Pelo barulho dos veículos,
Pelas conversas rotineiras,
Pelos locais-comuns, pela comunidade opressora
De costumes orinários conjunturais,
Opaca pelo bombardeio de dados e os ratos
Que parasitam seu conteúdo.
Por todos esses motivos
Morre a fala,
Force a barra,
Falo falece, morre a fala.
sexta-feira, dezembro 24, 2010
Roça
Mais longe do computador,
Mais perto das moscas, enrosco
Nos galhos jogados no matão, me enrolo
Nas folhas dos carvalhos e embaralho
Minha vida pessoal nos raios do sol.
Mais perto das moscas, enrosco
Nos galhos jogados no matão, me enrolo
Nas folhas dos carvalhos e embaralho
Minha vida pessoal nos raios do sol.
quarta-feira, dezembro 22, 2010
Jornalismo é uma escola de texto
Você coloca a mão na massa sob pressão,
O prazo suprime a sua criatividade,
O texto legítimo é fatiado por outros,
Você cria seu frankenstein pessoal nas prosas.
Escrever para bons editores
Em dias ruins,
Escrever para maus editores
Em bons dias,
Escrever para todos
Correndo o risco de ser o único leitor.
terça-feira, dezembro 21, 2010
Chuva repentina
Devasta o dia,
Escurece o céu,
Mistura tempos,
Reúne corpos,
Purifica o lodo e é o último banho
Dos urbanos asquerosos.
Escurece o céu,
Mistura tempos,
Reúne corpos,
Purifica o lodo e é o último banho
Dos urbanos asquerosos.
sexta-feira, dezembro 17, 2010
Peça de teatro amadora
É feita por atores perto da realidade,
Ainda distantes da genuína ficção,
Do mais alto calibre de falsidade e criatividade,
É o enxerto que imita a vida
E é a solidão com público amoroso,
Composto por pai, mãe a amiguinhos.
Mas é um espetáculo glorioso
Em um recinto simples, num palco sem muita sofisticação,
Próximo da verdade das coisas.
quarta-feira, dezembro 15, 2010
WikiLeaks
Wiki - Leaks
Coletivo - Vazamento
Coletivo dos vazamentos,
Das fofocas, da comunicação
Mais básica e fundamental,
O boato e os fatos.
Julian Assange
Cabelos brancos, um site de fundo branco,
Informações confidenciais de interesse coletivo,
Global, internacional, com informações literalmente
Desconhecidas do conhecimento geral.
É um homem contra um governo,
Pequeneza contra o complexo,
Mas é também um site contra uma instituição,
Um corpo sem barreiras contra um órgão limitado.
É um terrorista, um jornalista,
Que na verdade é apenas um espião
Levando dados ocultos aos ignorantes
Da nação, de todas as nações.
terça-feira, dezembro 14, 2010
A incomparabilidade da modéstia
(Cuidado! Pode haver clichês, de acordo com os entendidos)
Posso ser chamado de louco
Mas de louco todo mundo tem um pouco
Quem se acomoda é dito fraco
E cai no buraco
Quem corre atrás prevalece
E adoece.
Quem vive de espera cedo se enterra
Ao passo que quem tudo alcança logo se cansa.
O evidente é ser modesto
a força da temperança
Posso ser chamado de louco
Mas de louco todo mundo tem um pouco
Quem se acomoda é dito fraco
E cai no buraco
Quem corre atrás prevalece
E adoece.
Quem vive de espera cedo se enterra
Ao passo que quem tudo alcança logo se cansa.
O evidente é ser modesto
a força da temperança
segunda-feira, dezembro 13, 2010
Insucesso
É um sucesso interrompido,
Um excesso suprimido,
É a realidade do aleatório
Imperceptível, parece
Rotina, não é
Puro fracasso.
sábado, dezembro 11, 2010
Dirigível de chumbo
À prova de balas,
É guiado sobre a cidade,
A metrópole das formigas,
É acertado por canhões
Nos olhares humanos,
Sobrevoa as esperanças
Com peso de toneladas,
E o andar de pluma.
É guiado sobre a cidade,
A metrópole das formigas,
É acertado por canhões
Nos olhares humanos,
Sobrevoa as esperanças
Com peso de toneladas,
E o andar de pluma.
Eu
eu
perdido e revolto
nessa imensidão de embaraços
abrindo as janelas de alegrias
..
não tenho tempo pra abraços
refugio-me nos caprichos
obedecendo a contratempos
os meus temperamentos
..
como posso ser grande
se por dentro sou pequeno
quão grande é a lucidez
por lembrar-se da pequenez
...
como posso mandar em multidões
se quem manda são os medos
a curto prazo o passo é falso
a frase é linda e o poço é fundo
...
eu, dono de mim
rei do meu ser
impávido, gentil
um ser homem de verdade.
perdido e revolto
nessa imensidão de embaraços
abrindo as janelas de alegrias
..
não tenho tempo pra abraços
refugio-me nos caprichos
obedecendo a contratempos
os meus temperamentos
..
como posso ser grande
se por dentro sou pequeno
quão grande é a lucidez
por lembrar-se da pequenez
...
como posso mandar em multidões
se quem manda são os medos
a curto prazo o passo é falso
a frase é linda e o poço é fundo
...
eu, dono de mim
rei do meu ser
impávido, gentil
um ser homem de verdade.
Você
Sim, você
Você humano, que me lê
Sinto sua falta
Mas não sinto seu amor
Você, o humano que lê
Cadê tu?
Escondido sob camadas de retalhos
Temendo ser o próximo que cai?
A gente diz que se envergonha
- não se exponha -
A gente diz que cai uma lágrima
Mas não molha uma página.
Você, ser humano
Eu quero seu amor
Você humano, que me lê
Sinto sua falta
Mas não sinto seu amor
Você, o humano que lê
Cadê tu?
Escondido sob camadas de retalhos
Temendo ser o próximo que cai?
A gente diz que se envergonha
- não se exponha -
A gente diz que cai uma lágrima
Mas não molha uma página.
Você, ser humano
Eu quero seu amor
terça-feira, dezembro 07, 2010
Replicante
Inspirado em Blade Runner
Sou chamado de artifício,
Arte ofício da mão-de-obra escrava,
Uma máquina que não se diferencia de nada,
Um desejo de ser humano,
Enquanto inteligência.
Replico o gênero civilizado,
Mas não sou mais do que fria peça
Do quebra-cabeças das invenções
Mirabolantes dessa terra negra,
Dos céus obscuros e da chuva
Abundante.
Volúvel
O texto e a poesia para qualquer tempo.
Eu vivo para dizer coisas que sei, que são aquelas que eu preciso dizer. E, para dizer sobre o que conheço, comento do que desconheço. Muitas vezes mergulho no total estranho, retirando elementos cognoscíveis. Minha realidade está no ato e nos nexos entre o que me é familiar e o que me é estranho. Eu sou uma unidade moldável, sondável. Minha essência não tem forma fixa, parecendo clara de ovo, plasma do sangue, ar da voz perdida em espaço aberto, gota de chuva e todas as partes de um todo inexato. Eu sou uma vontade de falar, um desejo íntimo, ínfimo e ilimitado de conhecer, uma substância que unifica e umidifica. Não há pedaços secos de meu ser. Estou misturado.
Sou como os nexos de uma razão cartesiana, que se explica em meditações além da física, enquanto tenho ímpetos edgarmorinianos de aliar partes totalmente desconexas de meu corpo disforme. Entendo bem e mal, justo e injusto, ético e antiético, mas brinco de misturá-los no caldo de minha própria pele. Identifico-me com atrocidades na mesma proporção que os amores mais piegas e as indiferenças mais atrozes. Não concebo nada estático, exceto elementos que me ajudem a mover mais e mais a minha sopa compartilhada com todos.
Estou molhado. Sou molhado, enrugado, úmido e não vejo separação dos outros. Os plugues eletromagnéticos preenchem minha nuca com pulsos energéticos que alimentam meus circuitos. Eu me informatizo. A minha saliva é a via mais honrosa da vida. Os meus dedos são instrumentos do ofício do registro. Eu sou máquina e animal, o todo parcial. O absurdo mágico me preenche de graça e me impulsiona a interpretar do meu jeito, sempre de olhos abertos às demais formas. Tudo a mim existe, mesmo quando a verdade é mentira.
Eu não acredito em bloqueios e os dilemas me parecem anseios. Eu durmo apalpando os seios do fluxo, abraçado na teia dos contatos. Minha substância é viscosa, mas tem cheiro e aroma aprazíveis. Meu líquido é preenchimento. O vazio me parecia algum aspecto de contentamento.
Sei que não existem paisagens simples, por mais que existam padrões humanos de representação. Por isso, sempre me enxergo como o caos das informações em caixas elétricas de comunicação, assim como me vejo nos livros velhos e filosoficamente empoeirados. Das correntes elétricas ao papiro deteriorado, eu sou o conhecimento da pele e do osso, da superfície e da ontologia. Eu sou sujeito interpretante e coisa. Eu sou a coisificação que representa, continuamente.
segunda-feira, dezembro 06, 2010
O livro que se lê no metrô
É o mesmo folhetim de rápido consumo,
Ou é uma obra de imersão, uma alienação da realidade
Dentro de uma liberdade poética,
A obra literária de metrô é aquela que não se abala
Com o ritmo das pessoas e que não sofre
Do balanço dos ônibus de São Paulo.
Uma obra de metrô é uma obra de trem,
Uma obra de viagem passiva e de paisagens
Sem nenhum detalhamento, do isolamento
Em uma caixa de ferros e rodas, prisão
Flutuante.
domingo, dezembro 05, 2010
Transcrever
... é transpor o que deve ser escrito e
Extirpar o que resta do meu ente,
Dando vida ao que não respira,
A única mágica possível.
Mas escrever, transcrever, transpirar é correr o risco de cair nos deslizes pessoais e alheios,
É perder-se em todo e qualquer referencial,
É cair num código alfabético, tentando traduzir o que não se explica pelos códigos da matemática.
Busca da aritmética do espírito,
Da geometria dos desejos,
Extrapola os limites do meu corpo,
Gera feridas na minha mentalidade
E metamorfoseia minhas conclusões.
"escrever dói"
Segundo Fábio Fernandes
Extirpar o que resta do meu ente,
Dando vida ao que não respira,
A única mágica possível.
Mas escrever, transcrever, transpirar é correr o risco de cair nos deslizes pessoais e alheios,
É perder-se em todo e qualquer referencial,
É cair num código alfabético, tentando traduzir o que não se explica pelos códigos da matemática.
Busca da aritmética do espírito,
Da geometria dos desejos,
Extrapola os limites do meu corpo,
Gera feridas na minha mentalidade
E metamorfoseia minhas conclusões.
"escrever dói"
Segundo Fábio Fernandes
Força transpondo
Obscurece meu entorno, esgota minha energia,
Me faz machucar quem amo, exterminar quem sou,
Avacalhar minhas razões, não canalizar meus medos.
Direciono as forças, não deixo-as transpor,
Não ergo a mão para ferir quem me afaga,
Mas tiro a adaga que me corta, que me rasga.
sexta-feira, dezembro 03, 2010
Meta: duas linhas
Duas linhas, duas palavras,
Duas migalhas de pão aos pombos,
Dois textos na redação ao seu editor,
Dois beijos na testa da mãe,
Dois beijos na boca carnuda da namorada,
Dois terços de um quarto da minha essência
Que vive nessas linhas sem sentido,
Duas linhas, duas palavras, cotidiano.
A tal literatura
Diz-se significativa, diz-se essencial,
Diz-se estrutura fundamental,
Entrelaça nas relações humanas essenciais,
Vive naquela besteira chamada poesia,
Vive na boca dos tolos alegres.
Mas nasce na água corrente,
No lodo urbano,
Nos sentimentos insanos.
Chuva de verão
Alívio, refresco barato,
Água de metrópole chuva, água trovoada do campo,
Úmido, me aborreço.
Vem e vai. Suja e muda
As circunstância, deixa interminado
O acontecimento.
quinta-feira, dezembro 02, 2010
Ontoverbologia
O ser precede o verbo,
O verbo anuncia o ser,
A ontologia se confunde com o ato,
A substância se confunde com o formato.
A tola filosofia forma os tempos verbais simétricos e
Os verbos dispensáveis criam o mais profundo pensamento.
Fim de década
Começou em 2001, acabou em 2010,
Começou binária + 2, terminou do mesmo jeito,
Teve bandas de rock insossas, teve blogs abundantes,
Teve muita rede, teve muita solidão,
Teve pouca política,
Teve muito alarde,
Teve planeta morrendo,
Teve palavras escorrendo,
Tempestade muda em dez anos, binária, ordinária.
Anarquia consentida
"Ninguém te representa" vi pichado na rua hoje, em São Paulo, representa um sistema
Falho, um presidente marionete, um deputado que rouba, um ceticismo que arromba,
Ninguém nos representa, ninguém me representa, ninguém representa ninguém,
Vi pixado nos muros paulistanos, vi estampado nos corações marginais,
Vi paralelo ao núcleo que nunca sabemos, acreditamos no capitalismo,
Sonhamos com o socialismo, vivemos na anarquia consentida.
Redação de jornalismo
Todos são céulas, em suas mesas, em suas divisões, em sua linha de produção,
Computadores abertos, mentes escancaradas na imaginação, ceifadas na edição,
Sistemas de pessoas, pessoas mecanizadas, textos terceirizados de agências de notícias,
Um pouco de criatividade, um balde de café, salas envidraçadas
Para revelar o calabouço do escritor.
