Sente-se.
Convido-te para uma reflexão. Nada muito profundo, talvez algo mais bobo que o normal.
O alfabeto latino ocidental tem cerca de 24 letras.
Há inúmeras combinações compartimentadas em palavras em diversas línguas.
Poderia colocar a quantidade de palavras que podem ser formadas aqui, em todos os idiomas.
Seria alguma estatística para dizer "uau". Mas não provocaria outros efeitos.
Agora, reflita.
Como o escritor pode ser exaltado por, simplesmente, digitar ou escrever o que deve ser feito?
Como se pode glorificar uma pessoa que faz algo que já está previsto nas combinações de palavras, nas combinações de expressão e no número de letras?
Há médicos heróis, que salvam vidas. Há advogados que salvam pessoas inocentes, além dos engenheiros que se esforçam pelo meio ambiente, em criações mirabolantes.
Não puxe tanto o saco do escritor, pois ele é um ser vaidoso por natureza.
Assim como todas as profissões, claro. Mas é vaidoso por fazer algo que já é previsto.
A única coisa que não se prevê nos livros e textos é uma, uma só.
O leitor.
O leitor pode fazer revoluções embalado por livros. Pode renovar a si mesmo.
Pode se questionar, pode se contradizer, pode se tornar tão vaidoso quanto seu autor predileto.
O leitor deve ser o real objetivo de um escritor. É delicioso e praticamente eterna a situação de criar um texto, mas ele é submetido em uma medida e em um código com limites.
O mundo sem fronteiras só existe em dois casos: na cabeça do leitor e no tamanho do texto.
Mas texto enorme por ser enorme é chato demais (...).
domingo, fevereiro 03, 2008
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4 comentários:
O sapo...
boa reflexão proposta.
É o leitor quem dá (constrói) sentido ao texto. O texto vive por causa do leitor que lhe faz viver.
Só não concordo muito com a questão de o escritor fazer "algo que deve ser feito".Não vejo como sendo dessa forma. Glorifica-se o escritor (muitas vezes mais do que se deveria, tudo bem), porém, assim acontece, creio eu, porque através das palavras dele muitas pessoas tem suas vidas transformadas, constroem novos sentidos para si e para o mundo. Ou seja, o escritor é assim exaltado porque consegue tocar no íntimo das carências humanas. E assim com toda forma de arte (música, cinema, artes plásticas, teatro...).
Vou enviar a ti um texto meu (excerto de uma pesquisa), em que discorro sobre a liberdade de interpretação em um texto. Gosto de refletir com outras pessoas sobre isso.
abraços,
Í.ta**
gostei bastante, e te dou a razão.
mas o ítalo acaba de tirar parte dela pela colocação bem colocada sobre o toque no âmago das pessoas.
:D
O Fernando Sabino traz algo para essa conversa: "É um ato de amor a criação. Se não fosse o fato de existir o leitor, o escritor estaria praticando um ato solitário. Por isso eu cultivo o leitor. O amor se faz pelo menos a dois".
De certa forma, podemos pensar que o escritor pratica um ato solitário, num primeiro momento. Mas é em função do segundo momento (a interação a dois, com o leitor), que ele vive.
Í.ta**
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