Mordi-a com amor
Coloquei todo o sentimento ali.
Ignorei sua dor,
Inimaginável prazer senti.
Ela olhou para mim
Enquanto sorvia sua vida.
Seria ali o seu fim
Ou ainda havia saída?
Ah! Meu amor, como a amo!
Se a mato nao me consolo,
Por tua presença eu clamo!
Soltei-a lentamente
Para seu maior conforto.
A mim seu corpo tem serventia
Somente vivo, não morto.
---------
Poesia feita meio que sendo narrada por um personagem meu (Sim, ele é um vampiro.). Magdalene é o maior "brinquedo" dele. Tava a fim de brincar com rimas nesse dia XD.
quinta-feira, março 29, 2007
quarta-feira, março 28, 2007
Defesa da Poesia - 2
Lamentoso solo
Onde o lamentado
André permanecia
Fixo,
Pensante na vida.
Seguia, sem despertar atenção,
Nem desviar sua má ação,
O espírito da cidade,
A ópera da eternidade
Inanimada, da habilidade
Sufocada, inerte.
Semelhante aos aparecimentos do Diabo à Cristo,
Como os sustos da menina adormecida e seu grito,
Tomou a forma de todas as vozes
E de todas as engenhocas, disfarces
Dos desejos humanos, são as cidades.
"Ousas tu, defendes tu
Essa frágil poesia, abstração?
Queres tu, ofendes tu
Com tal inútil insatisfação?
Não podes ser diferente,
Nem pode estar distante
Do universo que ilimitado
E incorruptível, é o muro
Do material, o chão
Sujo com tua traição."
Onde o lamentado
André permanecia
Fixo,
Pensante na vida.
Seguia, sem despertar atenção,
Nem desviar sua má ação,
O espírito da cidade,
A ópera da eternidade
Inanimada, da habilidade
Sufocada, inerte.
Semelhante aos aparecimentos do Diabo à Cristo,
Como os sustos da menina adormecida e seu grito,
Tomou a forma de todas as vozes
E de todas as engenhocas, disfarces
Dos desejos humanos, são as cidades.
"Ousas tu, defendes tu
Essa frágil poesia, abstração?
Queres tu, ofendes tu
Com tal inútil insatisfação?
Não podes ser diferente,
Nem pode estar distante
Do universo que ilimitado
E incorruptível, é o muro
Do material, o chão
Sujo com tua traição."
segunda-feira, março 12, 2007
A Queda da Rosa
A Queda da Rosa
"Clara manhã, obrigado
o essencial é viver!"
- Carlos Drummond de Andrade
I
A Rosa.
Certezas
diferentes
e iguais às minhas.
Repousa na terra: para
ela migrou a vida; nela
se deita a morte.
Uma rosa que nasce
e da terra suga a vida,
diverte-se enquanto
um cadáver abaixo dela se esconde...
A Rosa se enrola como um caracol...
"Olhem! Ali nasce outra!"
II
A semente enterrada; o óvulo, imaturo.
Na Terra
germinando...
Uma prostituta, um padre, um coveiro.
Uma criança no ventre,
luta, espera.
Seu caule, interno
à terra, ao calor, à placenta
da mãe; pré-funestos.
Nasceu a Rosa!
Livrou-se da prisão da terra
úmida e fértil.
Forma – simplicidade.
Tanta vida em tão pouca matéria!...
O tempo corre. Tanto
para quem vaga quanto para quem fica.
III
Uma Rosa não é uma rosa.
Atenção à vida.
Cor, perfume.
Mijo, sutileza.
Morte.
Uma rosa não é mais nem menos
que um carneiro uma pomba
uma garota que come chocolates.
Rosa-flor.
Rosa-cor.
Rosa-vida.
Rosa-náusea.
Rosa-virilha.
Rosa-mortalha.
Os sentidos não à todos confundem igualmente.
Eu falo – mas muitos não ouvem-me.
