sexta-feira, outubro 05, 2007

Linhas inscritas em uma taça feita de um crânio

Não fuja – nem julgue a fuga de meu espírito:
em mim vejo o único crânio
do qual, diferente de uma cabeça viva,
tudo o que flui nunca é estúpido.

Vivi; amei; bebi – como tu;
morri: deixe à terra meus ossos resignarem-se;
complete-me! – tu não podes ferir-me;
o verme tem lábios mais nojentos que os teus.

Antes manter meu legado vivo
à acalentar a viscosa ninhada do verme;
e circular em torno da taça
a bebida dos deuses à comida dos répteis.

Onde uma vez brilhou meu pensamento,
em benefício de outros deixe, de novo, mostrar-se;
e quando, infelizmente, nossos cérebros forem-se,
qual mais nobre substituto que o vinho?

Beba enquanto pode; outra ossada,
quando tu e os teus forem como eu,
podes salvar-te do abraço da terra,
para rimarem e deleitarem-se com morte.

Por que não – já que durante a curta vida
nossas cabeças tão tristes efeitos produzem?
Redimidos dos vermes e da infértil terra,
essa chance é a delas serem úteis.

31/10/2006.

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Esta tradução é de um poema escrito por Lord Byron - Lines Inscribed Uppon a Cup Made of Skull - do qual gosto muito. É uma sátira sobre um crânio encontrado na Abadia herdada por ele onde foi esculpida uma taça. Falta muita coisa nesta tradução: rimas e métricas. Perdão, mas ainda não tive paciência para remontá-la. Obrigado.

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Pois é... faz tempo que não falo a respeito dele, mas o quase-blog que criei - O Monólogo de uma Sombra - foi atualizado. Postei alguns textos que gosto bastante. Não me perguntem porque diabos resolvi colocar coisas lá, não fechá-lo: não sei. Simplesmente quis. Além do deviantART, queria ter algum outro meio de publicar minhas coisas (sem desmerecer o BlueWriters, mas desejava algo meu).

A url está ao lado, nos sites relacionados deste mesmo blog. Quem quiser visitar, agradeço.

2 comentários:

Pedro Zambarda disse...

Eu ainda vou importar um livro de Byron. De longe, é o ultraromântico mais vivido de todos.

Excelente tradução, meu amigo. Abraços!

Kadavro disse...

Ficou legal a tradução, mesmo com as 'rimas' estranhas (o que deu um ar mais livre - o que, de certo modo, era procurado pelos ultra-românticos).