Dos senhores negros, dos elfos em desespero,
Dos pequeninos e dos anéis, dos poderes dos reis,
Das colinas, dos vales, das magias em cálices
Adormecidos na mente acadêmica
Fantasiosa de um velho e seu cachimbo.
Guerras, amores, deuses, conceitos,
Cultura envolta nos preceitos
Do universo de Arda, munido
De fuga da realidade, misantropo
E reconhecível a todos.
quinta-feira, dezembro 31, 2009
Radiofonia
Vozes frias, ou seriam quentes?
Pulsos elétricos que tocam meus ouvidos,
São guiados pelos neuróticos neurônios,
Será que o locutor mente?
Forma rápida de jornalismo,
Compacto de fofoca,
Seria o resumo do cinismo?
Pulsos elétricos que tocam meus ouvidos,
São guiados pelos neuróticos neurônios,
Será que o locutor mente?
Forma rápida de jornalismo,
Compacto de fofoca,
Seria o resumo do cinismo?
domingo, dezembro 27, 2009
Cruzar São Paulo
Marginais entupidas, quebras embutidas
Nas avenidas e periferias preferidas
Da feira de cidadãos, da ceia dos ladrões,
Cerceando e ceifando a liberdade.
Nas avenidas e periferias preferidas
Da feira de cidadãos, da ceia dos ladrões,
Cerceando e ceifando a liberdade.
domingo, dezembro 20, 2009
Marginais de São Paulo
Presas pelo corredor de carros,
Pelo fluídos combustíveis,
Pelas carcaças substituíveis
Dos carros.
Irrigadas pelas águas lodosas,
Irritadas por temperamentos implosivos,
Agitadas por gritos inexpressivos.
Pelo fluídos combustíveis,
Pelas carcaças substituíveis
Dos carros.
Irrigadas pelas águas lodosas,
Irritadas por temperamentos implosivos,
Agitadas por gritos inexpressivos.
quinta-feira, dezembro 17, 2009
Depois do trabalho
Eu chego em casa, sou grosso de graça,
Bato porta, piso firme, faço caras e mexo a boca,
Desenboco desaforos aéreos, falo em som estéreo,
Sussurro em mono, resmungo.
Bato porta, piso firme, faço caras e mexo a boca,
Desenboco desaforos aéreos, falo em som estéreo,
Sussurro em mono, resmungo.
Rastejar
O arrastar do tempo me desgasta,
Peço ajuda ao leito que me arrasa,
Encontro-me derrubado pelos feitos,
Procuro pistas nos fatos.
Estupefato de tanto ler,
Envesgo-me sem foco,
Tenho estrábicos sentimentos
Sobre como me manter
Em solo frio.
Peço ajuda ao leito que me arrasa,
Encontro-me derrubado pelos feitos,
Procuro pistas nos fatos.
Estupefato de tanto ler,
Envesgo-me sem foco,
Tenho estrábicos sentimentos
Sobre como me manter
Em solo frio.
Bola da Foca
Elaborei como uma rima gozada
Encostado com a cabeça no vidro do ônibus,
Não imaginei que sua notoriedade se traduz
Por umas idéias simples postas em prática.
Trata-se de um blogue de pseudo-jornalistas
Para um proto-público, nu diante das falhas
Diárias e retardatárias de um coletivo
Esperto.
Encostado com a cabeça no vidro do ônibus,
Não imaginei que sua notoriedade se traduz
Por umas idéias simples postas em prática.
Trata-se de um blogue de pseudo-jornalistas
Para um proto-público, nu diante das falhas
Diárias e retardatárias de um coletivo
Esperto.
quarta-feira, dezembro 16, 2009
Bang-bang italiano
Mestiço do mediterrâneo,
Mulato do Brasil,
Que maltrata os conterrâneos,
Os escravos sem vil comportamento,
Nem hostil envolvimento.
Mistureba de tiros,
Juba escalpelada na caça, no rio,
Pizzaiolos malucos munidos de facas,
Adaga no peito da pureza, duelo babaca.
Mulato do Brasil,
Que maltrata os conterrâneos,
Os escravos sem vil comportamento,
Nem hostil envolvimento.