(ou escutam-me)
A Rosa fala – e não a entendemos.
Passado futuro fundem-se
no Interminável.
Colha uma flor
em seu jardim, olha-a
como quem olha toda
a vida de um mundo de vida
passageira e instantânea.
Uma janela se fecha
um pêndulo pára
a moça suspira:
algo ocorreu.
O tempo parou. A vida parou.
Tantas mil coisas
padecem e nascem
num mísero instante. Um mísero instante
de suspiros,
partições
de idéias, de homens,
um instante como todos
os outros.
IV
A noite que chega, afasta
os outros, o outro, some
com a luz, e fica o reflexo
da vida, da morte fria
e pálida... pálida
como um corpo abandonado à beira da estrada,
a manta com que a mãe
envolve o filho à noite,
uma noite gelada.
O caule se quebra, a flor murcha,
o câncer se instala, a mente perece;
e tudo volta à aspereza do túmulo!
Húmus, alimento, no solo – saturado.
(o mais adubado solo é o do cemitério)
Nos olhos, uma vez brilharam sonhos
agora: raízes
de uma roseira...
E as vértebras de uma cobra morta.
Carne podre serve de alimento:
A COMISERAÇÃO DOS ARTRÓPODES!
Sarcófagos que guardam só poeira,
ossos, lembranças – mais nada.
Sob um poço fechado pelo triste coveiro,
nasce uma flor...! Uma única flor...!
Aquela que se alimenta
do que à terra o Morto legou.
V
Uma Rosa está caindo
esperando alcançar o chão...
Tendo sua imagem vista e admirada,
mesmo estando seca
e esmagada.
27/12/2006.
.
Foi montado durante meses, quase um ano de trabalho. Representa mais que a vida; diferente do outro, representa a minha vida e forma de encará-la e de como eu penso: entender este poema é entender a mim.
Agradeço todos que lerem e comentarem.
"Clara manhã, obrigado
o essencial é viver!"
- Carlos Drummond de Andrade
I
A Rosa.
Certezas
diferentes
e iguais às minhas.
Repousa na terra: para
ela migrou a vida; nela
se deita a morte.
Uma rosa que nasce
e da terra suga a vida,
diverte-se enquanto
um cadáver abaixo dela se esconde...
A Rosa se enrola como um caracol...
"Olhem! Ali nasce outra!"
II
A semente enterrada; o óvulo, imaturo.
Na Terra
germinando...
Uma prostituta, um padre, um coveiro.
Uma criança no ventre,
luta, espera.
Seu caule, interno
à terra, ao calor, à placenta
da mãe; pré-funestos.
Nasceu a Rosa!
Livrou-se da prisão da terra
úmida e fértil.
Forma – simplicidade.
Tanta vida em tão pouca matéria!...
O tempo corre. Tanto
para quem vaga quanto para quem fica.
III
Uma Rosa não é uma rosa.
Atenção à vida.
Cor, perfume.
Mijo, sutileza.
Morte.
Uma rosa não é mais nem menos
que um carneiro uma pomba
uma garota que come chocolates.
Rosa-flor.
Rosa-cor.
Rosa-vida.
Rosa-náusea.
Rosa-virilha.
Rosa-mortalha.
Os sentidos não à todos confundem igualmente.
Eu falo – mas muitos não ouvem-me.
(ou escutam-me)
A Rosa fala – e não a entendemos.
Passado futuro fundem-se
no Interminável.
Colha uma flor
em seu jardim, olha-a
como quem olha toda
a vida de um mundo de vida
passageira e instantânea.
Uma janela se fecha
um pêndulo pára
a moça suspira:
algo ocorreu.
O tempo parou. A vida parou.
Tantas mil coisas
padecem e nascem
num mísero instante. Um mísero instante
de suspiros,
partições
de idéias, de homens,
um instante como todos
os outros.