A essência do futurismo e dos deslocamentos de tempo
É falar sobre o presente, em tom retrô, em tom posterior, em transição, sem ponto fixo,
Como desenho disforme, homens distorcem, enredos contorcem,
Robôs caminham, cavaleiros derrubam dragões,
E eu viajo em um punhado de papéis,
Dentro do metrô.
Rimas estúpidas
Quero expurgá-las, matar todo o lirismo, criar um cinismo quanto às formas, deturpar
Toda hora meu senso comum, estuprar meu estilo, devorar meu intento contente,
Criar formas assimétricas, métrica da dieta, suco de soja.
Poesia de todo dia
Começa com um verso, um pedaço de migalha, um nada do nada, que nada por oceanos cotidianos,
Que navega na minha cabeça em fragmentos, que começa com a tinta no papel, no barulho
Das teclas incessantes, da minha sóbra loucura intinerante,
Encosto a pena, o dedo, o pensamento, o verbo, o sujeito e o predicado,
E começo a escre...
Androginia de David Bowie
Não é apenas fantasia, purpurina, lantejoulas, visual, design, maquiagem, lápis de olho, futilidade,
Utilidade, masturbação, mas é uma dubilidade vocal, são palavras paradoxais, voz de veludo,
Texto peludo, cheio de roquenrou e complexidade.
quarta-feira, dezembro 01, 2010
O labirinto de Cortázar
Me prendo nas paredes, nos contornos
De uma mulher nua, de uma palavra dura,
Encrostada numa realidade crua, de entornos
Com estorvos, livro dobrado, gasto, rasgado,
Personagens ralos, última palavra regada
Ao jazz do nonsense.
Escritor argentino descortês.
segunda-feira, novembro 29, 2010
Augusto de Campos e a poesia concreta

Matéria original do Bola da Foca
"Hoje, escrevo três poesias por ano" afirmou, humildemente, o histórico poeta Augusto de Campos. No último dia 20 de novembro, Campos esteve na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, na Rua Henrique Schaumann, perto da Avenida Brasil, em São Paulo.
"Hoje, escrevo três poesias por ano" afirmou, humildemente, o histórico poeta Augusto de Campos. No último dia 20 de novembro, Campos esteve na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, na Rua Henrique Schaumann, perto da Avenida Brasil, em São Paulo.
Explicando sobre os movimentos paulistas de arte contemporânea nos últimos 60 anos, Augusto de Campos falou do relacionamento dos jovens paulistas de 1945 com as artes plásticas e como eles empregaram isso na práxis poética, criando o movimento concretista na poesia brasileira. "Fizemos muitos trabalhos visuais".
Poesias como "Luxo Lixo" e vários trabalhos gráficos de Campos foram lembrados. "Havia também o Décio Pignatari, que era ligado com a publicidade. Foi o nosso marco na história".
Atualmente, Augusto escreve na internet e confessa que gosta de computadores desde quando teve seu primeiro Mac, na década de 90. Sobre assuntos delicados, como a briga com o poeta Ferreira Gullar, ele foi sucinto e disse que os desentendimentos foram pessoais. Disse que Gullar roubou as atenções das primeiras exposições de arte concreta com a poesia "O Formigueiro", que ocupou uma sala inteira, mais do que os demais artistas.
Confessou que ele já não não faz poesia concreta, com apelo gráfico. Citando um exemplo do irmão, o já falecido Haroldo de Campos, Augusto comentou sobre a frustração de ser sempre citado como um "poeta concretista". Ele acredita que será sempre lembrado por isso, mas que hoje já faz um estilo diferente de arte, sem rótulo.
Confessou que ele já não não faz poesia concreta, com apelo gráfico. Citando um exemplo do irmão, o já falecido Haroldo de Campos, Augusto comentou sobre a frustração de ser sempre citado como um "poeta concretista". Ele acredita que será sempre lembrado por isso, mas que hoje já faz um estilo diferente de arte, sem rótulo.
sábado, novembro 06, 2010
Olhos dormentes
De pé, com sono,
Eletrizados, insones,
Vidrado no monitor
E desmaiado no interior.
Olhos sem cama, olhos dormentes,
Olhos carentes, olhos ciganos,
Perco todos os encantos
De pé, com sono.
quarta-feira, outubro 27, 2010
Sábio
Trapped inside a letters maze,
enclosed in a word cage,
The syllables mage
is nothing more than blank page.
Crê-se puramente na existência
Pautada a duras penas
Corroborada através de tempos.
Antes que falte inteligência
Aqui vão as palavras de advertência:
O homem, o mírmidon
raça bruta de trabalho
no bruto físico se orienta
e toda a fraqueza dispensa
Cala-se perante a palavra
Fraquejante e movediça
Dobra-se à torpe oração
O suplício, a emoção
É consideravelmente vil
E perfunctória, pele-de-lobo
Obedece em sentido, manso e servil
A perfeita ovelha do mais pérfido pastor
O mais dócil estudante do professor impostor
Pende a cabeça de um lado, derrotado
Para ouvir seu próximo ditado
Não obstante, não fez os deveres de casa
Como castigo, a tosa
Ou chapéu de burro.
enclosed in a word cage,
The syllables mage
is nothing more than blank page.
Crê-se puramente na existência
Pautada a duras penas
Corroborada através de tempos.
Antes que falte inteligência
Aqui vão as palavras de advertência:
O homem, o mírmidon
raça bruta de trabalho
no bruto físico se orienta
e toda a fraqueza dispensa
Cala-se perante a palavra
Fraquejante e movediça
Dobra-se à torpe oração
O suplício, a emoção
É consideravelmente vil
E perfunctória, pele-de-lobo
Obedece em sentido, manso e servil
A perfeita ovelha do mais pérfido pastor
O mais dócil estudante do professor impostor
Pende a cabeça de um lado, derrotado
Para ouvir seu próximo ditado
Não obstante, não fez os deveres de casa
Como castigo, a tosa
Ou chapéu de burro.
domingo, outubro 17, 2010
Meia noite não existe... hoje
Os ponteiros brincam
Com nossos anseios, indicam
Nossos atrasos, nos matam
Em cheio.
Os ponteiros são
Como flechas, então
Apodreço diante de pontaria
De seus eixos, adoraria
Sentir seu pulso,
Seu impulso.
Hoje sumiu uma hora
Enquanto andava sozinho, em madrugada pós-chuva,
Em secura de aquecimento global, em solidão comunitária,
Em cotidiano ordinário de metrópole.
Hoje sumiu um pedaço meu, um pedaço teu, correu um pedaço ateu
Por todos os homens, uma partícula cética do tempo perdido,
Desapareceu um número do binário do computador,
Gerando travamentos e sofrimentos.
Meia noite não existe hoje,
Nem a hora zero, nem a metade noturna,
Oportuna de se deliciar com a lua.
Meia noite não existe hoje,
Assim como não existem anos zerados,
Nem abstrações do vazio ou anseio
Hostil, há doces em todo o amargor.
Poetizo sobre horário de verão, mudo,
Para falar sobre tempo lunar, sobre a caminhada solar
Entre as trevas das faltas interiores de todo mundo.
domingo, setembro 12, 2010
palavradesordem
descalçar a palavra
desamarrá-la
levá-la ao barro
tirá-la
socá-la
vesti-la
não deixá-la sendo aquilo que ela não é nem nunca poderá ser
algo assim único intangível uniforme
sujá-la
do que ela mais precisa
da desordem.
ítalo puccini
segunda-feira, setembro 06, 2010
antifona do prazer
AH, SEDUÇÃO, PRAZERES
MORANGOS CEREJAS DAMASCOS PESSEGOS
GULAS PECADOS DA CARNE
ORGIAS DELEITES, DOCES CARNES TENRAS
ENCANTOS E SEREIAS
SERPENTES E CORNUCÓPIAS
VOLÚPIA COPIOSA QUE INFLAMA E ESTREMECE
O ENCONTRO VOCÁLICO SABOREIA LINGUAS
E POTES E POTES DE COMPOTAS E MEL
- O HIATO QUE SE FEZ DE FATO -
É PAUSA PARA ENTOAR A MELODIA
O HINO ABSOLUTO DE SUBMISSÃO A DIONISO
BRINDAMOS À SUA SAÚDE
A NOITE AVOLUMA-SE
E O NEGROR SERENO E QUENTE DAS DANÇAS ÉBRIAS
É OBSESSÃO É DESEJO
QUE SEJA INFINITO
PORQUE O ORGASMO
É PRAZER ILÍCITO
NUNCA NUNCA FARÁS LÚCIDO.
MORANGOS CEREJAS DAMASCOS PESSEGOS
GULAS PECADOS DA CARNE
ORGIAS DELEITES, DOCES CARNES TENRAS
ENCANTOS E SEREIAS
SERPENTES E CORNUCÓPIAS
VOLÚPIA COPIOSA QUE INFLAMA E ESTREMECE
O ENCONTRO VOCÁLICO SABOREIA LINGUAS
E POTES E POTES DE COMPOTAS E MEL
- O HIATO QUE SE FEZ DE FATO -
É PAUSA PARA ENTOAR A MELODIA
O HINO ABSOLUTO DE SUBMISSÃO A DIONISO
BRINDAMOS À SUA SAÚDE
A NOITE AVOLUMA-SE
E O NEGROR SERENO E QUENTE DAS DANÇAS ÉBRIAS
É OBSESSÃO É DESEJO
QUE SEJA INFINITO
PORQUE O ORGASMO
É PRAZER ILÍCITO
NUNCA NUNCA FARÁS LÚCIDO.
terça-feira, agosto 31, 2010
a paixão do cristo
Não sejas hipócrita a ponto de me negar
e nada saber a meu respeito
Eu penei teus pecados
E lavei tua alma
Com meu sangue de milagres
Meus ossos em pó tornaram
Mas palavra - ainda queima
Lembra o sacrifício com hálito de fogo
Porque a cruz foi o menor dos males
Não sou eu quem fará da água mais vinho
E nem de quatro multiplicarei mil
Saiba porém quando embriagar-te
Chamarás meu santo nome de sutil
Tu rastejas, criatura vil
Cega em orgulho pórfiro
De nódoas escarlates
Dos mais vários vícios
Pois bem não me acredites
Pois fui bem alma iluminada
E já passada
Mas há quem diga que vivo
E Ilimitado.
e nada saber a meu respeito
Eu penei teus pecados
E lavei tua alma
Com meu sangue de milagres
Meus ossos em pó tornaram
Mas palavra - ainda queima
Lembra o sacrifício com hálito de fogo
Porque a cruz foi o menor dos males
Não sou eu quem fará da água mais vinho
E nem de quatro multiplicarei mil
Saiba porém quando embriagar-te
Chamarás meu santo nome de sutil
Tu rastejas, criatura vil
Cega em orgulho pórfiro
De nódoas escarlates
Dos mais vários vícios
Pois bem não me acredites
Pois fui bem alma iluminada
E já passada
Mas há quem diga que vivo
E Ilimitado.
quarta-feira, agosto 25, 2010
O dom.
(Seu som é ouro
Sem versos mancos.)
Meu dom põe fogo
Nos olhos dos mansos
E da mansidão a tristeza
A invadir seu espaço
E a violência - que pena
Toma o lugar do abraço.
Sem versos mancos.)
Meu dom põe fogo
Nos olhos dos mansos
E da mansidão a tristeza
A invadir seu espaço
E a violência - que pena
Toma o lugar do abraço.
quinta-feira, agosto 19, 2010
o poema
O som deste poema é rouco,
E seu ritmo é coxo.
A sua forma é irrelevante - talvez um soneto.
(de cinco quartetos)
A estrutura das estrofes é mal escorada
Precisa ser criticada
A rima é exagerada
pobre e antiquada.
O conteúdo é fraco
fragmentado
Perdeu-se nas sílabas
Que não são contadas
A lógica é falha
Rompe e se espalha
Não obedece a métrica
É uma filha bastarda
O poeta lamenta:
"Não posso mexer mais nele
Não há metáfora que ilustre
O poema que não deu certo."
E seu ritmo é coxo.
A sua forma é irrelevante - talvez um soneto.
(de cinco quartetos)
A estrutura das estrofes é mal escorada
Precisa ser criticada
A rima é exagerada
pobre e antiquada.
O conteúdo é fraco
fragmentado
Perdeu-se nas sílabas
Que não são contadas
A lógica é falha
Rompe e se espalha
Não obedece a métrica
É uma filha bastarda
O poeta lamenta:
"Não posso mexer mais nele
Não há metáfora que ilustre
O poema que não deu certo."
quarta-feira, agosto 18, 2010
Poema Pirovulpimaníaco
Quer mais de onde veio?
Procura mais de belas frases que decoram enigmas?
O senhor do mundo, o psíquico
Que diz dos ignorantes que não esclareceram a questão?
Pois que fiquem mais um tempo
Decifrando o que não se decifra
Replicar paradoxos
É meu mistério
Descobrir a essência dos mestres
e redarguir suas pontuações
É seu trabalho
-
E já acho hilário
Arrastar essa arenga
Como um macho que procura a fêmea
E não despacho
O seu desdém,
e nem também o amor que tem.
Descubra então
A partir de já
O mais sublime pináculo verborrágico já proferido
(e escrito)
Pelo mestre aqui
Que de mestre já está cheio
(e sem nenhum discípulo) - ou escrúpulo?
Inescrupuloso É
Aquele que ousou profanar meus segredos
Mexeu com os mais estimados neologismos
E que se danem os próximos "ismos"
Que um sismo derrube
A biblioteca de Alexandria
E que perturbe
A derrocada da Alegoria
Que já é grande
E me enaltece
Eu sou um Deus
e você reles mortal
Que me lê, que se ri
e que se compraz
com coisas muito importantes.
