segunda-feira, julho 09, 2007

Mal de Balzac #1 - Desentitulado


Eis que no dia nove, nove postagens formaram
Aquilo que posteriormente chamaram de poema
Mas o título? Um dilema
Um problema que deveria ser resolvido
Qual foi deliberado? Qual foi escolhido?
Veio-me à cabeça, mas está agora perdido...


Mal de Balzac #1 - por Pedro, Carlos Antonechen e Sir Varios

Não era noite, nem dia manso,
Talvez fosse tarde, talvez fosse
Meio, meio-dia, meia-noite,
Meia vida, meia morte,
Meia sorte, naquele fosso.

Deitado, em tempo.
Transcorria, lento.
Sem ode nem mote.
Balbuciando dizeres de morte.

Deitado, absorto,
Encontrava-se a trovar
Quase morto
Inebriado pela dor do despencar

Moribundo, estava jogando búzios,
Num dado sem futuro, vultos
De um presente atento, tentado.

Moribundo estava quase em pé,
Estava de frente com a ralé, quase
Com quarto reservado num cabaré.

Moribundo não era metade, era divisa,
Era ausência de conquista.

Era a treva numa vida mal quista
A essência que o nunca realiza

A demência, a loucura!
A mente insana, impura!
Do devanear livremente
Aquela que contente
Contém a continência
Contínua em continuar

Navegando absorto,
Em terra de Vigília.
Tragado abruptamente.
Pelos primeiros raios de dia.

Tinha uma vida a tocar.
Uma fuga planejada.
Insolente com o corpo.
Adormece enquanto labuta.

As ferramentas estão enferrujadas,
As engrenagens estão remoídas,
Não há fumaça, não há comida,
Só há trilhas, pegadas abandonadas.

Mórbido andarilho se contorce,
Enquanto o brilho se reverte,
Reflete.

Reflete ele como um espelho
Reflete outrora como um velho
Objeto que oxidado joga fora
Abjeto que para respirar demora

Escolheu embora ir apenas
Procurar águas mais amenas

Encontrou tempestades e sereias,
Confusões das mais terrenas,
Largado na mortalidade
De um medíocre derrotado,
De um nada abarrotado.

Borrado, em seus traços,
Estava entregue, sem seu mastro
De navio desgovernado.

Não era menos,
Era mais dos poucos,
Um completo porco
No chiqueiro para o
Matadouro.

Estava leve,
De tanto pesar,
De tanto largar
Essa mente, lugar.

Moribundo não era centro,
Era dentro, dentro ao avesso,
Avesso ao consentimento
De estar à margem, chantagem.

Chantagista dos fracos,
Embaraçado nos laços
De sua frígida coberta,
Da sua cama desperta,
Despida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mesmo tendo vários autores, soou consonante!

Pedro Zambarda disse...

Consonante e questionador.
Dissonância, um fulgor.

Ah sim, o nome de Balzac é citado por ter sido uma criação em plena madrugada =]