Lia um conto de Sagarana quando uma menina sentou-se: portava um livrinho destes que fazem sons ao abrir; lia em voz alta, com dificuldade, cada frase. Formava parágrafos devagarinho. Vi e revi a pequena. Em volta, uma roda de adolescentes reclamava, as pessoas reclamavam, eu não: estava maravilhado com a garota lendo um livro com gosto, paixão.
Meu primeiro livro veio à cabeça: uma coletânea de contos infantis. Desde La Fontaine até autores desconhecidos. Muitas, muitas histórias... magia, ladrões, valores, gigantes, princesas. Li-os todos, diversas vezes. Primeira obra! Dormi tarde várias vezes graças à leitura. Adorava ler uma história duas vezes, sempre mudava um pouquinho – o mesmo efeito da poesia hoje.
Era bom: não havia mal que me atingisse. Briga com minha mãe se remediava lendo. Devo muito a este livro: sem ele, não sei como seria meu gosto pela leitura; com ele, criei interesse em adentrar a bibilioteca de meu pai e lá me instalar sempre que possível. Meu melhor presente, sem dúvida.
A menina se foi, continuei lendo Sagarana e seus contos nas almofadas da livraria, mas não sem a boa lembrança dos dias antigos na cabeça. Obrigado, menina! Obrigado, meu livro!
03/11/2007
Escrevi isso há um bom tempo. Verídico.
9 comentários:
Eu não lembro qual foi o primeiro livro que li... Mas lembro qual foi o último...
lembro me de que gostava de ler La Fontaine também, em dias chuvosos...
Lembro que gostava de ler HQs do Spider-Man com 7 anos de idade.
Não lembro se li La Fontaine.
Abração =]
Comecei a ler tarde. Ensino médio. Antes, só por obrigação escolar. Posso afirmar, com isso, que formei-me leitor muito mais por mim mesmo (por uma necessidade) do que propriamente por um incentivo.
Sempre bom ler algo que remete à prática de leitura das pessoas. Parabéns pela sensibilidade de observar a menina, e de registrar o ocorrido.
abraços,
Í.ta**
Quando era pequena, não que eu seja grande, lia tudo que havia em casa. De burlescagens do Harold Robbins a todo o Sítio do Monteiro Lobato e a coleção Tesouro da Juventude (que ainda tenho), dos sonetos sacanas do Bocage (ó, sim, foi cedo!) a alguns contos do Machado, como Uns Braços, que me ficou como um dos meus favoritos ainda. Mas nisso eu já tinha uns doze, treze... De pequena, pequenininha, me recordo de um livrinho sobre uma fada que viajava o mundo (bem boiolinha, hehe) e, mais tarde, dos livros de Pedro Bandeira e Adelaide Carraro.
Nossa! Já faz tanto tempo! Ô, sessão nostalgia!
Beijos, abraços e naftalina!
Obrigado a todos.
Eu gostava muito de ver livros com imagens do inferno que meu pai tinha. Na verdade, o livro tinha figuras sobre todas as passagens bíblicas, mas a parte maligna me atraia mais: gostava de inventar histórias e imaginar coisas através delas.
Outros livros que li MUITO foram o Guia do Escoteiro Mirim da Disney, "protagonizado" pelo trio Huguinho, Zezinho e Luizinho e alguns manuais de organização doméstica (meu quarto é o mais organizado da casa desde pequeno). Nunca fui escoteiro, mas eu ADORAVA ler os gibis do Tio Patinhas, tanto que comecei a aprender inglês com eles e Super Mario 64; meu tio trazia dos EUA alguns e eu sempre pegava pra desvendar.
Tem muitos mais... e esse Guia tem umas 15 edições, é bem amplo, e o tenho até hoje!
caramba, eu também li as coleções dos escoteiros!!! tinha quase todos... acho que faltou alguns...
mas eu sempre li asterix, esse sim, tive todos...
(mas a família extraviou alguns)
=]
a propósito, eu tenho uma coleção considerável dos almanacões temáticos do Walt Disney.. Adoro muito ler esse tipo de gibi!
Eu já fui escoteira...
...
"sempre alerta" e tudo o mais...
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