Mas o mais importante é
Não se deixar esquecer
Pois então que não pereça
Não feneça
A sua essência
Não se deixe enganar
Pois já está sendo enganado,
Obrigado.
:)
Procura mais de belas frases que decoram enigmas?
O senhor do mundo, o psíquico
Que diz dos ignorantes que não esclareceram a questão?
Pois que fiquem mais um tempo
Decifrando o que não se decifra
Replicar paradoxos
É meu mistério
Descobrir a essência dos mestres
e redarguir suas pontuações
É seu trabalho
-
E já acho hilário
Arrastar essa arenga
Como um macho que procura a fêmea
E não despacho
O seu desdém,
e nem também o amor que tem.
Descubra então
A partir de já
O mais sublime pináculo verborrágico já proferido
(e escrito)
Pelo mestre aqui
Que de mestre já está cheio
(e sem nenhum discípulo) - ou escrúpulo?
Inescrupuloso É
Aquele que ousou profanar meus segredos
Mexeu com os mais estimados neologismos
E que se danem os próximos "ismos"
Que um sismo derrube
A biblioteca de Alexandria
E que perturbe
A derrocada da Alegoria
Que já é grande
E me enaltece
Eu sou um Deus
e você reles mortal
Que me lê, que se ri
e que se compraz
com coisas muito importantes.
Mas o mais importante é
Não se deixar esquecer
Pois então que não pereça
Não feneça
A sua essência
Não se deixe enganar
Pois já está sendo enganado,
Obrigado.
:)
quinta-feira, agosto 12, 2010
O estranho familiar
Sempre gostei de encostar a caneta numa folha em branco, manifestando desejo estéril de registrar coisas que não conseguirei lembrar. Não sei se os escritos fluem bem, mas sempre me lembro de referências quando resolvo me manifestar em palavras. E uma experiência surreal, rica, vasta e aterrorizante que me tocou foi a leitura compulsiva do curto e profundo O Estrangeiro, do franco-argelino Albert Camus. Tudo lido em uma tarde de fim de primavera e começo de verão, com um deus solar tão quente e enlouquecedor quanto o calor da Argélia.
Mersault não chora no enterro de sua própria mãe e provoca a revolta silenciosa das convenções sociais. Eu choraria na morte da minha progenitora, mas entendo o personagem. Muitas vezes, não me sinto livre para manifestar abertamente o que sinto, e o jogo social de convenções é muito cruel. Mersault deseja apenas sexualmente sua parceira. E verbaliza isso. E essa mistura de homem e animal é presente em todas as pessoas, mesmo que essa natureza se esconda em uma suposta racionalidade.
Mersault mata um árabe a tiros. Mata a tiros por causa do Sol. Explica isso ao tribunal, que o reprova e o condena à morte. Mersault aceita a morte como uma vitória, porque a aceita e porque não quer entender seus motivos. Tudo, nesse jogo de ação absurda, é gratuito. O mundo, subitamente, ganha um ar de aleatoriedade que é a verdade absoluta dos fatos, mesmo dentro das crendices mais fanáticas no destino. O curso da vida não é nada mais do que a soma de seus fatos, com ou sem razão. Aquela leitura preencheu meu cérebro por horas, dias, meses, anos. Aquele Mersault era o abandono definitivo do passado e do futuro, além da aceitação da condição humana como animal. Animais dotados de sociedade, tecnologia e todo um sistema próprio de linguagem, mas ainda selvagens.
E aquele assassinato tornou-se a metáfora da escrita para mim, que é o amor da minha vida. Escrever é um absurdo. O documento escrito cria uma segurança para o homem. Preenche-o com um passado e um futuro. Preenche nossos conteúdos. No entanto, as reais motivações para se escrever são tão aleatórias quanto matar uma pessoa. Não precisaria escrever, pois outro o faria para mim. Não preciso correr atrás de uma informação, se existe um jornal que pode ser comprado, ou uma fofoca que pode ser ouvida.
Mesmo assim, eu ouso escrever. Ouso assumir o assassinato como Mersault e aceitar a sentença desse ato. A punição por escrever é saber que o passado e o futuro, um dia, serão varridos do mapa. Não há conforto.
Mersault não chora no enterro de sua própria mãe e provoca a revolta silenciosa das convenções sociais. Eu choraria na morte da minha progenitora, mas entendo o personagem. Muitas vezes, não me sinto livre para manifestar abertamente o que sinto, e o jogo social de convenções é muito cruel. Mersault deseja apenas sexualmente sua parceira. E verbaliza isso. E essa mistura de homem e animal é presente em todas as pessoas, mesmo que essa natureza se esconda em uma suposta racionalidade.
Mersault mata um árabe a tiros. Mata a tiros por causa do Sol. Explica isso ao tribunal, que o reprova e o condena à morte. Mersault aceita a morte como uma vitória, porque a aceita e porque não quer entender seus motivos. Tudo, nesse jogo de ação absurda, é gratuito. O mundo, subitamente, ganha um ar de aleatoriedade que é a verdade absoluta dos fatos, mesmo dentro das crendices mais fanáticas no destino. O curso da vida não é nada mais do que a soma de seus fatos, com ou sem razão. Aquela leitura preencheu meu cérebro por horas, dias, meses, anos. Aquele Mersault era o abandono definitivo do passado e do futuro, além da aceitação da condição humana como animal. Animais dotados de sociedade, tecnologia e todo um sistema próprio de linguagem, mas ainda selvagens.
E aquele assassinato tornou-se a metáfora da escrita para mim, que é o amor da minha vida. Escrever é um absurdo. O documento escrito cria uma segurança para o homem. Preenche-o com um passado e um futuro. Preenche nossos conteúdos. No entanto, as reais motivações para se escrever são tão aleatórias quanto matar uma pessoa. Não precisaria escrever, pois outro o faria para mim. Não preciso correr atrás de uma informação, se existe um jornal que pode ser comprado, ou uma fofoca que pode ser ouvida.
Mesmo assim, eu ouso escrever. Ouso assumir o assassinato como Mersault e aceitar a sentença desse ato. A punição por escrever é saber que o passado e o futuro, um dia, serão varridos do mapa. Não há conforto.
segunda-feira, agosto 02, 2010
Pra que serve?
Respondo com sinceridade:
Pra que serve um Avatar?
Só pra vender mais pipoca e ingresso?
Só pra divertir as noites tediosas de um povo brega que se deixa manipular tão facilmente por opiniões obtusas e ridículas, que não expressam nada absolutamente sobre nada e que ainda por cima facilitam a disseminação de partículas radioativas que fazem o cérebro enguiçar e trabalhar mais lentamente, contendo vírus que disseminam pragas que se alimentam de neurônios...
Já percebeste o quanto é importante saber da serventia das coisas?
Para que serviu a diáspora?
Só para disseminar mais judeus no mundo que contaminam o universo com versos de Hitler ( pois para quem não sabe, Adolph era fantoche de Judeus)
Para que serve o cotonete?
Só para empurrar mais sujeiras dentro dos ouvidos? Como se eles já não tivessem muito com o que se ocupar ouvindo diariamente besteiras que nada nos ajudam na nossa luta contra o controverso?
Pra que serve a mosca da fruta?
Só pra levar palmada? Ela nem tenta se esquivar, coitada!
Pra que serve a poesia?
Esgoto de cérebros contaminados por versos de Hitler e tantalizados pelas mesmas partículas radioativas que tentam ameaçar o mundo com seus esporos disseminadores de pragas alienígenas?
Pra que serve a serventia?
Pra deixar o servente que me lê um pouco mais confusos sobre as atrocidades cometidas neste poema NEM SEI SE DEVO CLASSIFICÁ-LO COMO TAL
Para que serve a claustrofobia?
A claustrofobia serve para muitas coisas, entre um de seus principais usos está o discernimento da insânia e da lucidez, pois uma vez preso dentro de uma Virgem de Nuremberg eu prefiro que Hitler me liquide pessoalmente.
Para que serve a paródia?
Para os de cérebro enguiçado e pouco criativos ganharem dinheiro com perdição de auditórios.
AQUI EXPONHO ALGUNS VERSOS DE MEU CÉREBRO ENCUCADO COM A RETIDÃO ABSOLUTA DE COISAS.
Para que serve?
Não sei, funciona?
Certamente, por quê?
Acostumbra-te.
Pra que serve um Avatar?
Só pra vender mais pipoca e ingresso?
Só pra divertir as noites tediosas de um povo brega que se deixa manipular tão facilmente por opiniões obtusas e ridículas, que não expressam nada absolutamente sobre nada e que ainda por cima facilitam a disseminação de partículas radioativas que fazem o cérebro enguiçar e trabalhar mais lentamente, contendo vírus que disseminam pragas que se alimentam de neurônios...
Já percebeste o quanto é importante saber da serventia das coisas?
Para que serviu a diáspora?
Só para disseminar mais judeus no mundo que contaminam o universo com versos de Hitler ( pois para quem não sabe, Adolph era fantoche de Judeus)
Para que serve o cotonete?
Só para empurrar mais sujeiras dentro dos ouvidos? Como se eles já não tivessem muito com o que se ocupar ouvindo diariamente besteiras que nada nos ajudam na nossa luta contra o controverso?
Pra que serve a mosca da fruta?
Só pra levar palmada? Ela nem tenta se esquivar, coitada!
Pra que serve a poesia?
Esgoto de cérebros contaminados por versos de Hitler e tantalizados pelas mesmas partículas radioativas que tentam ameaçar o mundo com seus esporos disseminadores de pragas alienígenas?
Pra que serve a serventia?
Pra deixar o servente que me lê um pouco mais confusos sobre as atrocidades cometidas neste poema NEM SEI SE DEVO CLASSIFICÁ-LO COMO TAL
Para que serve a claustrofobia?
A claustrofobia serve para muitas coisas, entre um de seus principais usos está o discernimento da insânia e da lucidez, pois uma vez preso dentro de uma Virgem de Nuremberg eu prefiro que Hitler me liquide pessoalmente.
Para que serve a paródia?
Para os de cérebro enguiçado e pouco criativos ganharem dinheiro com perdição de auditórios.
AQUI EXPONHO ALGUNS VERSOS DE MEU CÉREBRO ENCUCADO COM A RETIDÃO ABSOLUTA DE COISAS.
Para que serve?
Não sei, funciona?
Certamente, por quê?
Acostumbra-te.
Indubitavelmente..
Foi a palavra que escolhi
Porque encontrava-se logo ali
Na esquina do "não tou nem aí".
Fez parte do meu show
Muita bebida e roquenroll
Muita flor, que flor!
Indubitavelmente
é evidente
que não restam dúvidas.
Indubitavelmente.. em débitos
Descrédito com a sociedade
Deves muito? Devo tudo!
Devo tudo a você
Devo sim
Devoção.
Dividi!
Dividendos desacompanhados
Despejados
Desfolhados
Afago um trauma
De infância
Ambulãncia?
.. redundância.
Indubitavelmente
Indubitabilizei
O indubitabilizável? . Não
O neologista? O proctologista?
O minimalista?
O protagonista?
Indubitavelmente, foi a palavra que escolhi.
Porque encontrava-se logo ali
Na esquina do "não tou nem aí".
Fez parte do meu show
Muita bebida e roquenroll
Muita flor, que flor!
Indubitavelmente
é evidente
que não restam dúvidas.
Indubitavelmente.. em débitos
Descrédito com a sociedade
Deves muito? Devo tudo!
Devo tudo a você
Devo sim
Devoção.
Dividi!
Dividendos desacompanhados
Despejados
Desfolhados
Afago um trauma
De infância
Ambulãncia?
.. redundância.
Indubitavelmente
Indubitabilizei
O indubitabilizável? . Não
O neologista? O proctologista?
O minimalista?
O protagonista?
Indubitavelmente, foi a palavra que escolhi.
O Jardim de Rosas
Veja! Há flores hoje, em um campo onde não haviam;
Onde planta nenhuma crescia - nem a grama e o musgo
não conseguiam nascer
De um arado e muita labuta a força fez-se música
De esforço de bom grado e de luta que faz parte
E com muitos calos forma um belo gramado
A terra infértil ontem
Hoje incuba sementes de arte.
Essa semente de arte fez-se rosa
Vestida de veludo, doce
de um púrpura intenso
profundo.
Onde planta nenhuma crescia - nem a grama e o musgo
não conseguiam nascer
De um arado e muita labuta a força fez-se música
De esforço de bom grado e de luta que faz parte
E com muitos calos forma um belo gramado
A terra infértil ontem
Hoje incuba sementes de arte.
Essa semente de arte fez-se rosa
Vestida de veludo, doce
de um púrpura intenso
profundo.
O canto do Galo
Cinco horas da manhã e nem bem havia cerrado as pálpebras e lá se vai Pedro para longe do colchão duro, mas quente.
Ainda sente o perfume distante de uma cachaça amarga, tomada ao som de conversas atravessadas, em meio a rodadas de palitos na noite anterior, na birosca do Simão.
- Diabo de galo miserável.
A leiteira só esquenta água. Do lado de lá tem chá, presunto e muito queijo com pão quentinho, do lado de cá, o pão ainda dorme, há pouco pó para coar e o que sobra é fé.
Veste um pouco de calça e enfia as butina. O candidato do boné já retornou ao anonimato. O da camisa promete.
Não reclama da vida, nem da mulher, muito menos dos filhos. Não têm culpa de nada. Dormem os inocentes. Um beijo na mulher, que deixou a marmita no forno, com a sobra da janta que sobrara do almoço. Ela nunca saberá de Leonor. Beija os filhos, cada qual à sua maneira, mas com afeto indistinto. Não esquece um só dia.
- Se eu pego esse galo desgraçado, acabo com ele.
