quinta-feira, novembro 08, 2007
Viuvez
Não me lembro do momento certo em que me apercebi sem a possibilidade da sua presença; me veio aos poucos, ou eu o soube e o bloqueei de mim: fiz de esperançosa, fiz-me desangústia. Mas esta me surgiu, na data incerta que o meu apagar não deixou ser súbita; eu não queria acontecimentos. O seu espaço está desocupado em meu ventre - é o agora e é só e enerva - como se a raiz empurrasse angústia e cimento para alcançar e continuar a ser. Aqui tem as representações suas, os números e as letras: provam que você houve e não servem de nada - rabiscos de um só na caverna, ficam no tempo futuro se o presente deles esquece. Eu não vejo as letras nem os números; apenas, quando os invoco, sinto seu joelho no meu e amo sorrindo a angúsita de não amá-lo de perto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
Ah sombra da morte!
Que vem e vai tão consorte!
Tão ligada à sua vocação
Veio, veio tão súbito!
Veio, veio o óbito!
Necromortificação.
Separação drástica.
Alucinação.
Que o óbito faça-se distante, já não o suporto mais.
Não suporto ver a ti e não poder sorver este teu desgraçado sangue;conseguir ler suas vísceras como um vidente etrusco.
Engraçado, de cada um a quem mostrei esse textículo (que frase linda) saiu uma reação diferente: mórbido; triste; fluido; alguns pra augusto dos anjos, outros pra nélida piñon. E até agora não sei o eu acho dele...
Postar um comentário