domingo, abril 20, 2008

uma inocente pretensão

quando viro do avesso
tão fundo, profundo
vejo-me assim
quebrando todos os
objetos
atirando todos os fragmentos
em um lugar que não existe

caótico, colérico
perverso até demais
parido ao contrário
debaixo d'uma maldição materna

não escondo meu sorriso
as minhas desculpas
não escaparão
meu esgar culpado
traz marcado
a prova da competência

há algo alem desta urbe
que me segura
quando o descontrole não responde
quem está no volante?
se você me forçar
acho que vou saltar do terraço

e cair num toldo

sou um surdo pastor de ovelhas
um áugure desafortunado
que vigia o rebanho a pastar
e atenta aos outros
com palavras de destruição

é melhor você não falar
se veio aqui pela resposta
deixarei-te na penumbra
fria como a praga que te aguarda

antes digno de graça
pernicioso me tornei
com tão brutal semântica
atravessada na garganta

com um sorriso mais do que frenético
não escondo minhas mãos cheias de culpa
meus pecados
não irão embora

sou a atormentada cria eterna
sob uma maldição materna.

2 comentários:

ítalo puccini disse...

Muito bom! Bem construído.

Adorei isto: "é melhor você não falar
se veio aqui pela resposta
deixarei-te na penumbra
fria como a praga que te aguarda".

abraço

Aión disse...

Profundo obscuro...Realmente tentador, mas guardas o que tentas?