Cinco e meia, tá na hora de tomar rumo.
Desce a rua, atravessa a passarela, dobra a esquina, pula o bêbado, leva a marmita morna, espera o sinal fechar, desvia do carro, aperta o passo, não vai perder a hora.
Tira do bolso duas notas e uma prata, espera na fila, troca por bilhete, passa a catraca, espera na fila, desce a escada rolante, vira à direita, entra na fila, espera na fila, empurra a fila, a fila o empurra, perde a condução. Espera de novo, lá vem a condução, entra na marra, se segura como pode, se espreme, se enrosca, se entorta, segura a marmita, olha a curva! Olha o freio! Mais vinte paradas e será nossa vez! Olha o breque! Lá se vai a marmita ao chão. Ficam o arroz o feijão e o ovo estrelado, mas rolam as lingüiças, que não vão muito longe. São pinçadas de volta, assopradas e bem guardadas. Não vai deixar cair de novo.
Chega ao destino. É empurrado para fora do vagão, entra na fila, sobe a escada rolante, dobra à esquerda, passa na catraca, ganha a rua, de frente à igreja, com o polegar direito, parte a cara em quatro, o peito em quatro, segue adiante, chega ao canteiro. Não esquece o ponto.
Qual é o andar de Pedro? Apressado, mete a mão na massa. Qual é o andar de Pedro? Põe o capacete e sobe a escada devagar. Passa o segundo, o terceiro. O quarto trem três quartos, o menor maior que seu barraco, o maior é o sonho de toda uma vida. Continua a subir. Qual era mesmo o andar de Pedro? Pára no sexto. Não há mais andar.
A visibilidade é boa, a poluição ainda não é sufocante, as buzinas dos automóveis vão aos poucos substituindo as piadas de passarinhos. Não tem graça nenhuma, é piada cada vez mais rara. Não vai rir de nada.
- Ainda mato aquele galo filho da puta.
É bom de colher, sapeca a massa, pega a lajota, uma a uma, vai sumindo a paisagem. Aparece a cachaça não se sabe de onde. É hora do almoço. Toma um trago, faz cara feia. Pega a marmita e se vira para o canto. É bom de colher. Não quer companhia.
De volta à labuta, ainda zonzo da pestana breve. Cambaleia por entre as lajotas e meias paredes. Fabrica um quadrado vazio. Aos poucos vai se erguendo o labirinto e o homem lá, se encarcerando. Cadê as piadas? Cadê a luz? Não ouve as buzinas.
O galo canta fora de hora em cima do telhado. O sol fica vermelho.
No canteiro é hora de trocar de andar. Não quer falar. Vai até o fim da laje. Olha para baixo e vê os transeuntes a esquivarem-se uns dos outros, escolhe o momento de calmaria. Não hesita.
Qual é o andar de Pedro? Pedro não tem andar. É pássaro, mas não voa. Não é rei, mas sente-se príncipe. De pernas para o ar, não quer voltar.
Pressente o momento em que todos o cercarão estupefatos. Indignar-se-ão por ele interromper seus dias com sua vida banal. Não tem esse direito.
Lembra-se do galo, da mulher, das crianças, de Leonor. Esfrega os olhos. As lágrimas molham o cimento. O cimento arranha seus olhos. Seus olhos vêem o sol vermelho. Não os fechará.
Ônibus, carros, motos, pedestres. Todos param. O mundo finalmente parou para ver Pedro. A cidade não é toda de pedra.
Ainda sente o perfume distante de uma cachaça amarga, tomada ao som de conversas atravessadas, em meio a rodadas de palitos na noite anterior, na birosca do Simão.
- Diabo de galo miserável.
A leiteira só esquenta água. Do lado de lá tem chá, presunto e muito queijo com pão quentinho, do lado de cá, o pão ainda dorme, há pouco pó para coar e o que sobra é fé.
Veste um pouco de calça e enfia as butina. O candidato do boné já retornou ao anonimato. O da camisa promete.
Não reclama da vida, nem da mulher, muito menos dos filhos. Não têm culpa de nada. Dormem os inocentes. Um beijo na mulher, que deixou a marmita no forno, com a sobra da janta que sobrara do almoço. Ela nunca saberá de Leonor. Beija os filhos, cada qual à sua maneira, mas com afeto indistinto. Não esquece um só dia.
- Se eu pego esse galo desgraçado, acabo com ele.
Cinco e meia, tá na hora de tomar rumo.
Desce a rua, atravessa a passarela, dobra a esquina, pula o bêbado, leva a marmita morna, espera o sinal fechar, desvia do carro, aperta o passo, não vai perder a hora.
Tira do bolso duas notas e uma prata, espera na fila, troca por bilhete, passa a catraca, espera na fila, desce a escada rolante, vira à direita, entra na fila, espera na fila, empurra a fila, a fila o empurra, perde a condução. Espera de novo, lá vem a condução, entra na marra, se segura como pode, se espreme, se enrosca, se entorta, segura a marmita, olha a curva! Olha o freio! Mais vinte paradas e será nossa vez! Olha o breque! Lá se vai a marmita ao chão. Ficam o arroz o feijão e o ovo estrelado, mas rolam as lingüiças, que não vão muito longe. São pinçadas de volta, assopradas e bem guardadas. Não vai deixar cair de novo.
Chega ao destino. É empurrado para fora do vagão, entra na fila, sobe a escada rolante, dobra à esquerda, passa na catraca, ganha a rua, de frente à igreja, com o polegar direito, parte a cara em quatro, o peito em quatro, segue adiante, chega ao canteiro. Não esquece o ponto.
Qual é o andar de Pedro? Apressado, mete a mão na massa. Qual é o andar de Pedro? Põe o capacete e sobe a escada devagar. Passa o segundo, o terceiro. O quarto trem três quartos, o menor maior que seu barraco, o maior é o sonho de toda uma vida. Continua a subir. Qual era mesmo o andar de Pedro? Pára no sexto. Não há mais andar.
A visibilidade é boa, a poluição ainda não é sufocante, as buzinas dos automóveis vão aos poucos substituindo as piadas de passarinhos. Não tem graça nenhuma, é piada cada vez mais rara. Não vai rir de nada.
- Ainda mato aquele galo filho da puta.
É bom de colher, sapeca a massa, pega a lajota, uma a uma, vai sumindo a paisagem. Aparece a cachaça não se sabe de onde. É hora do almoço. Toma um trago, faz cara feia. Pega a marmita e se vira para o canto. É bom de colher. Não quer companhia.
De volta à labuta, ainda zonzo da pestana breve. Cambaleia por entre as lajotas e meias paredes. Fabrica um quadrado vazio. Aos poucos vai se erguendo o labirinto e o homem lá, se encarcerando. Cadê as piadas? Cadê a luz? Não ouve as buzinas.
O galo canta fora de hora em cima do telhado. O sol fica vermelho.
No canteiro é hora de trocar de andar. Não quer falar. Vai até o fim da laje. Olha para baixo e vê os transeuntes a esquivarem-se uns dos outros, escolhe o momento de calmaria. Não hesita.
Qual é o andar de Pedro? Pedro não tem andar. É pássaro, mas não voa. Não é rei, mas sente-se príncipe. De pernas para o ar, não quer voltar.
Pressente o momento em que todos o cercarão estupefatos. Indignar-se-ão por ele interromper seus dias com sua vida banal. Não tem esse direito.
Lembra-se do galo, da mulher, das crianças, de Leonor. Esfrega os olhos. As lágrimas molham o cimento. O cimento arranha seus olhos. Seus olhos vêem o sol vermelho. Não os fechará.
Ônibus, carros, motos, pedestres. Todos param. O mundo finalmente parou para ver Pedro. A cidade não é toda de pedra.
domingo, agosto 01, 2010
Sem complicar
Ela caminhava alegremente pelo espaço destinado às pessoas que não possuíam aparelhos de locomoção por força motora autônoma e artificial quando avistou aquele que num certo período indeterminado e não presente de vinte e quatro horas viria a ser o ser que a assumiria como a única com a qual ele teria uma relação de fidelidade para fins de sentimentos nobres e geração de seres menores apenas em tamanho e de características genéticas oriundas da combinação das suas e que levariam parte da composição de seus desígnios fonéticos.
Ele gostou dela e a desejou.
Ela não conseguia concatenar um processo sequer de sinapses bem sucedidas que implicassem em resultados satisfatórios do ponto de vista da ausência absoluta de qualquer razão que fosse capaz de resumir o volume inestimável de sensações corpóreas que se acumulavam naquelas três repetições de centena de segundos subseqüentes.
Ele tomou a iniciativa e foi falar com ela.
O processo de inalação e eliminação do elemento gasoso fundamental para a manutenção da vida ganhou sincronia desproporcional ao habitual nas vias condutoras do invólucro carnal daquela representante do gênero superior. Percebeu que já não era a principal condutora dos movimentos do sistema articulado.
Ele segurou a sua mão e curvou-se até tocar-lhe seus lábios na branca tez.
Para ela a propagação da energia que emanava do corpo celestial maior desapareceu e apenas a ausência poderia ser captada pelos seus dispositivos perceptivos.
Ele a segurou e com um copo de água trouxe-lhe de volta à consciência.
Ela dirigiu-lhe uma formação simples de palavras em tom interrogativo a respeito do sucedido.
Um mau súbito apenas.
Jamais se daria por plena a proposição do cavalheiro. Procurou auxílio profissional daqueles cujo ofício é reorganizar os pensamentos e domar os impulsos, mas nenhuma proposta de resolução de dúvidas foi bem aceita. Restava-lhe as palavras sugestivas daquele ser que mais estimamos por ter nos gerado, parido e alimentado até que ganhássemos auto suficiência e responsabilidade sobre nossos atos. Foi um hiato temporal que não contabilizou mais do que duas vezes a centena de milésimos:
- É o amor, minha criança.
Ele gostou dela e a desejou.
Ela não conseguia concatenar um processo sequer de sinapses bem sucedidas que implicassem em resultados satisfatórios do ponto de vista da ausência absoluta de qualquer razão que fosse capaz de resumir o volume inestimável de sensações corpóreas que se acumulavam naquelas três repetições de centena de segundos subseqüentes.
Ele tomou a iniciativa e foi falar com ela.
O processo de inalação e eliminação do elemento gasoso fundamental para a manutenção da vida ganhou sincronia desproporcional ao habitual nas vias condutoras do invólucro carnal daquela representante do gênero superior. Percebeu que já não era a principal condutora dos movimentos do sistema articulado.
Ele segurou a sua mão e curvou-se até tocar-lhe seus lábios na branca tez.
Para ela a propagação da energia que emanava do corpo celestial maior desapareceu e apenas a ausência poderia ser captada pelos seus dispositivos perceptivos.
Ele a segurou e com um copo de água trouxe-lhe de volta à consciência.
Ela dirigiu-lhe uma formação simples de palavras em tom interrogativo a respeito do sucedido.
Um mau súbito apenas.
Jamais se daria por plena a proposição do cavalheiro. Procurou auxílio profissional daqueles cujo ofício é reorganizar os pensamentos e domar os impulsos, mas nenhuma proposta de resolução de dúvidas foi bem aceita. Restava-lhe as palavras sugestivas daquele ser que mais estimamos por ter nos gerado, parido e alimentado até que ganhássemos auto suficiência e responsabilidade sobre nossos atos. Foi um hiato temporal que não contabilizou mais do que duas vezes a centena de milésimos:
- É o amor, minha criança.
sábado, julho 24, 2010
Batalha inglória.
Pensamentos adormecem sob as muralhas, e na imensidão das brumas vislumbro o amanhecer.
A ausência do desconhecido.
Um querer ser.
Uma espera eterna de algo impróprio.
Um caminho condenado aos olhos dos outros.
Sois mulher de mil estrelas, à magia condenada.
És diurna tua beleza.
Porém noturna tua jornada.
- Não encontrarás a felicidade nessa estrada, estranha.
* Mas é este o caminho que quero seguir!
- Não é o teu.
* Mas me ensinaste que as escolhas constroem o caminho!
- Por ai serás infeliz.
* Mais infeliz o arrependimento me fará
- Azar o teu, foi avisada!
* O dispenso de qualquer lamúria, as consequências e penas quitarei sozinha, se és solitária esta estrada.
Caminharás até quando mulher?
Sofrerás até quando?
Chorará até quando?
O que procuras?
Que respostas? Que carícias?
Quais sonhos ainda lhe faltam despedaçar?
És rainha de teu palco, é inegável, traz nos lábios o sorriso dos amantes.
Mas seu coração sangra as dores da vida, ferido por mil facas.
Que mortalhas quererá?
- És cruel esta estrada, por que segues por ela?
* E que outro caminho tenho eu a seguir, se estes são os rumos escolhidos por este morto coração?
- Tantos outros existem.
* Quantos que eu queira como este? Nenhum outro, não neste momento.
- Repito-lhe não és o teu.
* Se caminho solitária nessa estrada de quem mais há de ser?
- De alguém que o renega como tu o deseja.
* Então não és justo que seja dele e não meu, se é do meu querer e seu rejeito, pode a ocasião ser mais própria.
- O outro será infeliz por rejeitar e tu serás infeliz por escolher.
* Que mundo injusto este! Se sou dócil e busco com afinco alcaçar o final desta jornada que jamais poderei tocar, és possível que quem está a passos poucos da vitória se nega a esticar as mãos? O Deus, porque foste este o teu desejo? Faz-me entender!
Caminhará sozinha.
Consciente que jamais alcançará a vitória.
Ainda assim caminhará sem descanso até a exaustão.
Por que mulher?
Que desejo é este?
Que querer é este?
Que busca mais insensata?
