quinta-feira, novembro 08, 2007

Quando eu morrer

Quando eu morrer, que me queimem
Ninguém vai ganhar dinheiro vendendo caixão
Ou pedaço de terra em cemitério.
Também não comprem velas
Ou gastem lágrimas
Pois nada me traz de volta.

Que doem meus pertences
Tudo aquilo que consegui trabalhando
Ou o que ganhei em meus aniversários.

Mas rasguem as fotos e queimem as roupas
Destruam os vídeos
Apaguem os registros
Que não sobre cheiro, nem gosto
Nem imagem, nem som
Do que um dia eu fui

Porque quando eu morrer
Eu quero ir decerto
Nada mas me ligará a este mundo.
Que não chorem os pais que se foram
Os amigos também já mortos
A mulher que não tive
E o filho que eu nunca criei

Quero apenas estar vagando junto ao vento
E cada pedaço voará para um canto
Tocará uma casa, uma árvore, uma pessoa
E eu estarei em todo lugar
Serei parte do mundo que me abrigou
E do qual eu fugi
Para sempre

7 comentários:

Anônimo disse...

The Lifestream...

Pedro Zambarda disse...

Eu ainda prefiro estar presente em fotos. Por mais que você queira se apagar, você está em coisas mínimas.

Carlos Antonechen disse...

[quote]
Eu ainda prefiro estar presente em fotos. Por mais que você queira se apagar, você está em coisas mínimas.
[/quote]

cheiro de minimalismo(o que se tornou artigo de moda).

Pedro Zambarda disse...

Nem toda a boutique é vagabunda, ou perua.

Carlos Antonechen disse...

Mas não resisto a te importunar.

Carolina Mendes disse...

Me lembrou Álvaro de Campos, talvez a mais ninguém, e pareça errado, mas a mim sim. Talvez por essa revolta contra os refrões da vida.

Rebucci de Melo disse...

Muito bom... Se me permite, surpreendentemente bom...

É o tipo de poema com o qual eu me identifico...

Mto bacana