IV
A noite que chega, afasta
os outros, o outro, some
com a luz, e fica o reflexo
da vida, da morte fria
e pálida... pálida
como um corpo abandonado à beira da estrada,
a manta com que a mãe
envolve o filho à noite,
uma noite gelada.
O caule se quebra, a flor murcha,
o câncer se instala, a mente perece;
e tudo volta à aspereza do túmulo!
Húmus, alimento, no solo – saturado.
(o mais adubado solo é o do cemitério)
Nos olhos, uma vez brilharam sonhos
agora: raízes
de uma roseira...
E as vértebras de uma cobra morta.
Carne podre serve de alimento:
A COMISERAÇÃO DOS ARTRÓPODES!
Sarcófagos que guardam só poeira,
ossos, lembranças – mais nada.
Sob um poço fechado pelo triste coveiro,
nasce uma flor...! Uma única flor...!
Aquela que se alimenta
do que à terra o Morto legou.
V
Uma Rosa está caindo
esperando alcançar o chão...
Tendo sua imagem vista e admirada,
mesmo estando seca
e esmagada.
27/12/2006.
.
Foi montado durante meses, quase um ano de trabalho. Representa mais que a vida; diferente do outro, representa a minha vida e forma de encará-la e de como eu penso: entender este poema é entender a mim.
Agradeço todos que lerem e comentarem.
quarta-feira, março 07, 2007
Defesa da Poesia - 1
André ele se denominava,
Andava de madrugada
Com uma bituca do cigarro, amargura.
Gosto azedo em sua boca
Das carícias pouco entendidas,
De deslizes desenrolados, desandadas
Aventuras, uma louca
Amante, serva, moça.
Agora estava sentado na borda da calçada,
Numa lua nublada, numa avenida conturbada,
Tomando ar para o discurso, palavra não gritada.
"Poeto para mim,
Para uma aceitação, um sim
Animado, sem fim.
Discurso, abuso
Do direito incluso
De manifestar luto
Pelo verbo abandonado.
Defendo a poesia desse concreto frio
Nessa calçada, mausoléu e rio
De correnteza das palavras humanas,
Defendo a poesia de televisão,
A prosa das causas artísticas
Enterrada num cotidiano são."
Andava de madrugada
Com uma bituca do cigarro, amargura.
Gosto azedo em sua boca
Das carícias pouco entendidas,
De deslizes desenrolados, desandadas
Aventuras, uma louca
Amante, serva, moça.
Agora estava sentado na borda da calçada,
Numa lua nublada, numa avenida conturbada,
Tomando ar para o discurso, palavra não gritada.
"Poeto para mim,
Para uma aceitação, um sim
Animado, sem fim.
Discurso, abuso
Do direito incluso
De manifestar luto
Pelo verbo abandonado.
Defendo a poesia desse concreto frio
Nessa calçada, mausoléu e rio
De correnteza das palavras humanas,
Defendo a poesia de televisão,
A prosa das causas artísticas
Enterrada num cotidiano são."
terça-feira, março 06, 2007
Necropedofilia
Dois pequenos olho, um tímido nariz, uma pequeníssima boca; tudo na face
daquele anjinho que seduzira-me: tornou-se amada
apesar de morta, triste e infantil;
mas, em breve, meu amor será substituído pelo do verme...
não deixarei! Hei de mantê-la a meu lado;
em minha casa ficará! Mesmo estando fria...
Empalhada como um animal; uma boneca fria
e eterna; constituir-se-á isso – e apenas isso: boneca de inexpressível face;
tornar-se-á um ornamento com outras assim ao seu lado!
Afrodisíacos!... Enfeites!... Minha amada
provocará o libido meu e dos Criados; e o verme
invejará a orgia bacanesca em torno do minúsculo cadáver infantil...
Desejo-te: teu semblante erógeno e infantil
provocas-me; e, embora incomum, minha paixão por tua fria
carne é real. Não há verme...