Não posso entender os homens e suas paixões pela vitória,
e menos as mulheres e suas batalhas inglórias.
A ausência do desconhecido.
Um querer ser.
Uma espera eterna de algo impróprio.
Um caminho condenado aos olhos dos outros.
Sois mulher de mil estrelas, à magia condenada.
És diurna tua beleza.
Porém noturna tua jornada.
- Não encontrarás a felicidade nessa estrada, estranha.
* Mas é este o caminho que quero seguir!
- Não é o teu.
* Mas me ensinaste que as escolhas constroem o caminho!
- Por ai serás infeliz.
* Mais infeliz o arrependimento me fará
- Azar o teu, foi avisada!
* O dispenso de qualquer lamúria, as consequências e penas quitarei sozinha, se és solitária esta estrada.
Caminharás até quando mulher?
Sofrerás até quando?
Chorará até quando?
O que procuras?
Que respostas? Que carícias?
Quais sonhos ainda lhe faltam despedaçar?
És rainha de teu palco, é inegável, traz nos lábios o sorriso dos amantes.
Mas seu coração sangra as dores da vida, ferido por mil facas.
Que mortalhas quererá?
- És cruel esta estrada, por que segues por ela?
* E que outro caminho tenho eu a seguir, se estes são os rumos escolhidos por este morto coração?
- Tantos outros existem.
* Quantos que eu queira como este? Nenhum outro, não neste momento.
- Repito-lhe não és o teu.
* Se caminho solitária nessa estrada de quem mais há de ser?
- De alguém que o renega como tu o deseja.
* Então não és justo que seja dele e não meu, se é do meu querer e seu rejeito, pode a ocasião ser mais própria.
- O outro será infeliz por rejeitar e tu serás infeliz por escolher.
* Que mundo injusto este! Se sou dócil e busco com afinco alcaçar o final desta jornada que jamais poderei tocar, és possível que quem está a passos poucos da vitória se nega a esticar as mãos? O Deus, porque foste este o teu desejo? Faz-me entender!
Caminhará sozinha.
Consciente que jamais alcançará a vitória.
Ainda assim caminhará sem descanso até a exaustão.
Por que mulher?
Que desejo é este?
Que querer é este?
Que busca mais insensata?
Não posso entender os homens e suas paixões pela vitória,
e menos as mulheres e suas batalhas inglórias.
quarta-feira, julho 21, 2010
Ciborgue Mobile
Liga o celular, olha tweets, acessa remotamente
O expediente de trabalho, o roteiro que interpreta
A vida, experimenta a visão do resto do mundo,
Se cerca de dados e artifícios, de formatos
De áudio e vídeo.
Não consegue largar o aparelhinho,
Não consegue paz no caminho,
Só consegue ser máquina
Do seu próprio pensamento.
O expediente de trabalho, o roteiro que interpreta
A vida, experimenta a visão do resto do mundo,
Se cerca de dados e artifícios, de formatos
De áudio e vídeo.
Não consegue largar o aparelhinho,
Não consegue paz no caminho,
Só consegue ser máquina
Do seu próprio pensamento.
terça-feira, julho 20, 2010
Navalha
Se podes caminhar pelas ruas
ande nua pela vida, menina!
Não escondas o teu rosto dos homens
nem viaje preza a seus designos divinos
Pois a arte é fundamentalmente sua sina
És presente na mente dos homens
És mulher de mil amantes em palavras vãs
é pois a pura filosofia da mesa dos bares e dos sacos de pão
E o teu rosto envolto em fumaça dos cigarros nas esquinas
toca esses arritimados músculos cardíacos
Pois é a expressão da sorte
mas traz nos olhos as sombras da morte.
ande nua pela vida, menina!
Não escondas o teu rosto dos homens
nem viaje preza a seus designos divinos
Pois a arte é fundamentalmente sua sina
És presente na mente dos homens
És mulher de mil amantes em palavras vãs
é pois a pura filosofia da mesa dos bares e dos sacos de pão
E o teu rosto envolto em fumaça dos cigarros nas esquinas
toca esses arritimados músculos cardíacos
Pois é a expressão da sorte
mas traz nos olhos as sombras da morte.
Valsando ao som dos Bandolins
( Experiência com releitura e interpolação)
“Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins... “
E nos giros
Nas voltas da vida
O retroceder das cores
Os passos marcados pelo chão.
E no brilho das noites
O sorrir da lua
os olhos desencontrados na imensidão
“E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim”
Perdidos entre os sons e os suspiros
a procurar os sonhos
em meio a escuridão
“Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim “
Mas há cores nas sais
brilhos nos olhos
procuras na mente
caminhos na vida.
“Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins.."
“Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins... “
E nos giros
Nas voltas da vida
O retroceder das cores
Os passos marcados pelo chão.
E no brilho das noites
O sorrir da lua
os olhos desencontrados na imensidão
“E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim”
Perdidos entre os sons e os suspiros
a procurar os sonhos
em meio a escuridão
“Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim “
Mas há cores nas sais
brilhos nos olhos
procuras na mente
caminhos na vida.
“Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins.."
quarta-feira, julho 14, 2010
conto premiado
um corte
por ítalo puccini
uma pausa. forçada.
ana e bruno sentiram foi isso mesmo. além da dor, é claro. estirados sobre a cama – bagunçada. não pensavam. respiravam. mas queriam pensar. ana e bruno sentiram foi isso mesmo. uma vontade de pensar. um desejo de não ter que. estirados sobre a cama, ana e bruno. lado a lado. mas não próximos. o suficiente para estar. somente. não para pensar. ou para agir.
ana e bruno transavam. um acaso. começaram não por um beijo, mas pelas roupas. ana e bruno transavam. mas antes tiraram as roupas um do outro. ágeis, para isto. as mãos. não mais que. ana e bruno souberam usar foram as mãos. primeiro nas roupas. não por coincidência, as peças ficaram simetricamente estendidas ao chão. ana e bruno não puderam reparar. mas as peças ficaram lá. simetricamente estendidas. ao chão. mesmo. mas ana e bruno não puderam reparar.
sentiram foi isso mesmo. uma ruptura. enquanto transavam. primeiro foram os corpos. que se romperam. depois das roupas. primeiro foram os corpos. de ana e bruno. que se encontraram. que não se procuraram, mas que se encontraram. antes de transarem. antes as mãos e os corpos. reconhecendo-se. procurando-se. então as roupas. arrancadas. longe. ao chão. ana e bruno não puderam reparar na simetria das roupas. mas sentiam a simetria dos corpos. sentiram a simetria dos seus corpos, antes. sentiam. agora também.
ana e bruno sentiram foi isso mesmo. uma vontade de pensar. porque já sentiam. mas que. ana e bruno transavam. e não mais. uma procura. logo um encontro. as mãos. os corpos. ana e bruno se completavam. frente e verso. um dentro do outro. era assim que ana e bruno transavam. quando.
as mãos de ana desceram logo. as mãos de ana eram ágeis, sim. desceram pelo peito de bruno. arranharam-no. desceram logo. as mãos de ana – e também a língua de ana – procuravam por bruno. por tudo o que fosse de bruno. pelos cabelos no peito de bruno. pelo piercing no mamilo esquerdo de bruno. pelos ossos do quadril de bruno. que.
que não sabia o que sentia. a língua de ana. as mãos de ana. seus olhos. os seus, não os de ana. seus olhos virados, torcidos. seus olhos que sentiam. eles. elas. as pernas tremendo. as coxas sendo arranhadas. os cabelos do peito sendo puxados. bruno não sabia o que sentia. o membro duro, agarrado, apertado, puxado. pralá e pracá. pralá e pracá. pralá e pracá. bruno não sabia.
as mãos de ana desceram logo. chegaram logo aonde. agarraram logo. e forte. as mãos de ana. aquelas mãos. que arranharam. que rasgaram. as mãos. que ritmavam o movimento do membro duro de bruno. pralá e pracá. pralá e pracá. sob os gemidos de bruno. agora os gemidos de bruno. os sons guturais. as entranhas de bruno sob a mão de ana. simbolicamente. mas sim. sob. as mãos de ana.
os sons guturais de bruno. pralá e pracá. bruno que não sabia o que sentia.
sentiram foi isso mesmo. ana e bruno. foi antes. o membro, as mãos. foi antes. até que.
agora deitados não sentem mais. sentiram. não mais sentem. foi um corte só. ou dois, talvez. umemdois. foi de ana. quando as mãos de ana desceram logo. e quando bruno não sabia o que sentia. se era frio ou não. se eram as unhas de ana ou não. mas doeu, sentiu bruno. foi isso o que bruno sentiu. que doeu. mas ana sorria. sorria e ria alto. ana. por isso bruno não sabia o que sentia. quando as mãos de ana desciam. e quando agarravam seu membro duro. foi a última coisa que bruno viu. seu membro duro. de prazer. foi quando bruno fechou os olhos. e de repente sentiu frio. e não entendeu. e não entendeu. mas sentiu.
foi quando.
as mãos de ana. não mais que. as unhas de ana. cortantes. o corte primeiro. as mãos de ana. aquilo que elas escondiam. uma ponta. só uma. não mais que. um corte. só um. depois os outros. um corte. e o frio de bruno. e o riso de ana. um corte e um membro não mais duro. um corte. só. e um membro. e as mãos de ana. e o membro. não mais.
e depois.
um corte. outro. e mais outro. e não mais bruno.
e um último.
um corte.
e não mais ana.
_ _ _ _ _
conto premiado com o segundo lugar no concurso de contos jaraguaenses, organizado por joão luis chiodini. presente no livro "mundo infinito", que contém os catorze melhores textos do concurso.
domingo, julho 04, 2010
Queria ser um anjo
Para ter asas e voar,
Para ser algo belo e próximo do homem,
E ter a frieza e a consciência das alturas,
Ter em meu ser a arte e a maldade,
Artificialidade constituída nas loucuras
Da fuga racional, da construção
Além dos limites do corpo e da matéria,
Da fuga e do encontro com o humano,
Enquanto boneco, simulacro.
Sou anjo, ciborgue, inumanidade,
Desunido, desumano, munido
De armas apocalípticas, de vigilância e demência
Generalizada, sou a câmera e clarividência
Duvidosas, quebro quebrar meu corporal,
Me espatifar em partes, chegar em Deus
E desintegrar minha face.
domingo, junho 20, 2010
Minha Paris
Post original do AB Strato.
Talvez ela não tenha tanto ar blasè,
Talvez não tenha sotaque, não tenha história e nem cause
Baque nas outras culturas, minha Paris
Tem um Sena de ouro, os louros
De César, os mouros,
Os negros e rotos.
Minha Paris é um mundo de portas fechadas,
Porque as liberdades, eu sei, são só fachada,
Minha Paris não é Olimpo
E, se existe alguém limpo,
Vive dentro de mim,
Apertando meu sinto.
Talvez ela não tenha tanto ar blasè,
Talvez não tenha sotaque, não tenha história e nem cause
Baque nas outras culturas, minha Paris
Tem um Sena de ouro, os louros
De César, os mouros,
Os negros e rotos.
Minha Paris é um mundo de portas fechadas,
Porque as liberdades, eu sei, são só fachada,
Minha Paris não é Olimpo
E, se existe alguém limpo,
Vive dentro de mim,
Apertando meu sinto.
A Escola
Mora dentro de todos nós. Não sei se todo mundo que me conhece saca disso, mas é por isso que eu gosto tanto de aula, de discussão e de aprender. Não se trata de acreditar cegamente em instituições que claramente te manipulam em muitos aspectos, mas de acreditar que alguns professores podem ser seus amigos e que o seu cérebro é seu templo de crescimento.
Se você abandona as convenções escolares e as normas de teus pais, pelo menos aprenda por si, torne seu tempo produtivo, nos ócios e nos ofícios. Isso traz sofrimento, mas também desenvolvimento e o tempo em si. Sem escola, não há hora, nenhuma delas.
A cabeça
É pequena pra tanto conhecimento,
Pra tanta prática e tanto intento,
Pra tanta regra e consentimento,
Pra tanta demanda e tantos elementos.
Mas é gigante para o fascínio,
Para o martírio, para o que eu resisto.
Pra tanta prática e tanto intento,
Pra tanta regra e consentimento,
Pra tanta demanda e tantos elementos.
Mas é gigante para o fascínio,
Para o martírio, para o que eu resisto.
sexta-feira, junho 18, 2010
O antigo e moderno escritor faleceu

Post original do Bola da Foca.
Mensagem do site JoséSaramago.org.
"Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12.30 horas na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença.
O escritor morreu estando acompanhado pela sua família,
despedindo-se de uma forma serena e tranquila.
despedindo-se de uma forma serena e tranquila.
Fundação José Saramago. 18 de Junho de 2010."
Ele escrevia somente com vírgulas e pontos finais. Ele era ateu e, mesmo assim, era atrevido o suficiente para escrever sobre religião. Ele defendia o uso do idioma português como a maioria dos escritores brasileiros, portugueses e todos que conhecem esse código de linguagem único. Defendendo esse código, ele faturou o prêmio Nobel de Literatura de 1998. Algumas de suas obras são Ensaio Sobre a Cegueira, Intermitências da Morte, Evangelho Segundo Jesus Cristo, Todos os Nomes e Caim.
O português José Saramago nasceu em 1922, viu a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, conheceu os jornais portugueses ao longo da carreira e traduziu experiências humanas em situações extremas em suas ficções. O escritor era tão situado em seu tempo que criou, inclusive, um blog, chamado O Caderno. Não parou no tempo e traduziu suas ideias para um site, não ficando preso no papel.
