A tentação do não-conseguir
Não é o desespero, este
Ao contrário do que se possa ouvir
Não é o não-esperar.
Impregna nossa mente, uma peste
Com pensamentos desconexos:
Vermelhos, azuis, homicidas...
De fogo e substância ácida
Com inúmeros venenos anexos
Vontade de ferro, de vagar.
Vontade de apagar,
Apagar-se ao desespero,
Desespero é escuridão,
Obscura voz muda em vão
Que grita atroadora
E nada e ninguém toca...
É como um oboé quebrado
Em ver sos li vre s,
Que esganiça as notas
À aguda baforada de seu musicista
Não é o desespero, sua música
É a música sua conquista...
Mas o desespero recorrente
Senóide...
São palavras descontentes
Sentimentalóides...
Palavras não pertinentes
Implausíveis...
Impossíveis...
Inacessíveis...
Irreconhecíveis...
Decibéis infinitos soprados ao além
Vociferações mortas vistas por ninguém.
É a sala escura e o desespero plangente,
O momento triste de se virar gente
E deixar o mundo de Alice no lado escuro da Lua;
Hora de vagar, de ir enfim pra rua...
(E não conseguir
N'infinito porvir
D'incessante fracassar)
segunda-feira, abril 07, 2008
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3 comentários:
belas palavras de reconforto após situação problemática, angustiante.
dizem que boas obras nascem de mentes tristes.
Incrível seu imenso vocabulário e suas várias metáforas que me deixam no chinelo.
De fato, mentes tristes mostram-se mais sérias quanto ao "trabalho".
Metáforas de bom tom, boa sonoridade. Quebra de versos interessante. O jogo entre Thanatos e Eros é interessante também, como tema. Mas, como diz o ditado, sem grandes guerras não haveriam grandes heróis.
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