Mistureba de tiros,
Juba escalpelada na caça, no rio,
Pizzaiolos malucos munidos de facas,
Adaga no peito da pureza, duelo babaca.
terça-feira, dezembro 15, 2009
Título Atrativo
(Insira um título atrativo)
Exponha toda sua angústia
É tudo o que pede o poema
O que seus pulsos abertos lhe falam
Insira aqui
Uma estrofe para acompanhar
Os sentimentos a rimar
E aparecem tilintantes
Os desejos que antes
Te faziam despótico
Mais que um dilema
Este morfema
É ilusão de ótica
Pouca prática
Com a mais perfeita possível
Notável prolixidão utópica
Deixa a marca de ouro
O final filosófico.
Exponha toda sua angústia
É tudo o que pede o poema
O que seus pulsos abertos lhe falam
Insira aqui
Uma estrofe para acompanhar
Os sentimentos a rimar
E aparecem tilintantes
Os desejos que antes
Te faziam despótico
Mais que um dilema
Este morfema
É ilusão de ótica
Pouca prática
Com a mais perfeita possível
Notável prolixidão utópica
Deixa a marca de ouro
O final filosófico.
quinta-feira, dezembro 03, 2009
Bem...
Muitos vão estranhar o fato de eu postar no blog....o fato é que eu não esqueci dele...só não andava escrevendo...
Outros vão estranhar o texto....e este é mesmo de se estranhar....
Mas depois agente conversa melhor sobre ele, só uma coisa a dizer....personagem nova na área.
Beijos
É bom revê-los...
Perfeita Imperfeição
Hoje tenho trinta anos e sou absolutamente satisfeita e feliz.
Aliás, como todo mundo a minha volta.
Tenho um marido maravilhoso que me ama muito. Nunca tive um coração partido, nenhuma desilusão, nunca me senti só.
Meu trabalho é exatamente o que desejei, só faço aquilo que sempre quis, ganho mais que o suficiente para me sentir bem. Nunca levei uma bronca do meu chefe, nem me sinto pressionada com prazos e metas.
Esse é o único mundo que conheço.
Não tenho filhos, pois ainda não os quis, mas se quisesse poderia tê-los, quantos fossem, e seria capaz de criá-los e educá-los como qualquer outra.
Nunca tive uma tranza ruim. Nunca lamentei a ausência de um orgasmo.
Até porque, satisfação sexual própria e do parceiro por aqui é assunto de escola, matéria regular e obrigatória.
Falando em escola, isso me lembra que ela era maravilhosa, interessante em todos os aspectos. Os professores não podem dar aulas entediantes, nem chatear seus alunos, pois todos têm de estar felizes.
Meus pais foram os mais amorosos e presentes o possível, pais bem treinados para fazerem seus filhos felizes. Eles são da última geração a conviver com a transição.
A sociedade mais feliz do mundo! Esta em todos os muros da cidade, limpa e cheia de cidadãos gentis.
Pois a mim a palavra felicidade não diz nada, somente é a única realidade que conheço.
Não sei o que é ser triste, só, sentir dor, angústia, ou qualquer um desses sentimentos que nos tornem pessoas melancólicas, nem ao menos sei o que essas palavras significam.
Tragédias não nos dizem respeito, portanto não são veiculadas, não por serem proibidas, não seria preciso, ninguém as compra. Quem gostaria de ser visto sorvendo algo tão mórbido?
Não sei se felicidade é bom.
Sei que é comum, banal, cotidiano, é tudo que me rodeia.
Por aqui estar alegre, ser feliz é lei.
Todos te fazem feliz, queira você ou não.
Meu avô é anterior a lei da felicidade, me disse que quando era criança as pessoas choravam.
Choravam de tristeza!
E que um sorriso sincero era tão raro, que era considerado uma das coisas mais preciosas que poderiam existir. Devia ser lindo.
Pra mim o sorriso é uma coisa tão corriqueira, que não tem o menor valor.
Gostaria que as pessoas entendessem o que essa ausência de tristeza me causa, essa inexpressividade, esse tédio.
Ser alegre é neutro.
Não me entenda mal!
Não quero o retorno das guerras, da fome, da desigualdade, ou de nenhum desse males que segundo os livros de história, maltratavam as pessoas do passado.
Gostaria apenas de ter emoções. Saber o que significa ser feliz! Comparar a felicidade e o sofrimento, saber que rir é o contrário de chorar, não por ter lido em livros velhos, mas por ter vivido.
Quero me sentir real. Preciso saber se Sou de verdade.
Sei que algumas pessoas são capazes de se sentirem tristes com tudo que nos rodeia, mas nunca conheci alguém assim. São excluídos, tratados como doentes, nocivos a sociedade.