Era um intelectual antigo, de 87 anos, no mundo moderno. No último post dele em seu blog, reclamou da falta de filosofia do mundo, na falta de pensamentos profundos das pessoas. Sua afirmação era verdade pelas reações à sua morte no twitter hoje, oscilando entre brincadeiras impróprias e reações realmente emocionadas.
O português José Saramago nasceu em 1922, viu a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, conheceu os jornais portugueses ao longo da carreira e traduziu experiências humanas em situações extremas em suas ficções. O escritor era tão situado em seu tempo que criou, inclusive, um blog, chamado O Caderno. Não parou no tempo e traduziu suas ideias para um site, não ficando preso no papel.
Era um intelectual antigo, de 87 anos, no mundo moderno. No último post dele em seu blog, reclamou da falta de filosofia do mundo, na falta de pensamentos profundos das pessoas. Sua afirmação era verdade pelas reações à sua morte no twitter hoje, oscilando entre brincadeiras impróprias e reações realmente emocionadas.
quarta-feira, junho 09, 2010
Botão ligado emperrado
Me torno um humano emburrecido,
Uma nervura ensadecida,
Olheiras dispostas, carne composta
Pelo passar das horas, ornada
Pela atividade sem cessar.
Uma nervura ensadecida,
Olheiras dispostas, carne composta
Pelo passar das horas, ornada
Pela atividade sem cessar.
terça-feira, junho 08, 2010
Preenchimentos diferentes
Sozinho, indeciso, indeterminado, desiludido,
Não existe príncipes em castelos encantados,
Nem homens perfeitos, arrumados.
Sobram os preenchimentos para este vazio
Que me cerca, que me parece perfeito
Para um novo companheiro,
Ou uma noite de loucura, fora da amargura
Desse conjunto vazio.
Mas noto que há presenças,
Há amizades, há diferenças
Entre o que a realidade me mostra
E as minhas carências.
Há carências em todos os lugares
E satisfações em medidas distintas,
Há sensações em rostos únicos
Misturados com momentos mudos
De puro preenchimento.
E ir no cinema com a namorada, ou namorado,
Limita o número de filmes possíveis,
E, entre beijos, às vezes preciso olhar para os lados,
Não trocar saliva, procurar um sentimento infantil,
Um cantil de água para tomar fôlego
E conviver com preenchimentos únicos,
Diferentes.
Para Mariana Bruno
Não existe príncipes em castelos encantados,
Nem homens perfeitos, arrumados.
Sobram os preenchimentos para este vazio
Que me cerca, que me parece perfeito
Para um novo companheiro,
Ou uma noite de loucura, fora da amargura
Desse conjunto vazio.
Mas noto que há presenças,
Há amizades, há diferenças
Entre o que a realidade me mostra
E as minhas carências.
Há carências em todos os lugares
E satisfações em medidas distintas,
Há sensações em rostos únicos
Misturados com momentos mudos
De puro preenchimento.
E ir no cinema com a namorada, ou namorado,
Limita o número de filmes possíveis,
E, entre beijos, às vezes preciso olhar para os lados,
Não trocar saliva, procurar um sentimento infantil,
Um cantil de água para tomar fôlego
E conviver com preenchimentos únicos,
Diferentes.
Para Mariana Bruno
quarta-feira, maio 19, 2010
Na beira
Passo fio a fio em margem a imensidão
E ao som de jazz e blues
vou deixando essa desilusão.
Em passos
Neles vejo o mar.
Apagando pegadas.
Ao me chamar,
a doce mãe do oceano
embala um som.
O lamento de seus filhos,
esquecidos.
E a bateria,
imita meu coração.
Como ele poderia saber que é tão triste?
Como eu poderia saber que é tão belo?
E ao som de jazz e blues
vou deixando essa desilusão.
Em passos
Neles vejo o mar.
Apagando pegadas.
Ao me chamar,
a doce mãe do oceano
embala um som.
O lamento de seus filhos,
esquecidos.
E a bateria,
imita meu coração.
Como ele poderia saber que é tão triste?
Como eu poderia saber que é tão belo?
segunda-feira, abril 05, 2010
domingo, março 28, 2010
Pares atraentes
Não se encaixam, não são quebras-cabeças,
Não são cabras a serem adestradas, patas de um bicho
Decupável, classificável no reino dos nichos
Das espécies, biologias dos ridículos
Rebanhos de ovelhas adestradas.
Pares atraentes são como véus em queda,
Cascas finas de transformação, vê-las instáveis
Na completa escuridão,
Pares atraentes são delicados, são frágeis
Como o ágil pensar
E o difícil sentir.
Não são cabras a serem adestradas, patas de um bicho
Decupável, classificável no reino dos nichos
Das espécies, biologias dos ridículos
Rebanhos de ovelhas adestradas.
Pares atraentes são como véus em queda,
Cascas finas de transformação, vê-las instáveis
Na completa escuridão,
Pares atraentes são delicados, são frágeis
Como o ágil pensar
E o difícil sentir.
sábado, fevereiro 20, 2010
Hipnodança
Dance, dance, hipnodança
A vírgula de olhos hipnotireóidicos
O palhaço estreou na dança
Atravessada em sua garganta, uma lança
Minhas mãos, hipercalejadas
E meus olhos, hiperdilatados
Da êxtase o vinho dos deuses
Eu ponho a venda os olhos
É um maligno affair, orgia orquestrada
Já não preciso mais sentir
Só sei é curtir
Dance a dança
Hipnodança
Hipnofálica
Hipnodrástica
Hipnomágica
A vírgula de olhos hipnotireóidicos
O palhaço estreou na dança
Atravessada em sua garganta, uma lança
Minhas mãos, hipercalejadas
E meus olhos, hiperdilatados
Da êxtase o vinho dos deuses
Eu ponho a venda os olhos
É um maligno affair, orgia orquestrada
Já não preciso mais sentir
Só sei é curtir
Dance a dança
Hipnodança
Hipnofálica
Hipnodrástica
Hipnomágica
Originalmente havia um sentido
Aqui deixo meu veredicto
Sobre aquele místico que já se foi
Naquele dia que já não existe
Com suas lembranças já apagadas
Se algum dia hei de abandonar em desalento
Não posso julgar tanto quanto demonstro
Acho que às vezes esconde-se em mim
Um monstro
A propósito final
A agulha fatal
Me concede um ponto doce
Ignore-me ou desmorone-se
Sobre aquele místico que já se foi
Naquele dia que já não existe
Com suas lembranças já apagadas
Se algum dia hei de abandonar em desalento
Não posso julgar tanto quanto demonstro
Acho que às vezes esconde-se em mim
Um monstro
A propósito final
A agulha fatal
Me concede um ponto doce
Ignore-me ou desmorone-se
Aceitável Modificação
A vida passa e os carros passam
Passo mal até o fim do mês
Aceito passe e passe bem
Passe a bola ou passe a vez
(Sereno vivo e não muito longe
Da fortaleza onde já fui rei)
Passo mal até o fim do mês
Aceito passe e passe bem
Passe a bola ou passe a vez
(Sereno vivo e não muito longe
Da fortaleza onde já fui rei)
terça-feira, fevereiro 16, 2010
Estantes
Somos como dois livros, sabe?
Nos damos bem quando possuímos intertextos,
Trocamos citações, conceitos, argumentações,
Parecemos pinturas com tintas misturadas,
Parecemos links de internet, texto com contexto.
Mas temo
Quando estamos em estantes opostas,
Separados por outros escritos, entrepostos
De confusões temáticas, de línguas estáticas,
Pouco congruentes, sem a continuidade da letra,
Do amor entre e com palavras.
Nos damos bem quando possuímos intertextos,
Trocamos citações, conceitos, argumentações,
Parecemos pinturas com tintas misturadas,
Parecemos links de internet, texto com contexto.
Mas temo
Quando estamos em estantes opostas,
Separados por outros escritos, entrepostos
De confusões temáticas, de línguas estáticas,
Pouco congruentes, sem a continuidade da letra,
Do amor entre e com palavras.
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
Vida a dois
Não é uma reunião atroz,
É uma conjunção, uma assembléia a sós,
Com corpos misturados, rastros de sentidos,
Comunicação empírica, reino dos duplos sozinhos.
sexta-feira, fevereiro 12, 2010
Uma poesia por segundo
Se perde no trânsito do cotidiano urbano.
Se retrái no concreto desumano.
Ressoa pelos ventos interioranos.
Dissipa na brisa da praia.
Se perde no fôlego da minha fala.
Se retrái no concreto desumano.
Ressoa pelos ventos interioranos.
Dissipa na brisa da praia.
Se perde no fôlego da minha fala.
Grupo, sopa do mundo, colher
Estava imerso em um caldo de galinha,
Misturado aos meus amigos poetas, no molho
Do processo criativo, agora estou no ocioso
Período artístico, escrevendo
Sozinho.
Misturado aos meus amigos poetas, no molho
Do processo criativo, agora estou no ocioso
Período artístico, escrevendo
Sozinho.
Batman
Trauma de pais, trauma dos males,
Morcego ridículo, noite sem ritmo,
Voz rouca, filmes no lodo, na chuva,
No mofo, na caverna, na taberna
Sem cerveja ou poderes,
Sem muitos dizeres.
Batendo em palhaço maluco,
Correndo da polícia, em surto,
Eis o amor cego noturno,
O morcego.
Morcego ridículo, noite sem ritmo,
Voz rouca, filmes no lodo, na chuva,
No mofo, na caverna, na taberna
Sem cerveja ou poderes,
Sem muitos dizeres.
Batendo em palhaço maluco,
Correndo da polícia, em surto,
Eis o amor cego noturno,
O morcego.
Perdi o texto
Perdi
a
cifra
da
frase
e
poesia
na
síntese.
Perdi a tese sim, porque a cifra da viola
Não se encontra na frase adequada.
Incompletei a música. Sentença e contexto. Meu texto.
a
cifra
da
frase
e
poesia
na
síntese.
Perdi a tese sim, porque a cifra da viola
Não se encontra na frase adequada.
Incompletei a música. Sentença e contexto. Meu texto.
Super-Homem
Alien adotado como protetor nacional,
Estrangeiro sem passado e nem futuro
Com um comportamento presente estranho:
Vale (a pena) salvar um gato no telhado,
Enquanto ele pode ver todos nus pelos olhos
Vermelhos e censores, protetores?
Estranho no ninho, podia pulverizar o franzino
Homem, diante do seu poderio.
Estrangeiro sem passado e nem futuro
Com um comportamento presente estranho:
Vale (a pena) salvar um gato no telhado,
Enquanto ele pode ver todos nus pelos olhos
Vermelhos e censores, protetores?
Estranho no ninho, podia pulverizar o franzino
Homem, diante do seu poderio.
Homem-Aranha
Grudado no telhado, grudado nos livros,
Grudado na vizinha desejada, grudado nos quadrinhos,
Desgrudado do pudor ao ridículo, herói inseto mísero,
Pula através de cordas até o céu maldito
Do dia risível em que um lunático vai trocar
O estável pelo duvidoso.
Homem que toca ladrilhos, magro de repuxar pele até as costelas,
Seus sentidos são uma lanterna diante do perigo.
Grudado na vizinha desejada, grudado nos quadrinhos,
Desgrudado do pudor ao ridículo, herói inseto mísero,
Pula através de cordas até o céu maldito
Do dia risível em que um lunático vai trocar
O estável pelo duvidoso.
Homem que toca ladrilhos, magro de repuxar pele até as costelas,
Seus sentidos são uma lanterna diante do perigo.
Quadrinhos
Por que narrar?
Se posso esticar balões, quadrados, losangos, formas geométricas,
Rascunhar uma silhueta, rabiscar uma barba, dar uma noção em etapas
Ilustrativas para o que pretendo mencionar, registrar?
Se posso esticar balões, quadrados, losangos, formas geométricas,
Rascunhar uma silhueta, rabiscar uma barba, dar uma noção em etapas
Ilustrativas para o que pretendo mencionar, registrar?
Micropoesia
É coisa de poeta pouco desenvolvido,
Ou de gente pouco louca,
É pedaço mal-acabado do cotidiano,
Ou universo selado num imenso nada,
Definitivamente é indefinição de poeta
Porco na atitude, porco.
Ou de gente pouco louca,
É pedaço mal-acabado do cotidiano,
Ou universo selado num imenso nada,
Definitivamente é indefinição de poeta
Porco na atitude, porco.
Interrompa o jornalismo
Pare as rotativas, os sites de fofocas, as pautas escabrosas,
Abram as janelas das redações e cultuem
A não-expressividade, a falta de fato, o tato sem objeto.
Abram as janelas das redações e cultuem
A não-expressividade, a falta de fato, o tato sem objeto.
Paixão por baquetas
Ritmo perneta, ou com dois pés num pedal duplo,
Dos surdos aos bumbos, quebrando pratos,
Tenho uma percussão com ritmo, mesmo
Aos socos, nos descompassos.
Dos surdos aos bumbos, quebrando pratos,
Tenho uma percussão com ritmo, mesmo
Aos socos, nos descompassos.
domingo, fevereiro 07, 2010
Funkeiro
Músico do ritmo, da guitarra sem muito estrindente,
Do gingado do baixo, da bateria em ritmo alternado,
Podendo flertar com o soul, sendo sempre música preta
Na história vermelha dos pretos.
Do gingado do baixo, da bateria em ritmo alternado,
Podendo flertar com o soul, sendo sempre música preta
Na história vermelha dos pretos.
Falta de arte
Disparate ao verdadeiro sentido da vida,
Aparato de auto-destruição, vendeiro sem produto,
Campeiro sem arbusto.
Aparato de auto-destruição, vendeiro sem produto,
Campeiro sem arbusto.
sexta-feira, janeiro 29, 2010
Pavor
O medo acompanha a vida,
como quem anda em par.