Sequer um... que ganhará sua face
além de mim! – pela eternidade será minha Lolita, querida, amada,
e ficará comigo, sempre a meu lado.
Sortudo daquele que adentrar minha tumba: lado a lado,
milhares de corpos – empalhados – posicionados em uma orgia – eterna e infantil –
de proporções sádicas; não haverá mais pessoa querida ou amada:
só um museu cadavérico. E fria,
triste e aterrorizada manter-se-á a face
de nosso visitante; tornar-se-á o almoço do grande coveiro-mestre: o verme.
(almoço ou jantar? tanto faz...) E como me esqueço dele! Do verme –
que responsável é pelo sumiço da carne, e ao lado
da ossada, tem sua sesta. E perante à face
angelical e pálida – nem mesmo a infantil... –
não sucumbe! Nem imagina, pensa ou comove-se com a razão da fria
temperatura do corpo de quem só foi, depois de morta, desvirginada e amada...
Desculpe-me, pequeno entalho sem vida: o verme tem a mesma inocência infantil
que você. Não conhece a morte, mesmo morando a seu lado; nem sabe que sua fria
refeição teve outrora na face o olhar meigo de uma criança amada...
15/11/2006
.
Uma sestina: poema criado com base em 6 palavras dispostas no final de cada verso, alternando-se em cada uma das 6 estrofes e terminando em um terceto em que cada verso possua duas dessas palavras, sem repetição.
Um desejo antigo e forte meu. >"<
daquele anjinho que seduzira-me: tornou-se amada
apesar de morta, triste e infantil;
mas, em breve, meu amor será substituído pelo do verme...
não deixarei! Hei de mantê-la a meu lado;
em minha casa ficará! Mesmo estando fria...
Empalhada como um animal; uma boneca fria
e eterna; constituir-se-á isso – e apenas isso: boneca de inexpressível face;
tornar-se-á um ornamento com outras assim ao seu lado!
Afrodisíacos!... Enfeites!... Minha amada
provocará o libido meu e dos Criados; e o verme
invejará a orgia bacanesca em torno do minúsculo cadáver infantil...
Desejo-te: teu semblante erógeno e infantil
provocas-me; e, embora incomum, minha paixão por tua fria
carne é real. Não há verme...
Sequer um... que ganhará sua face
além de mim! – pela eternidade será minha Lolita, querida, amada,
e ficará comigo, sempre a meu lado.
Sortudo daquele que adentrar minha tumba: lado a lado,
milhares de corpos – empalhados – posicionados em uma orgia – eterna e infantil –
de proporções sádicas; não haverá mais pessoa querida ou amada:
só um museu cadavérico. E fria,
triste e aterrorizada manter-se-á a face
de nosso visitante; tornar-se-á o almoço do grande coveiro-mestre: o verme.
(almoço ou jantar? tanto faz...) E como me esqueço dele! Do verme –
que responsável é pelo sumiço da carne, e ao lado
da ossada, tem sua sesta. E perante à face
angelical e pálida – nem mesmo a infantil... –
não sucumbe! Nem imagina, pensa ou comove-se com a razão da fria
temperatura do corpo de quem só foi, depois de morta, desvirginada e amada...
Desculpe-me, pequeno entalho sem vida: o verme tem a mesma inocência infantil
que você. Não conhece a morte, mesmo morando a seu lado; nem sabe que sua fria
refeição teve outrora na face o olhar meigo de uma criança amada...
15/11/2006
.
Uma sestina: poema criado com base em 6 palavras dispostas no final de cada verso, alternando-se em cada uma das 6 estrofes e terminando em um terceto em que cada verso possua duas dessas palavras, sem repetição.
Um desejo antigo e forte meu. >"<
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Iniciando
Sou o último a postar no blog, mesmo tendo meu convite confirmado a algum tempo. Estou em período improdutivo, como todo começo de ano é. Começarei com uma autobiográfica deste ano, que título não carrega. Dou meus votos que participarei com frequência e com coisas mais interessantes.
