciosas
Inescrupulosas

Deliciadas as ninfetas enxugam seus lencinhos
Roupinhas de griffe compradas em uma loja podre
Precisam adquirir mais artigos de luxo
Nos sex-shops científicos

Rezem para aquele que se esconde através dos fractais
Ele que passa a eternidade ouvindo música alta
Flertando com o caos em meio à fumaça
De uma rave profana

Sexo nas alturas
A humanidade se engana
Sexo nas alturas
A humanidade se engana

4 comentários:

Kadavro disse...

Sexo sem nexo...

Carlos Onox disse...

O ser humano não faz sentido.

Imagens bem fortes... gosto de ler coisas assim!

Pedro Zambarda disse...

Louvor e glória à libertinagem!
Putaria nas alturas!

Enfim, simbologias à parte, sua poesia ensina a filosofia do irracional, do homem-animal, do bicho escondido pelas mentiras às avessas.

As verdades menos verdadeiras.

Carlos Antonechen disse...

A humanidade é uma apoteose ao caos.

Razão é um artifício que inventamos para ter a falsa sensação de controle, nada a mais.

Poesia bruta, deflorando a sutileza.