De mãos dadas,
as esquinas,
avenidas
nas cozinhas
e aviões.
O medo é mansinho,
pequenino,
delicado.
Até ver que a vida pode se afastar,
ir embora,
e não voltar.
Então ele enfurece,
cresce,
engole!
Fica maior que a vida.
Ela então grita,
geme,
pois teme o medo
e treme.
como quem anda em par.
De mãos dadas,
as esquinas,
avenidas
nas cozinhas
e aviões.
O medo é mansinho,
pequenino,
delicado.
Até ver que a vida pode se afastar,
ir embora,
e não voltar.
Então ele enfurece,
cresce,
engole!
Fica maior que a vida.
Ela então grita,
geme,
pois teme o medo
e treme.
segunda-feira, janeiro 11, 2010
Árvore
Não consigo pensar em ninguém
Que tenha ficado em silêncio
A vida toda
Mas consigo ver
Através de teus olhos verdes
Uma folha cadente
Condescendente
Ousa ficar em pé
Até mesmo sob gentil brisa
Que balança a maré
Prefere guardar silêncio, imóvel
Todo segredo a ti confiado
Feliz encobre
É por isto que és Árvore
e eu, Homem
Que tenha ficado em silêncio
A vida toda
Mas consigo ver
Através de teus olhos verdes
Uma folha cadente
Condescendente
Ousa ficar em pé
Até mesmo sob gentil brisa
Que balança a maré
Prefere guardar silêncio, imóvel
Todo segredo a ti confiado
Feliz encobre
É por isto que és Árvore
e eu, Homem
sexta-feira, janeiro 08, 2010
Atração claustrofóbica
Adrenalina, adrenalina, esfrega o corpo e alucina,
Sexo em lugar inapropriado, sigo meu faro e seus passos,
Adrenalina, perde a linha, narcotiza a morfina,
Sinta o proibitivo no labirinto.
Sexo em lugar inapropriado, sigo meu faro e seus passos,
Adrenalina, perde a linha, narcotiza a morfina,
Sinta o proibitivo no labirinto.
quinta-feira, dezembro 31, 2009
Universo de Tolkien
Dos senhores negros, dos elfos em desespero,
Dos pequeninos e dos anéis, dos poderes dos reis,
Das colinas, dos vales, das magias em cálices
Adormecidos na mente acadêmica
Fantasiosa de um velho e seu cachimbo.
Guerras, amores, deuses, conceitos,
Cultura envolta nos preceitos
Do universo de Arda, munido
De fuga da realidade, misantropo
E reconhecível a todos.
Dos pequeninos e dos anéis, dos poderes dos reis,
Das colinas, dos vales, das magias em cálices
Adormecidos na mente acadêmica
Fantasiosa de um velho e seu cachimbo.
Guerras, amores, deuses, conceitos,
Cultura envolta nos preceitos
Do universo de Arda, munido
De fuga da realidade, misantropo
E reconhecível a todos.
Radiofonia
Vozes frias, ou seriam quentes?
Pulsos elétricos que tocam meus ouvidos,
São guiados pelos neuróticos neurônios,
Será que o locutor mente?
Forma rápida de jornalismo,
Compacto de fofoca,
Seria o resumo do cinismo?
Pulsos elétricos que tocam meus ouvidos,
São guiados pelos neuróticos neurônios,
Será que o locutor mente?
Forma rápida de jornalismo,
Compacto de fofoca,
Seria o resumo do cinismo?
domingo, dezembro 27, 2009
Cruzar São Paulo
Marginais entupidas, quebras embutidas
Nas avenidas e periferias preferidas
Da feira de cidadãos, da ceia dos ladrões,
Cerceando e ceifando a liberdade.
Nas avenidas e periferias preferidas
Da feira de cidadãos, da ceia dos ladrões,
Cerceando e ceifando a liberdade.
domingo, dezembro 20, 2009
Marginais de São Paulo
Presas pelo corredor de carros,
Pelo fluídos combustíveis,
Pelas carcaças substituíveis
Dos carros.
Irrigadas pelas águas lodosas,
Irritadas por temperamentos implosivos,
Agitadas por gritos inexpressivos.
Pelo fluídos combustíveis,
Pelas carcaças substituíveis
Dos carros.
Irrigadas pelas águas lodosas,
Irritadas por temperamentos implosivos,
Agitadas por gritos inexpressivos.
quinta-feira, dezembro 17, 2009
Depois do trabalho
Eu chego em casa, sou grosso de graça,
Bato porta, piso firme, faço caras e mexo a boca,
Desenboco desaforos aéreos, falo em som estéreo,
Sussurro em mono, resmungo.
Bato porta, piso firme, faço caras e mexo a boca,
Desenboco desaforos aéreos, falo em som estéreo,
Sussurro em mono, resmungo.
Rastejar
O arrastar do tempo me desgasta,
Peço ajuda ao leito que me arrasa,
Encontro-me derrubado pelos feitos,
Procuro pistas nos fatos.
Estupefato de tanto ler,
Envesgo-me sem foco,
Tenho estrábicos sentimentos
Sobre como me manter
Em solo frio.
Peço ajuda ao leito que me arrasa,
Encontro-me derrubado pelos feitos,
Procuro pistas nos fatos.
Estupefato de tanto ler,
Envesgo-me sem foco,
Tenho estrábicos sentimentos
Sobre como me manter
Em solo frio.
Bola da Foca
Elaborei como uma rima gozada
Encostado com a cabeça no vidro do ônibus,
Não imaginei que sua notoriedade se traduz
Por umas idéias simples postas em prática.
Trata-se de um blogue de pseudo-jornalistas
Para um proto-público, nu diante das falhas
Diárias e retardatárias de um coletivo
Esperto.
Encostado com a cabeça no vidro do ônibus,
Não imaginei que sua notoriedade se traduz
Por umas idéias simples postas em prática.
Trata-se de um blogue de pseudo-jornalistas
Para um proto-público, nu diante das falhas
Diárias e retardatárias de um coletivo
Esperto.
quarta-feira, dezembro 16, 2009
Bang-bang italiano
Mestiço do mediterrâneo,
Mulato do Brasil,
Que maltrata os conterrâneos,
Os escravos sem vil comportamento,
Nem hostil envolvimento.
Mistureba de tiros,
Juba escalpelada na caça, no rio,
Pizzaiolos malucos munidos de facas,
Adaga no peito da pureza, duelo babaca.
Mulato do Brasil,
Que maltrata os conterrâneos,
Os escravos sem vil comportamento,
Nem hostil envolvimento.
Mistureba de tiros,
Juba escalpelada na caça, no rio,
Pizzaiolos malucos munidos de facas,
Adaga no peito da pureza, duelo babaca.
terça-feira, dezembro 15, 2009
Título Atrativo
(Insira um título atrativo)
Exponha toda sua angústia
É tudo o que pede o poema
O que seus pulsos abertos lhe falam
Insira aqui
Uma estrofe para acompanhar
Os sentimentos a rimar
E aparecem tilintantes
Os desejos que antes
Te faziam despótico
Mais que um dilema
Este morfema
É ilusão de ótica
Pouca prática
Com a mais perfeita possível
Notável prolixidão utópica
Deixa a marca de ouro
O final filosófico.
Exponha toda sua angústia
É tudo o que pede o poema
O que seus pulsos abertos lhe falam
Insira aqui
Uma estrofe para acompanhar
Os sentimentos a rimar
E aparecem tilintantes
Os desejos que antes
Te faziam despótico
Mais que um dilema
Este morfema
É ilusão de ótica
Pouca prática
Com a mais perfeita possível
Notável prolixidão utópica
Deixa a marca de ouro
O final filosófico.
quinta-feira, dezembro 03, 2009
Bem...
Muitos vão estranhar o fato de eu postar no blog....o fato é que eu não esqueci dele...só não andava escrevendo...
Outros vão estranhar o texto....e este é mesmo de se estranhar....
Mas depois agente conversa melhor sobre ele, só uma coisa a dizer....personagem nova na área.
Beijos
É bom revê-los...
Perfeita Imperfeição
Hoje tenho trinta anos e sou absolutamente satisfeita e feliz.
Aliás, como todo mundo a minha volta.
Tenho um marido maravilhoso que me ama muito. Nunca tive um coração partido, nenhuma desilusão, nunca me senti só.
Meu trabalho é exatamente o que desejei, só faço aquilo que sempre quis, ganho mais que o suficiente para me sentir bem. Nunca levei uma bronca do meu chefe, nem me sinto pressionada com prazos e metas.
Esse é o único mundo que conheço.
Não tenho filhos, pois ainda não os quis, mas se quisesse poderia tê-los, quantos fossem, e seria capaz de criá-los e educá-los como qualquer outra.
Nunca tive uma tranza ruim. Nunca lamentei a ausência de um orgasmo.
Até porque, satisfação sexual própria e do parceiro por aqui é assunto de escola, matéria regular e obrigatória.
Falando em escola, isso me lembra que ela era maravilhosa, interessante em todos os aspectos. Os professores não podem dar aulas entediantes, nem chatear seus alunos, pois todos têm de estar felizes.
Meus pais foram os mais amorosos e presentes o possível, pais bem treinados para fazerem seus filhos felizes. Eles são da última geração a conviver com a transição.
A sociedade mais feliz do mundo! Esta em todos os muros da cidade, limpa e cheia de cidadãos gentis.
Pois a mim a palavra felicidade não diz nada, somente é a única realidade que conheço.
Não sei o que é ser triste, só, sentir dor, angústia, ou qualquer um desses sentimentos que nos tornem pessoas melancólicas, nem ao menos sei o que essas palavras significam.
Tragédias não nos dizem respeito, portanto não são veiculadas, não por serem proibidas, não seria preciso, ninguém as compra. Quem gostaria de ser visto sorvendo algo tão mórbido?
Não sei se felicidade é bom.
Sei que é comum, banal, cotidiano, é tudo que me rodeia.
Por aqui estar alegre, ser feliz é lei.
Todos te fazem feliz, queira você ou não.
Meu avô é anterior a lei da felicidade, me disse que quando era criança as pessoas choravam.
Choravam de tristeza!
E que um sorriso sincero era tão raro, que era considerado uma das coisas mais preciosas que poderiam existir. Devia ser lindo.
Pra mim o sorriso é uma coisa tão corriqueira, que não tem o menor valor.
Gostaria que as pessoas entendessem o que essa ausência de tristeza me causa, essa inexpressividade, esse tédio.
Ser alegre é neutro.
Não me entenda mal!
Não quero o retorno das guerras, da fome, da desigualdade, ou de nenhum desse males que segundo os livros de história, maltratavam as pessoas do passado.
Gostaria apenas de ter emoções. Saber o que significa ser feliz! Comparar a felicidade e o sofrimento, saber que rir é o contrário de chorar, não por ter lido em livros velhos, mas por ter vivido.
Quero me sentir real. Preciso saber se Sou de verdade.
Sei que algumas pessoas são capazes de se sentirem tristes com tudo que nos rodeia, mas nunca conheci alguém assim. São excluídos, tratados como doentes, nocivos a sociedade.
Eu não vejo dessa forma. Para mim eles são preciosidades. Sadios entre todos nós, loucos e obcecados com os nossos sorrisos. Eles são capazes de ver e sentir algo além da perfeição que me cerca, eles são verdadeiros, reais.
Enquanto eu nem consigo me considerar humana.
Margarethe.
Outros vão estranhar o texto....e este é mesmo de se estranhar....
Mas depois agente conversa melhor sobre ele, só uma coisa a dizer....personagem nova na área.
Beijos
É bom revê-los...
Perfeita Imperfeição
Hoje tenho trinta anos e sou absolutamente satisfeita e feliz.
Aliás, como todo mundo a minha volta.
Tenho um marido maravilhoso que me ama muito. Nunca tive um coração partido, nenhuma desilusão, nunca me senti só.
Meu trabalho é exatamente o que desejei, só faço aquilo que sempre quis, ganho mais que o suficiente para me sentir bem. Nunca levei uma bronca do meu chefe, nem me sinto pressionada com prazos e metas.
Esse é o único mundo que conheço.
Não tenho filhos, pois ainda não os quis, mas se quisesse poderia tê-los, quantos fossem, e seria capaz de criá-los e educá-los como qualquer outra.
Nunca tive uma tranza ruim. Nunca lamentei a ausência de um orgasmo.
Até porque, satisfação sexual própria e do parceiro por aqui é assunto de escola, matéria regular e obrigatória.
Falando em escola, isso me lembra que ela era maravilhosa, interessante em todos os aspectos. Os professores não podem dar aulas entediantes, nem chatear seus alunos, pois todos têm de estar felizes.
Meus pais foram os mais amorosos e presentes o possível, pais bem treinados para fazerem seus filhos felizes. Eles são da última geração a conviver com a transição.
A sociedade mais feliz do mundo! Esta em todos os muros da cidade, limpa e cheia de cidadãos gentis.
Pois a mim a palavra felicidade não diz nada, somente é a única realidade que conheço.
Não sei o que é ser triste, só, sentir dor, angústia, ou qualquer um desses sentimentos que nos tornem pessoas melancólicas, nem ao menos sei o que essas palavras significam.
Tragédias não nos dizem respeito, portanto não são veiculadas, não por serem proibidas, não seria preciso, ninguém as compra. Quem gostaria de ser visto sorvendo algo tão mórbido?
Não sei se felicidade é bom.
Sei que é comum, banal, cotidiano, é tudo que me rodeia.
Por aqui estar alegre, ser feliz é lei.
Todos te fazem feliz, queira você ou não.