Deixei de ser quem era
Esqueci antigos paradigmas
Agi diferente.
Da reação esperada.
Consegui a iluminação
Aquela simples e destoante
Que vem sem aviso prévio
Mudando a mente velha
Acostumada e estática.
Hoje minhas procuras são diferentes
Não almejo aquilo que desejei
Anseio o que rejeitei
Sou mais Carlos
E menos Antonechen.
Deixei de ser quem era
Esqueci antigos paradigmas
Agi diferente.
Da reação esperada.
Consegui a iluminação
Aquela simples e destoante
Que vem sem aviso prévio
Mudando a mente velha
Acostumada e estática.
Hoje minhas procuras são diferentes
Não almejo aquilo que desejei
Anseio o que rejeitei
Sou mais Carlos
E menos Antonechen.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Exegeses
Andei até encontrar
(eu não sabia o que era, mas conheci minutos depois)
Um dicionário ambulante pra conversar
(no nosso mundo real, dicionários ambulantes não existem, mas considerem alguém fantasiado, ou um dicionário de verdade encarapitado em cima de um carrinho de rolimã, ou sobre patins - movimentando-se de alguma forma - ou simplesmente possa ser uma expressão que o autor encontrou para expressar uma escolha vã)
Sobre Deus, filosofia, paz, escargots, abridores de latas e liquidificadores
(atos de alguém desesperado por diálogos)
Assuntos que eram discutidos minuciosamente
(pormenorizadamente, afinal, estamos tratando de dicionários)
Deus.
(O aquele, triângulo, universal, paradoxal e espectral e ainda mais etéreo)
cansamos de deus - filosofamos
(ou fingimos que filosofamos, porque aniquilamos o ato pensar)
A Paz
(eu vi uma pomba branca ser atropelada por uma ambulância num pátio de hospital)
Escargots
(chiques, nuas e cruas, lesmas antagonistas que invadiram um espaço considerado de bom valor para discussões)
Enfim, peguei uma lata de sardinha e fiz um rolmops.
(com vitamina de abacate)
(eu não sabia o que era, mas conheci minutos depois)
Um dicionário ambulante pra conversar
(no nosso mundo real, dicionários ambulantes não existem, mas considerem alguém fantasiado, ou um dicionário de verdade encarapitado em cima de um carrinho de rolimã, ou sobre patins - movimentando-se de alguma forma - ou simplesmente possa ser uma expressão que o autor encontrou para expressar uma escolha vã)
Sobre Deus, filosofia, paz, escargots, abridores de latas e liquidificadores
(atos de alguém desesperado por diálogos)
Assuntos que eram discutidos minuciosamente
(pormenorizadamente, afinal, estamos tratando de dicionários)
Deus.
(O aquele, triângulo, universal, paradoxal e espectral e ainda mais etéreo)
cansamos de deus - filosofamos
(ou fingimos que filosofamos, porque aniquilamos o ato pensar)
A Paz
(eu vi uma pomba branca ser atropelada por uma ambulância num pátio de hospital)
Escargots
(chiques, nuas e cruas, lesmas antagonistas que invadiram um espaço considerado de bom valor para discussões)
Enfim, peguei uma lata de sardinha e fiz um rolmops.
(com vitamina de abacate)
sábado, fevereiro 24, 2007
Crônica #1
Já eram vinte e três horas, e nenhum deles havia chegado no lugar que marcamos. Foram pegos. Com o coração batendo num ritmo anormal, peguei minha bolsa e saí do recinto, olhando de forma quase paranóica para os lados. Um ônibus vinha na rua, e quase imediatamente fiz sinal. Entrei.
