quinta-feira, abril 24, 2008

O escrever: por e para mim

Escrever é dar a cara a tapa.
E se hoje (elemento dêitico temporal para especificar o momento dessas observações) escrevo é por timidez, porque meu ser me impede de expressar através da fala, com um mínimo de desenvoltura, o que penso e sinto.
Hoje escrevo porque, de tanto e tanto ler tantas e tantas coisas maravilhosas (e quantas ainda por vir!), desenvolvi em mim a pretensão de achar que através de minhas palavras as pessoas também poderiam se sentir tocadas, seja se encontrando em meus rabiscos, seja desenvolvendo uma antipatia pelos mesmos (e conseqüentemente por mim).
Hoje escrevo porque entre desenhos, informática, números, jogar bola, ou qualquer outra coisa, nada me agrada mais do que escrever (com exceção de ler).E também porque todo o processo de início de um texto, de uma frase, ou a escolha de uma palavra, fascina-me. O trabalho de penso inserido nessa prática alimenta-me.Escrevo porque dói, e porque essa dor é minha fuga. Escrevo para me contradizer e porque ainda não encontrei melhor forma de solidão.
Escrever é enfiar as mãos em um fundo escuro, por ora quieto, com agulhas bem posicionadas em pontos estratégicos. É confrontar esse escuro-quieto-tranquilo com uma claridade imensamente forte e voraz, denominada realidade, oposta à ilusão de se imaginar o que não se é.
Í.ta** - pensando e escrevendo. pensando o escrever.

4 comentários:

Aión disse...

"Escrever é enfiar as mãos em um fundo escuro, por ora quieto, com agulhas bem posicionadas em pontos estratégicos. É confrontar esse escuro-quieto-tranquilo com uma claridade imensamente forte e voraz, denominada realidade, oposta à ilusão de se imaginar o que não se é."
Adorei esse trecho! Olhar dentro de si para escrever, isso já tornou bons poetas em grandes!
O conhecimento de si mesmo, é melhor forma de relacionar-se com a realidade!

Guilan disse...

Escrever é dar cara a tapa.

Pois minha cara está toda roxa então, orra

ítalo puccini disse...

Mas como é difícil esse "conhecimento de si mesmo". Creio que nos refugiamos na escrita e na leitura em busca de tal objetivo-quase-que-inalcansável.

Pedro Zambarda disse...

Mesmo com as dores da escrita, o prazer está na mão atritada, na sina =]