Meu avô é anterior a lei da felicidade, me disse que quando era criança as pessoas choravam.
Choravam de tristeza!
E que um sorriso sincero era tão raro, que era considerado uma das coisas mais preciosas que poderiam existir. Devia ser lindo.
Pra mim o sorriso é uma coisa tão corriqueira, que não tem o menor valor.
Gostaria que as pessoas entendessem o que essa ausência de tristeza me causa, essa inexpressividade, esse tédio.
Ser alegre é neutro.
Não me entenda mal!
Não quero o retorno das guerras, da fome, da desigualdade, ou de nenhum desse males que segundo os livros de história, maltratavam as pessoas do passado.
Gostaria apenas de ter emoções. Saber o que significa ser feliz! Comparar a felicidade e o sofrimento, saber que rir é o contrário de chorar, não por ter lido em livros velhos, mas por ter vivido.
Quero me sentir real. Preciso saber se Sou de verdade.
Sei que algumas pessoas são capazes de se sentirem tristes com tudo que nos rodeia, mas nunca conheci alguém assim. São excluídos, tratados como doentes, nocivos a sociedade.
Eu não vejo dessa forma. Para mim eles são preciosidades. Sadios entre todos nós, loucos e obcecados com os nossos sorrisos. Eles são capazes de ver e sentir algo além da perfeição que me cerca, eles são verdadeiros, reais.
Enquanto eu nem consigo me considerar humana.
Margarethe.
sábado, novembro 07, 2009
Micro escrita social
É uma fatia do literal
Grito da multidão, diversão
Digital é a fama desse twitter,
Reter informação em pílula,
Ou ter acesso para a porta, pulula
Dados na tela.
Grito da multidão, diversão
Digital é a fama desse twitter,
Reter informação em pílula,
Ou ter acesso para a porta, pulula
Dados na tela.
sexta-feira, novembro 06, 2009
Superação. Supera ação.
Super reação, inversão
De papéis na cama, na lama,
Super retração, retardação,
Inflação do momento,
Larga a mão, minto e não
Desminto o mito.
Esforço contra o peso,
Encaixo seu desejo,
Vou além do ato,
Deixo vir o todo.
Era um dia super,
Num contexo líder
De fracasso, é mister
Ir além do fato, do próprio
Faro.
De papéis na cama, na lama,
Super retração, retardação,
Inflação do momento,
Larga a mão, minto e não
Desminto o mito.
Esforço contra o peso,
Encaixo seu desejo,
Vou além do ato,
Deixo vir o todo.
Era um dia super,
Num contexo líder
De fracasso, é mister
Ir além do fato, do próprio
Faro.
Inspirado na música Muros e Grades, Engenheiros do Hawaii.
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez
quinta-feira, novembro 05, 2009
Lenda
O que faz uma lenda viva
Se o solitário
Morreu na véspera
Da sua composição
Não partilho
dessa lucidez
A força é tanta
Que até me espanta
Ao girar o guarda-sol
Fractal de raios
Pretendo
manter a lenda
e canto
farei do espelho
metade
Juntar os cacos
da única obra
mais sozinha
O velho homem sabe
Que lenda vive agora
A moça que corta os pulsos
Infiel seguiu até a morte
Bebeu taças de compunção
Nada adiantou
Se o solitário
Morreu na véspera
Da sua composição
Não partilho
dessa lucidez
A força é tanta
Que até me espanta
Ao girar o guarda-sol
Fractal de raios
Pretendo
manter a lenda
e canto
farei do espelho
metade
Juntar os cacos
da única obra
mais sozinha
O velho homem sabe
Que lenda vive agora
A moça que corta os pulsos
Infiel seguiu até a morte
Bebeu taças de compunção
Nada adiantou
quarta-feira, outubro 14, 2009
a vida é costura

A vida é por um fio. Sempre.
Às vezes, um entrelaçamento de fios. Mais das vezes, embaralhados.
Viver é desfiar palavras.
João sabe disso.
Que João?
O “João por um fio”, criado pelo Roger Mello.
João tem uma história própria. Esse João. Uma história dele. Sobre ele. Uma história que ele deixou compartilhar conosco, seus leitores.
Conhecer histórias é viver também. Um cruzamento de histórias. Costuras de vida.
A história deste João começa assim:
João se pergunta, ao dormir: “Agora sou só eu comigo?”.
Pode ser, respondemos. Como pode não ser.
João sonha quando dorme. O que significa que nem sempre seja ele com ele somente. E há os leitores, claro, que o acompanham enquanto ele dorme.
Os leitores a quem cabem algumas perguntas de respostas-não-prontas:
“Onde é que se esconde a noite que beija João?”
“Quem tem medo de um gigante chamado João? Ou quando é que o gigante dorme?”
“Se João cai no sono, com que paisagens ele sonha?”
“E se o medo derrama, João é que abre a torneira?”
“Que rede segura um peixe maior que a gente?”
“De que tamanho é o furo na colcha que cobre João?”
“Como se para um furo que não para?”
De repente, eis que, num susto, João acorda, e se preocupa: “Quem desfiou minha colcha?”.
Nós, leitores, sabemos quem foi. Ou como foi que a colcha se desfiou. Mas não podemos falar a João. Não podemos porque ele precisa descobrir o desenrolar da sua colcha. Ele precisa sentir como isso aconteceu. Ele precisa aprender a costurá-la novamente.
E João mostra saber disso: “No meio do vazio viu palavras espalhadas no chão”.
Então, ele resolve costurar palavras “como retalhos numa colcha”. E, ainda mais. “Enquanto costura, João inventa uma cantiga de ninar”.
Faz mais do que imaginávamos. Surpreende-nos.
E a nós, que acompanhamos João assim de perto, fica a pergunta: “De que tamanho é a colcha de palavras que cobre João?”.
Mas não fica-nos somente esta pergunta. Por trás dela há outra, que João espertamente nos deixa:
De que tamanho é a colcha de palavras que nos cobre?
E, para respondê-la, cabe-nos fazer como João: ao sonhar, desfiar a colcha que nos cobre, abri-la, explorá-la. Expormo-nos. E, depois, costurarmos palavras que nos cobrirão novamente.
A vida são ciclos, mostra-nos João.
A vida é um se despir para se conhecer.
_ _ _
í.ta**
sexta-feira, outubro 02, 2009
Formalizar o Deformado
É escrever um poema, um resto de teorema,
Ao som e ao áudio do vídeo de Ferreira, o Gullar,
Falando do "antiformalista por excelência" para os ouvidos
Aguçados de Ivan Juqueira, beirando palavras
Das incertezas.
Faz parte da poesia brasileira, que nada tem de portuguesa,
E é verso freguês de bar barato, ato sem muito tato.
Sua destruição é a lei,
É a vez do que se desfez.
Ao som e ao áudio do vídeo de Ferreira, o Gullar,
Falando do "antiformalista por excelência" para os ouvidos
Aguçados de Ivan Juqueira, beirando palavras
Das incertezas.
Faz parte da poesia brasileira, que nada tem de portuguesa,
E é verso freguês de bar barato, ato sem muito tato.
Sua destruição é a lei,
É a vez do que se desfez.
escrever é dar a cara a tapa
publiquei artigo, na quarta-feira, no jornal "hoje", que circula por jaraguá e região.
o título do artigo é o título do post.
é sobre o escrever.
_ _ _ _ _
Escrever deveria ser sempre um incômodo.
o título do artigo é o título do post.
é sobre o escrever.
_ _ _ _ _
Escrever deveria ser sempre um incômodo.
Incomodar, segundo o Novo Dicionário Aurélio, significa, entre outras coisas, causar incômodo a, importunar, desgostar, irritar.Escrever deveria ser tudo isso, pois.
Estar incomodado é estar “levemente indisposto, constrangido”, ainda segundo o dicionário. E todo texto deveria incomodar. Incomodar o escritor e o leitor. Deixá-los indispostos, constrangidos diante do que se escreve e do que se lê.
Uma das finalidades de todo e qualquer texto, literário ou não, deveria ser esta. Já afirmara o crítico Umberto Eco, em seus “Seis passeios pelo bosque da ficção”, que “o texto é uma máquina preguiçosa que espera muita colaboração da parte do leitor”.
E essa colaboração nem sempre deve significar um ato de concordância. Contudo, não significa que deva se tornar rígida e excessivamente discordante.
Um texto cumpre com sua finalidade quando propõe um algo a mais para quem o lê. E para quem o escreve também.
Um algo a mais que reflita num pensar mais elaborado, que signifique um repensar determinado ponto de vista, ou que jogue luz sobre alguns caminhos de compreensão ainda não alcançados.
Se hoje escrevo, é por ler tantas e tantas coisas maravilhosas (e quantas ainda por ler!).
Se hoje escrevo, é porque desenvolvi em mim a pretensão de achar que através de minhas palavras as pessoas também poderiam se sentir tocadas, seja se encontrando em meus rabiscos, seja desenvolvendo uma antipatia pelos mesmos (e consequentemente por mim).
Se hoje escrevo, isso se deve ao trabalho de penso inserido nessa prática. Algo que me alimenta como sujeito. Algo em que acredito que possa alimentar a outros da mesma forma.
Se hoje escrevo é também por acreditar que esse ato possa ser contagioso.
Escrevo porque dói, e porque essa dor é minha fuga. Escrevo para me contradizer e porque ainda não encontrei melhor forma de solidão.
_ _ _
í.ta**
_ _ _
í.ta**
quinta-feira, outubro 01, 2009
O estranho dos estranhos
Vi escapar tão de repente
o trejeito no seu sim
Vi também o ai de mim
que vazou sem se tocar
Vê também que te vêem assim
por causa do teu som
Saiba que não foges aqui
14 mil a te olhar
O estranho dentro do ninho
O mais doido varrido
Um príncipe desvairado
E a moça delatada
A cobra peçonhenta
Na teia encantada
A merda que foi feita
Não serve mais de nada
Vê também quem ri de mim
Tão principe que eu sou
Saiba que aqui estou
Mais vão do que
Tu
O cálice entornado
A rosa desfolhada
A linda namorada
De lábios marejada
Desfilo na parada
Com seios de vinil
E mostro a minha cara
Pra todo o Brasil
Quero tê-lo, mas não tenho como.
o trejeito no seu sim
Vi também o ai de mim
que vazou sem se tocar
Vê também que te vêem assim
por causa do teu som
Saiba que não foges aqui
14 mil a te olhar
O estranho dentro do ninho
O mais doido varrido
Um príncipe desvairado
E a moça delatada
A cobra peçonhenta
Na teia encantada
A merda que foi feita
Não serve mais de nada
Vê também quem ri de mim
Tão principe que eu sou
Saiba que aqui estou
Mais vão do que
Tu
O cálice entornado
A rosa desfolhada
A linda namorada
De lábios marejada
Desfilo na parada
Com seios de vinil
E mostro a minha cara
Pra todo o Brasil
Quero tê-lo, mas não tenho como.
quarta-feira, setembro 23, 2009
Rock Brasileiro
É mutante, é o instável
Contratante, o faminto
Imigrante, rumo ao
Desconhecido reino do
Barão vermelho.
Engenharia havaiana
De quintal, muquirana
Forma de manifestar
Opinião, palavra perdida.
É a coca-cola de uma legião de urbanos,
É o ópio da consciência aberta ao estranho
Jeito de viver neste globo, neste ovo.
Contratante, o faminto
Imigrante, rumo ao
Desconhecido reino do
Barão vermelho.
Engenharia havaiana
De quintal, muquirana
Forma de manifestar
Opinião, palavra perdida.
É a coca-cola de uma legião de urbanos,
É o ópio da consciência aberta ao estranho
Jeito de viver neste globo, neste ovo.
quinta-feira, setembro 17, 2009
As chaves da prisão
Um pouco do teu caráter é
mau; fecha os olhos vaidoso;
puxa a venda;
decide não pertencer
a conhecer o mais negro porvir
É covarde e vai embora
sem se despedir.
A juventude que te é roubada
por quem havia de proteger
É vã, foi há tempos promessa.
Esta chaga que te adoece
cava um poço e atola na lama
faz-te penar à guisa de carma
inveja a luz que já foi tua arma!
Busca refúgio, como se fosse culpado
de um crime imaginário
Te mandam recados escandalizados
Te chamam de otário
Tudo em nome do amor
Foge de casa e esquece
a panela vazia
e a mulher que termina o seu dia
com ar de concubina
Faz tempo que se foi
Meu belo beija-flor
Não voltou mais
Preciso do teu mel
pras amarguras da vida, sim senhor
Faze loucuras tardias
Devaneio, ilusão
Atitude de perdedor
Te perguntei quais são
os sonhos que te fizeram assim...
Sem as chaves da prisão
o mundo se fez em mim
mau; fecha os olhos vaidoso;
puxa a venda;
decide não pertencer
a conhecer o mais negro porvir
É covarde e vai embora
sem se despedir.
A juventude que te é roubada
por quem havia de proteger
É vã, foi há tempos promessa.
Esta chaga que te adoece
cava um poço e atola na lama
faz-te penar à guisa de carma
inveja a luz que já foi tua arma!
Busca refúgio, como se fosse culpado
de um crime imaginário
Te mandam recados escandalizados
Te chamam de otário
Tudo em nome do amor
Foge de casa e esquece
a panela vazia
e a mulher que termina o seu dia
com ar de concubina
Faz tempo que se foi
Meu belo beija-flor
Não voltou mais
Preciso do teu mel
pras amarguras da vida, sim senhor
Faze loucuras tardias
Devaneio, ilusão
Atitude de perdedor
Te perguntei quais são
os sonhos que te fizeram assim...
Sem as chaves da prisão
o mundo se fez em mim
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