domingo, novembro 04, 2007

Ir e voltar - A ressaca

O velho Machado relatou bem,
Capitu me fazia dar voltas em círculos,
O velho falou tanto, lembrou o quanto
Nossas ações são vagas, cúmulos.

As voltas dos olhos negros,
Das ondas lentas, do mar sem medo,
São como contrações do sexo, sem nexo.

O gozo derruba minha parceira,
Com ela sinto afeição, dou uma piscadela
Certeira, estou satisfeito. Alimentado?

Beijo-lhe os lábios e meus sentimentos vão, como lacaios,
Para a taverna dos meus falsos rostos, faço cara de quem
Fez amor e estava mais interessado em cem prazeres.

Ela acua, pensa que não me machuca
Com seu olhar amedrontado, acha que foi usada,
Colocada em venda, sem remenda.

Chora, meu amor agora chora, hora
Da minha mudança de atitude,
Falsos moralismos onde a culpa
Não foi minha, nem tinha como.

E acabamos de novo na cama, nas ondas
Que não sei dizer se é do mar ou rio, obras
Do engenhoso ou do manhoso
Dia que me aguarda, trabalho.

Acabamos mortos na cama, com a minha cara solúvel,
Molhada, substituída.

E ela volta a tremer de medo. É o indiferente.

Inconsistente é a ressaca,
Que sem sistema, caça
As feridas e as mordaças.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ou quiçá como Marcela que pouco amara
Ou quase nada
Um lindo rostinho
Alvoroçada
Em saber de seus brilhantes
Planos... Brilhantes...
Cândidos como diamantes de um anel
De onze contos de réis
Onde o réu fui eu...