Eu não vejo dessa forma. Para mim eles são preciosidades. Sadios entre todos nós, loucos e obcecados com os nossos sorrisos. Eles são capazes de ver e sentir algo além da perfeição que me cerca, eles são verdadeiros, reais.
Enquanto eu nem consigo me considerar humana.
Margarethe.
Outros vão estranhar o texto....e este é mesmo de se estranhar....
Mas depois agente conversa melhor sobre ele, só uma coisa a dizer....personagem nova na área.
Beijos
É bom revê-los...
Perfeita Imperfeição
Hoje tenho trinta anos e sou absolutamente satisfeita e feliz.
Aliás, como todo mundo a minha volta.
Tenho um marido maravilhoso que me ama muito. Nunca tive um coração partido, nenhuma desilusão, nunca me senti só.
Meu trabalho é exatamente o que desejei, só faço aquilo que sempre quis, ganho mais que o suficiente para me sentir bem. Nunca levei uma bronca do meu chefe, nem me sinto pressionada com prazos e metas.
Esse é o único mundo que conheço.
Não tenho filhos, pois ainda não os quis, mas se quisesse poderia tê-los, quantos fossem, e seria capaz de criá-los e educá-los como qualquer outra.
Nunca tive uma tranza ruim. Nunca lamentei a ausência de um orgasmo.
Até porque, satisfação sexual própria e do parceiro por aqui é assunto de escola, matéria regular e obrigatória.
Falando em escola, isso me lembra que ela era maravilhosa, interessante em todos os aspectos. Os professores não podem dar aulas entediantes, nem chatear seus alunos, pois todos têm de estar felizes.
Meus pais foram os mais amorosos e presentes o possível, pais bem treinados para fazerem seus filhos felizes. Eles são da última geração a conviver com a transição.
A sociedade mais feliz do mundo! Esta em todos os muros da cidade, limpa e cheia de cidadãos gentis.
Pois a mim a palavra felicidade não diz nada, somente é a única realidade que conheço.
Não sei o que é ser triste, só, sentir dor, angústia, ou qualquer um desses sentimentos que nos tornem pessoas melancólicas, nem ao menos sei o que essas palavras significam.
Tragédias não nos dizem respeito, portanto não são veiculadas, não por serem proibidas, não seria preciso, ninguém as compra. Quem gostaria de ser visto sorvendo algo tão mórbido?
Não sei se felicidade é bom.
Sei que é comum, banal, cotidiano, é tudo que me rodeia.
Por aqui estar alegre, ser feliz é lei.
Todos te fazem feliz, queira você ou não.
Meu avô é anterior a lei da felicidade, me disse que quando era criança as pessoas choravam.
Choravam de tristeza!
E que um sorriso sincero era tão raro, que era considerado uma das coisas mais preciosas que poderiam existir. Devia ser lindo.
Pra mim o sorriso é uma coisa tão corriqueira, que não tem o menor valor.
Gostaria que as pessoas entendessem o que essa ausência de tristeza me causa, essa inexpressividade, esse tédio.
Ser alegre é neutro.
Não me entenda mal!
Não quero o retorno das guerras, da fome, da desigualdade, ou de nenhum desse males que segundo os livros de história, maltratavam as pessoas do passado.
Gostaria apenas de ter emoções. Saber o que significa ser feliz! Comparar a felicidade e o sofrimento, saber que rir é o contrário de chorar, não por ter lido em livros velhos, mas por ter vivido.
Quero me sentir real. Preciso saber se Sou de verdade.
Sei que algumas pessoas são capazes de se sentirem tristes com tudo que nos rodeia, mas nunca conheci alguém assim. São excluídos, tratados como doentes, nocivos a sociedade.
Eu não vejo dessa forma. Para mim eles são preciosidades. Sadios entre todos nós, loucos e obcecados com os nossos sorrisos. Eles são capazes de ver e sentir algo além da perfeição que me cerca, eles são verdadeiros, reais.
Enquanto eu nem consigo me considerar humana.
Margarethe.
sábado, novembro 07, 2009
Micro escrita social
É uma fatia do literal
Grito da multidão, diversão
Digital é a fama desse twitter,
Reter informação em pílula,
Ou ter acesso para a porta, pulula
Dados na tela.