Tentando desviar meu pensamento das torturas que certamente já estariam sendo aplicadas nos meus companheiros, olhei para trás. Havia um homem ali, com roupas tipicamente vestidas por mafiosos e me olhando como se me avaliasse. Tendo certeza de que sua intenção não era dirigir-se a mim como um partido em potencial, levantei-me e desci no primeiro ponto possível.
Como suspeitava, o sombrio homem desceu também. Eu não sabia onde eu me encontrava, e seria inútil tentar achar conhecidos por ali. Apressei o passo e puxei minha pistola; a última coisa que queria era usá-la, mas o homem estava pedindo isso.
Ele era mais rápido do que eu, com certeza vou "cair" dessa vez. Como Domenic e Estela. Como todos os homens que admiro. O sujeito me alcançou. Era o fim. Pegou meu ombro. Tentei atirar. Não podia. Não sou assasina. Calmamente, ele disse:
-Moça, deixou seu relógio cair.
--------x---------
Colocado com linhas separando os parágrafos porque eu não lembro como coloca (/incompetente). Ficou bem menor que o original, no papel. E sim, tá simples.
Tentando desviar meu pensamento das torturas que certamente já estariam sendo aplicadas nos meus companheiros, olhei para trás. Havia um homem ali, com roupas tipicamente vestidas por mafiosos e me olhando como se me avaliasse. Tendo certeza de que sua intenção não era dirigir-se a mim como um partido em potencial, levantei-me e desci no primeiro ponto possível.
Como suspeitava, o sombrio homem desceu também. Eu não sabia onde eu me encontrava, e seria inútil tentar achar conhecidos por ali. Apressei o passo e puxei minha pistola; a última coisa que queria era usá-la, mas o homem estava pedindo isso.
Ele era mais rápido do que eu, com certeza vou "cair" dessa vez. Como Domenic e Estela. Como todos os homens que admiro. O sujeito me alcançou. Era o fim. Pegou meu ombro. Tentei atirar. Não podia. Não sou assasina. Calmamente, ele disse:
-Moça, deixou seu relógio cair.
--------x---------
Colocado com linhas separando os parágrafos porque eu não lembro como coloca (/incompetente). Ficou bem menor que o original, no papel. E sim, tá simples.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Pormenoremas
Um poema
leve dilema
pra descrever
o que sonhar
quais letras cerzir
entremeando temas...
assuntos...
o torpor...
cada página
quando torço
verte rios de sangue
e lágrimas
que secam ao sol
desejo...
tudo rápido
descompassado -
em tempo
emprestei um compasso.
perdi um metrônomo.
sem tempo para patíbulos
na escolha entre cáftens
vejo pormenores
contidos em detalhes
nos cartazes
de adolescentes
nuas
despidas na calçadas
as exibidas.
álgido hálito que perpassa
inebriantes cartilagens e tendões
do meu dilema
encarcerado sabe aonde?
não neste poema, mas sim
na minha pena.
leve dilema
pra descrever
o que sonhar
quais letras cerzir
entremeando temas...
assuntos...
o torpor...
cada página
quando torço
verte rios de sangue
e lágrimas
que secam ao sol
desejo...
tudo rápido
descompassado -
em tempo
emprestei um compasso.
perdi um metrônomo.
sem tempo para patíbulos
na escolha entre cáftens
vejo pormenores
contidos em detalhes
nos cartazes
de adolescentes
nuas
despidas na calçadas
as exibidas.
álgido hálito que perpassa
inebriantes cartilagens e tendões
do meu dilema
encarcerado sabe aonde?
não neste poema, mas sim
na minha pena.
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Pensamento do Escritor Medíocre
Nada,
Não disserto nem sobre
Fracasso
Ou Descaso,
Não discuto, sou pobre,
De palavra abalada.
Nada que vejo é maduro
E toda a circunstância
Se torna peso duro,
É a falta de constância.
Nenhuma inspiração, nenhum desejo,
Nenhuma inquietação, nenhum despejo,
Toda a libertação, todo o desespero,
Pilha dos papéis, do fracasso.
