quarta-feira, janeiro 23, 2008

Queria ter nascido assim eterna criança

Lesado pelos ventos do mundo, torcido em viés
Criei-me na tristeza por meu sangue de vileza
Não sei o que é ter certeza de estar triste
Pois sou beleza que não se põe à mesa.

Calo-me, virtudes não me são necessárias
Sem expressão, ser sem mão
Rastejando em ruínas de ruídos
cheiros, gostos, esboços, coisas
texturas atritos, aflitos gritos
lembranças de tortura de crianças

Mas não sei o que é estar lúcido
Mas não sou maluco, beleza?

Sou apenas
Um inocente quase vivo
À frente um cortejo de doentes

Meu funeral é sacramento,
só me esperam no cimento.

Um indigente quase digno
Em um mundo de dureza,
crudeza, pureza, rudeza, beleza?

E talvez um dia você se lembre
Desta extensão de ser humano.

Eu queria ter nascido assim, eterna criança
Ser doce, doce sempre, mesmo lambuzado em fel
Não sou nada perto
Sou tudo longe.

Um comentário:

Pedro Zambarda disse...

Aquilo que, por mais distante, nos aterroriza por estar perto e não funcionar.

A mudança.