Grito da multidão, diversão
Digital é a fama desse twitter,
Reter informação em pílula,
Ou ter acesso para a porta, pulula
Dados na tela.
sexta-feira, novembro 06, 2009
Superação. Supera ação.
Super reação, inversão
De papéis na cama, na lama,
Super retração, retardação,
Inflação do momento,
Larga a mão, minto e não
Desminto o mito.
Esforço contra o peso,
Encaixo seu desejo,
Vou além do ato,
Deixo vir o todo.
Era um dia super,
Num contexo líder
De fracasso, é mister
Ir além do fato, do próprio
Faro.
De papéis na cama, na lama,
Super retração, retardação,
Inflação do momento,
Larga a mão, minto e não
Desminto o mito.
Esforço contra o peso,
Encaixo seu desejo,
Vou além do ato,
Deixo vir o todo.
Era um dia super,
Num contexo líder
De fracasso, é mister
Ir além do fato, do próprio
Faro.
Inspirado na música Muros e Grades, Engenheiros do Hawaii.
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez
quinta-feira, novembro 05, 2009
Lenda
O que faz uma lenda viva
Se o solitário
Morreu na véspera
Da sua composição
Não partilho
dessa lucidez
A força é tanta
Que até me espanta
Ao girar o guarda-sol
Fractal de raios
Pretendo
manter a lenda
e canto
farei do espelho
metade
Juntar os cacos
da única obra
mais sozinha
O velho homem sabe
Que lenda vive agora
A moça que corta os pulsos
Infiel seguiu até a morte
Bebeu taças de compunção
Nada adiantou
Se o solitário
Morreu na véspera
Da sua composição
Não partilho
dessa lucidez
A força é tanta
Que até me espanta
Ao girar o guarda-sol
Fractal de raios
Pretendo
manter a lenda
e canto
farei do espelho
metade
Juntar os cacos
da única obra
mais sozinha
O velho homem sabe
Que lenda vive agora
A moça que corta os pulsos
Infiel seguiu até a morte
Bebeu taças de compunção
Nada adiantou
quarta-feira, outubro 14, 2009
a vida é costura

A vida é por um fio. Sempre.
Às vezes, um entrelaçamento de fios. Mais das vezes, embaralhados.
Viver é desfiar palavras.
João sabe disso.
Que João?
O “João por um fio”, criado pelo Roger Mello.
João tem uma história própria. Esse João. Uma história dele. Sobre ele. Uma história que ele deixou compartilhar conosco, seus leitores.
Conhecer histórias é viver também. Um cruzamento de histórias. Costuras de vida.
A história deste João começa assim:
João se pergunta, ao dormir: “Agora sou só eu comigo?”.
Pode ser, respondemos. Como pode não ser.
João sonha quando dorme. O que significa que nem sempre seja ele com ele somente. E há os leitores, claro, que o acompanham enquanto ele dorme.
Os leitores a quem cabem algumas perguntas de respostas-não-prontas:
“Onde é que se esconde a noite que beija João?”
“Quem tem medo de um gigante chamado João? Ou quando é que o gigante dorme?”
“Se João cai no sono, com que paisagens ele sonha?”
“E se o medo derrama, João é que abre a torneira?”
“Que rede segura um peixe maior que a gente?”
“De que tamanho é o furo na colcha que cobre João?”
“Como se para um furo que não para?”
De repente, eis que, num susto, João acorda, e se preocupa: “Quem desfiou minha colcha?”.
Nós, leitores, sabemos quem foi. Ou como foi que a colcha se desfiou. Mas não podemos falar a João. Não podemos porque ele precisa descobrir o desenrolar da sua colcha. Ele precisa sentir como isso aconteceu. Ele precisa aprender a costurá-la novamente.
E João mostra saber disso: “No meio do vazio viu palavras espalhadas no chão”.
Então, ele resolve costurar palavras “como retalhos numa colcha”. E, ainda mais. “Enquanto costura, João inventa uma cantiga de ninar”.
Faz mais do que imaginávamos. Surpreende-nos.
E a nós, que acompanhamos João assim de perto, fica a pergunta: “De que tamanho é a colcha de palavras que cobre João?”.
Mas não fica-nos somente esta pergunta. Por trás dela há outra, que João espertamente nos deixa:
De que tamanho é a colcha de palavras que nos cobre?
E, para respondê-la, cabe-nos fazer como João: ao sonhar, desfiar a colcha que nos cobre, abri-la, explorá-la. Expormo-nos. E, depois, costurarmos palavras que nos cobrirão novamente.