Montanhas e montanhas de palavras,
Abismos e abismos de culpas,
Mas um aprendizado,
Um laço delicado.
Minha loucura está somente,
Tão decididamente,
Dormente.
A frustração e o incomodo
São seu duradouro
Ronco.
Não disserto nem sobre
Fracasso
Ou Descaso,
Não discuto, sou pobre,
De palavra abalada.
Nada que vejo é maduro
E toda a circunstância
Se torna peso duro,
É a falta de constância.
Nenhuma inspiração, nenhum desejo,
Nenhuma inquietação, nenhum despejo,
Toda a libertação, todo o desespero,
Pilha dos papéis, do fracasso.
Montanhas e montanhas de palavras,
Abismos e abismos de culpas,
Mas um aprendizado,
Um laço delicado.
Minha loucura está somente,
Tão decididamente,
Dormente.
A frustração e o incomodo
São seu duradouro
Ronco.
terça-feira, janeiro 30, 2007
Um pensamento que fala de visão, mas não de olhos.
"You put on our brave face and slip over the road for a jar.
Fixing your grin as you casually lean on the bar,
Laughing too loud at the rest of the world
With the boys in the crowd
You hide, hide, hide,
Behind petrified eyes."
Paranoid Eyes.
Dizem que, de todos os sentidos, a visão é um dos que melhor representa o homem. Olhos são aparelhos que, através de um engano e de uma perspectiva própria, criam uma energia que ilumina e integra os sentidos aparentemente distintos, como o tato e o olfato. No entanto, acho um engano pensar que a visão pertence apenas aos glóbulos oculares. A perspectiva está presente em cada cinza que integra sua existência.
Outra coisa assustadora é constatar que, além de nós, podemos enxergar objetividade em objetos, em construções externas, dintintas completamente da nossa natureza. Podemos ver futuros, desastres e glórias num pedaço de pedra. Vemos linhas do nosso pensamentos em pensamentos de outros, em outros seres. Chamo isso de milagre da separação, que não é solitária por existir a individualidade. O dia que o egoísmo estiver morto, o pensamento terá sua parada e a solidão recobrirá tudo o que existe em qualquer realidade sem vida, com paisagem morta. Uma paz plena, um desespero pleno.
Então, na próxima vez que for falar no futuro de jovens ou no futuro das crianças, pense que até o enfermo tem futuro. Sempre podemos nos agarrar às memórias e aos aspectos simples da vida, ou até podemos não depender de nada, é tudo inconstante. Pense que um morto pode gerar destinos simplesmente pelo que ele deixou em nossas mãos. Pense que sua vida pode mudar completamente nos próximos 30 segundos, mesmo que você seja cego, não só nos olhos.
"You believed in their stories of fame, fortune and glory.
Now you're lost in a haze of alchohol soft middle age
The pie in the sky turned out to be miles too high.
And you hide, hide, hide,
Behind brown and mild eyes."
Obrigado, Pink Floyd.
Fixing your grin as you casually lean on the bar,
Laughing too loud at the rest of the world
With the boys in the crowd
You hide, hide, hide,
Behind petrified eyes."
Paranoid Eyes.
Dizem que, de todos os sentidos, a visão é um dos que melhor representa o homem. Olhos são aparelhos que, através de um engano e de uma perspectiva própria, criam uma energia que ilumina e integra os sentidos aparentemente distintos, como o tato e o olfato. No entanto, acho um engano pensar que a visão pertence apenas aos glóbulos oculares. A perspectiva está presente em cada cinza que integra sua existência.
Outra coisa assustadora é constatar que, além de nós, podemos enxergar objetividade em objetos, em construções externas, dintintas completamente da nossa natureza. Podemos ver futuros, desastres e glórias num pedaço de pedra. Vemos linhas do nosso pensamentos em pensamentos de outros, em outros seres. Chamo isso de milagre da separação, que não é solitária por existir a individualidade. O dia que o egoísmo estiver morto, o pensamento terá sua parada e a solidão recobrirá tudo o que existe em qualquer realidade sem vida, com paisagem morta. Uma paz plena, um desespero pleno.
Então, na próxima vez que for falar no futuro de jovens ou no futuro das crianças, pense que até o enfermo tem futuro. Sempre podemos nos agarrar às memórias e aos aspectos simples da vida, ou até podemos não depender de nada, é tudo inconstante. Pense que um morto pode gerar destinos simplesmente pelo que ele deixou em nossas mãos. Pense que sua vida pode mudar completamente nos próximos 30 segundos, mesmo que você seja cego, não só nos olhos.
"You believed in their stories of fame, fortune and glory.
Now you're lost in a haze of alchohol soft middle age
The pie in the sky turned out to be miles too high.
And you hide, hide, hide,
Behind brown and mild eyes."
Obrigado, Pink Floyd.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
Arquitetos Lexicais
É isso aí gente. Podemos usar sem medo essa designação.
Trabalhamos com as estruturas lexicais (basicamente nosso vocabulário), nossa gramática, tudo em prol de um bom ritmo contido nas poesias para agradar aos nossos leitores.
O aperfeiçoamento do ritmo, da musicalidade, transforma qualquer frase filosófica de impacto em uma sentença deslumbrante. Nossas poesias ressoarão alegres com seu próprio som interior.
Implorarão para serem transformadas em letra de música.
Trabalhamos com as estruturas lexicais (basicamente nosso vocabulário), nossa gramática, tudo em prol de um bom ritmo contido nas poesias para agradar aos nossos leitores.
O aperfeiçoamento do ritmo, da musicalidade, transforma qualquer frase filosófica de impacto em uma sentença deslumbrante. Nossas poesias ressoarão alegres com seu próprio som interior.
Implorarão para serem transformadas em letra de música.
sábado, janeiro 27, 2007
Apesar de... estamos aqui!
Apesar de sermos apenas um grupo de amigos que está em formação para publicar pequenos textos e links inteiramente dedicados à nossas artes particulares, estamos aqui. O nome The Blue Writers foi retirado do fórum Blue Steel Castle, criado por Pedro Z. de Araújo para meramente reunir amigos próximos e não-tão-próximos (WTF). A ideia original do blog veio da usuária Carol, conhecida como "Sombra Demônio" (LOL?) ou "Shadow Demon" =]
Espero que tenham boas leituras. E espero também achar um designer decente, essa espelunca assim tá zoada ¬¬;
Espero que tenham boas leituras. E espero também achar um designer decente, essa espelunca assim tá zoada ¬¬;
Começa. Escreve. Rabisque. Espere.
Carol era uma carioca, Carol não tinha sossego,
Carol tinha aula, Pedro falava do escrito,
Os dois falavam muito, sem qualquer mito.
Pedro falava do escrito, Pedro falava de rabiscos,
Carol teve uma idéia, uma idéia pra juntar amigos,
Amigos que Pedro já juntava, sem qualquer indício,
Carol queria um blog, Pedro fazia encontro.
Cá estamos com o blog,
Que não é tão complexo como log
E nem tão irritadiço quanto o sons
Das palavras confusas dos bons
Amadores que somos,
Que nos tornamos.
Carol tinha aula, Pedro falava do escrito,
Os dois falavam muito, sem qualquer mito.
Pedro falava do escrito, Pedro falava de rabiscos,
Carol teve uma idéia, uma idéia pra juntar amigos,
Amigos que Pedro já juntava, sem qualquer indício,
Carol queria um blog, Pedro fazia encontro.
Cá estamos com o blog,
Que não é tão complexo como log
E nem tão irritadiço quanto o sons
Das palavras confusas dos bons
Amadores que somos,
Que nos tornamos.
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