A vida são ciclos, mostra-nos João.
A vida é um se despir para se conhecer.
_ _ _
í.ta**
sexta-feira, outubro 02, 2009
Formalizar o Deformado
É escrever um poema, um resto de teorema,
Ao som e ao áudio do vídeo de Ferreira, o Gullar,
Falando do "antiformalista por excelência" para os ouvidos
Aguçados de Ivan Juqueira, beirando palavras
Das incertezas.
Faz parte da poesia brasileira, que nada tem de portuguesa,
E é verso freguês de bar barato, ato sem muito tato.
Sua destruição é a lei,
É a vez do que se desfez.
Ao som e ao áudio do vídeo de Ferreira, o Gullar,
Falando do "antiformalista por excelência" para os ouvidos
Aguçados de Ivan Juqueira, beirando palavras
Das incertezas.
Faz parte da poesia brasileira, que nada tem de portuguesa,
E é verso freguês de bar barato, ato sem muito tato.
Sua destruição é a lei,
É a vez do que se desfez.
escrever é dar a cara a tapa
publiquei artigo, na quarta-feira, no jornal "hoje", que circula por jaraguá e região.
o título do artigo é o título do post.
é sobre o escrever.
_ _ _ _ _
Escrever deveria ser sempre um incômodo.
o título do artigo é o título do post.
é sobre o escrever.
_ _ _ _ _
Escrever deveria ser sempre um incômodo.
Incomodar, segundo o Novo Dicionário Aurélio, significa, entre outras coisas, causar incômodo a, importunar, desgostar, irritar.Escrever deveria ser tudo isso, pois.
Estar incomodado é estar “levemente indisposto, constrangido”, ainda segundo o dicionário. E todo texto deveria incomodar. Incomodar o escritor e o leitor. Deixá-los indispostos, constrangidos diante do que se escreve e do que se lê.
Uma das finalidades de todo e qualquer texto, literário ou não, deveria ser esta. Já afirmara o crítico Umberto Eco, em seus “Seis passeios pelo bosque da ficção”, que “o texto é uma máquina preguiçosa que espera muita colaboração da parte do leitor”.
E essa colaboração nem sempre deve significar um ato de concordância. Contudo, não significa que deva se tornar rígida e excessivamente discordante.
Um texto cumpre com sua finalidade quando propõe um algo a mais para quem o lê. E para quem o escreve também.
Um algo a mais que reflita num pensar mais elaborado, que signifique um repensar determinado ponto de vista, ou que jogue luz sobre alguns caminhos de compreensão ainda não alcançados.
Se hoje escrevo, é por ler tantas e tantas coisas maravilhosas (e quantas ainda por ler!).
Se hoje escrevo, é porque desenvolvi em mim a pretensão de achar que através de minhas palavras as pessoas também poderiam se sentir tocadas, seja se encontrando em meus rabiscos, seja desenvolvendo uma antipatia pelos mesmos (e consequentemente por mim).
Se hoje escrevo, isso se deve ao trabalho de penso inserido nessa prática. Algo que me alimenta como sujeito. Algo em que acredito que possa alimentar a outros da mesma forma.
Se hoje escrevo é também por acreditar que esse ato possa ser contagioso.
Escrevo porque dói, e porque essa dor é minha fuga. Escrevo para me contradizer e porque ainda não encontrei melhor forma de solidão.
_ _ _
í.ta**
_ _ _
í.ta**
quinta-feira, outubro 01, 2009
O estranho dos estranhos
Vi escapar tão de repente
o trejeito no seu sim
Vi também o ai de mim
que vazou sem se tocar
Vê também que te vêem assim
por causa do teu som
Saiba que não foges aqui
14 mil a te olhar
O estranho dentro do ninho
O mais doido varrido
Um príncipe desvairado
E a moça delatada
A cobra peçonhenta
Na teia encantada
A merda que foi feita
Não serve mais de nada
Vê também quem ri de mim
Tão principe que eu sou
Saiba que aqui estou
Mais vão do que
Tu
O cálice entornado
A rosa desfolhada
A linda namorada
De lábios marejada
Desfilo na parada
Com seios de vinil
E mostro a minha cara
Pra todo o Brasil
Quero tê-lo, mas não tenho como.
o trejeito no seu sim
Vi também o ai de mim
que vazou sem se tocar
Vê também que te vêem assim
por causa do teu som
Saiba que não foges aqui
14 mil a te olhar
O estranho dentro do ninho
O mais doido varrido
Um príncipe desvairado
E a moça delatada
A cobra peçonhenta
Na teia encantada
A merda que foi feita
Não serve mais de nada
Vê também quem ri de mim
Tão principe que eu sou
Saiba que aqui estou
Mais vão do que
Tu
O cálice entornado
A rosa desfolhada
A linda namorada
De lábios marejada
Desfilo na parada
Com seios de vinil
E mostro a minha cara
Pra todo o Brasil
Quero tê-lo, mas não tenho como.
quarta-feira, setembro 23, 2009
Rock Brasileiro
É mutante, é o instável
Contratante, o faminto
Imigrante, rumo ao
Desconhecido reino do
Barão vermelho.
Engenharia havaiana
De quintal, muquirana
Forma de manifestar
Opinião, palavra perdida.
É a coca-cola de uma legião de urbanos,
É o ópio da consciência aberta ao estranho
Jeito de viver neste globo, neste ovo.
Contratante, o faminto
Imigrante, rumo ao
Desconhecido reino do
Barão vermelho.
Engenharia havaiana
De quintal, muquirana
Forma de manifestar
Opinião, palavra perdida.
É a coca-cola de uma legião de urbanos,
É o ópio da consciência aberta ao estranho
Jeito de viver neste globo, neste ovo.
quinta-feira, setembro 17, 2009
As chaves da prisão
Um pouco do teu caráter é
mau; fecha os olhos vaidoso;
puxa a venda;
decide não pertencer
a conhecer o mais negro porvir
É covarde e vai embora
sem se despedir.
A juventude que te é roubada
por quem havia de proteger
É vã, foi há tempos promessa.
Esta chaga que te adoece
cava um poço e atola na lama
faz-te penar à guisa de carma
inveja a luz que já foi tua arma!
Busca refúgio, como se fosse culpado
de um crime imaginário
Te mandam recados escandalizados
Te chamam de otário
Tudo em nome do amor
Foge de casa e esquece
a panela vazia
e a mulher que termina o seu dia
com ar de concubina
Faz tempo que se foi
Meu belo beija-flor
Não voltou mais
Preciso do teu mel
pras amarguras da vida, sim senhor
Faze loucuras tardias
Devaneio, ilusão
Atitude de perdedor
Te perguntei quais são
os sonhos que te fizeram assim...
Sem as chaves da prisão
o mundo se fez em mim
mau; fecha os olhos vaidoso;
puxa a venda;
decide não pertencer
a conhecer o mais negro porvir
É covarde e vai embora
sem se despedir.
A juventude que te é roubada
por quem havia de proteger
É vã, foi há tempos promessa.
Esta chaga que te adoece
cava um poço e atola na lama
faz-te penar à guisa de carma
inveja a luz que já foi tua arma!
Busca refúgio, como se fosse culpado
de um crime imaginário
Te mandam recados escandalizados
Te chamam de otário
Tudo em nome do amor
Foge de casa e esquece
a panela vazia
e a mulher que termina o seu dia
com ar de concubina
Faz tempo que se foi
Meu belo beija-flor
Não voltou mais
Preciso do teu mel
pras amarguras da vida, sim senhor
Faze loucuras tardias
Devaneio, ilusão
Atitude de perdedor
Te perguntei quais são
os sonhos que te fizeram assim...
Sem as chaves da prisão
o mundo se fez em mim
domingo, agosto 23, 2009
Biblioteca
Marco o texto, decoro a página, cerro os olhos
Ao imaginar a desventura, a ternura
Protagonizada, a cena transporta
Minha mente com meus anseios,
Transborda sentimento.
Percorro as estantes de mofo,
As salas esterilizadas e modernas,
Descanso no registro abandonado,
Anestesio minha sede de invadir
Seu cérebro e colidir suas memórias.
Dedicado ao Ítalo Puccini, que tanto fala sobre leituras.
Ao imaginar a desventura, a ternura
Protagonizada, a cena transporta
Minha mente com meus anseios,
Transborda sentimento.
Percorro as estantes de mofo,
As salas esterilizadas e modernas,
Descanso no registro abandonado,
Anestesio minha sede de invadir
Seu cérebro e colidir suas memórias.
Dedicado ao Ítalo Puccini, que tanto fala sobre leituras.
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